Unindo imaginação, boa vontade e criatividade, é possível dar praticidade a tarefas diárias, tornando ações rotineiras mais prazerosas, eficientes e até mesmo divertidas. Essa é a proposta dos inventores contemporâneos que, devido a anos de estudos e pesquisas ou por obra do acaso, inovam e conseguem bons resultados, atendendo a demanda atual.
Destinadas a vários gostos e necessidades, as criações são diversas e a maioria delas estão reunidas na Associação Nacional dos Inventores (ANI), entidade sediada em São Paulo, bairro de Perdizes, e fundada em 1996. Conhecido como Inventolândia, o local é o mostruário de feitos de gênios brasileiros e alguns internacionais e trabalha assessorando os que têm boas idéias, porém com dificuldades para colocá-las em prática.
Uma delas é a lixeira para reciclagem, desenvolvida por Paulo Henrique e Fabiano Machado. Trata-se de um novo conceito de coleta coletiva, onde os recipientes são embutidos em paredes de casas ou prédios com a mesma função das lixeiras tradicionais. Ela possui separação por tipo de material, porém os dejetos são conduzidos para dutos inclinados para o depósito de armazenamento com divisórias internas. Outro preocupado com o meio ambiente é Emerson Antonio Kumabe, inventor do endurecedor de óleo. “Sempre fiquei indignado com a falta de cuidado que as pessoas têm com a natureza, então pesquisei uma forma menos agressiva de descartar o óleo de cozinha e cheguei a um derivado em pó da mamona que o deixa sólido e assim é mais fácil excluí-lo sem prejudicar o meio”, relata.
Sendo a economia um fator de grande sucesso, o chuveiro a cartão de Mário Godinho é bastante interessante, pois o usuário precisa comprar créditos em um cartão pré-pago para tomar o banho que é temporizado. Grandes empresas e academias são seus principais consumidores. O medidor de consumo de energia elétrica, de Anderson Lima, é bastante útil para quem deseja economizar dinheiro todo mês, com um dispositivo instalado na rede elétrica e controlado por um software. Os cálculos são melhor se planejados. Assim como o gerenciador e controlador de consumo de água de André dos Santos Silva, que promete acabar com o desperdício e gastos excessivos ocasionados por vazamentos nas tubulações.
Inicialmente, todos os novos inventos precisam ser registrados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, o INPI, para que sejam concedidas patentes e os produtos se tornem marcas. Dessa forma, todos os lucros obtidos com sua venda são por direito de seus respectivos inventores. A partir daí, inicia-se o processo de apresentação e negociação junto a empresários, que eventualmente possam se interessar por essas tecnologias e investir em sua fabricação em massa. É possível também buscar parcerias e sociedades para que as ideias não sejam meros projetos, devido à insuficiência de capital.
“Trabalho com o marketing para que esses inventores sejam conhecidos e reconhecidos. Sou uma espécie de parceiro deles”, afirma o presidente e fundador do Museu das Invenções, Carlos Mazzei. “O importante é acreditar na sua ideia, nós ajudamos a viabilizar e colocar esses produtos no mercado, o que leva cerca de um ano”, concorda Daniela Mazzei, gerente geral da instituição.
Inventor é observador,
inquieto e de percepção
quase sempre aguçada.
Quem preza o funcional descobre no despertador inteligente, criado por Julio César Souza da Silvia, uma forma de não incomodar o sono alheio. “Eu criei um sistema de alarme wireless que pode ser acoplado ao MP3 e iPods e, quando programado, o som do despertador é ouvido apenas por quem está com o micro-ponto. Assim, ninguém é perturbado e se tem uma melhor qualidade de vida. Esse é meu intuito”, afirma em entrevista.
A máquina de gelar líquidos resfria latas de cervejas ou refrigerantes em apenas cinco minutos, o que deixa a criação de José Antônio Alves cobiçada por restaurantes, bufês e lanchonetes. É nesses ambientes que o porta guardanapos com cortador de sachês tem tido êxito. Elis Regina, a inventora, considera algo simples, mas que facilita grandemente a vida dos clientes.
Para manter a higiene bucal, Jilson Mascarenhas desenvolveu o fresh breath, um sachê com um pequeno velcro macio interno contendo uma pequena quantidade de creme dental e 40 cm de fio dental. É um minikit individual de escovação que pode ser levado em qualquer local da bolsa sem a preocupação de estar carregando um grande volume de objetos inoportunos.
Os apaixonados podem contar com a bala do beijo, de Doraci José Vodzynsky. Ele declara que para o produto funcionar são necessárias duas balas. Uma delas é ácida e outra tem sabor indefinido. O sabor real, que será sempre uma surpresa, somente aparece quando as duas pessoas se beijam. E, para os românticos de plantão, a pulseira do amor de Maria
Alice Penna é bastante curiosa. Com ela é possível saber quem será sua alma gêmea por meio da numerologia. Com um programa de computador, dados como nome completo e preferências do usuário ficam gravados na pulseira. Ligada via bluetooth, ela calculará cinco números da personalidade individual: alma, aparência, destino, expressão e dia do nascimento. Quando essa pessoa encontrar com outra, que supostamente esteja interessada para um relacionamento e que também esteja usando o adorno, saberá qual o percentual de compatibilidade com ela.
De grande maioria inteligente e algumas hilárias, essas invenções atraem o grande público. “Recebemos em torno de dois mil visitantes no museu por mês, entre crianças, adultos e turistas que visitam a cidade de São Paulo. O número de inventores varia muito, cerca de 20 por mês”, conta a assessora, Thaís Iuliano, em entrevista. É uma vertente promissora.