Equipamento de Previsão de Doenças Fúngicas

Um aparelho capaz de prever ataques de fungos a plantações poderá reduzir a utilização de agrotóxicos no país. É possível estimar a probabilidade de ocorrência desses microrganismos a partir da medição de parâmetros essenciais para que eles se alastrem, como temperatura, umidade relativa do ar, índice de chuvas e o tempo e a intensidade com que as folhas ficam molhadas. Por meio de sensores que medem esses dados, o Equipamento de Previsão de Doenças Fúngicas (EPF) indica a quantidade necessária de pulverização de fungicidas, reduzindo para até um terço do total os gastos com o tratamento.

O aparelho dispensa o uso de energia elétrica e usa bateria de 6 volts, carregada por um painel solar. O projeto, desenvolvido pelo engenheiro agrônomo Nilson Villa Nova, da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP), e pelo engenheiro eletrônico Fábio Valadão, da empresa Microdesign Informática, em Campinas (SP), ainda está em fase de acabamento.

O EPF estabelece um critério científico para pulverizações, que são feitas muitas vezes apenas a partir da observação do agricultor. As informações obtidas pelos sensores são coletadas por um microprocessador, que as codifica e apresenta para o agricultor por meio de um visor ou sistema de rádio. Os dados podem ainda ser recolhidos pelo chip de uma pulseira que é encostada no aparelho. Em seguida, as informações alimentam uma planilha de cálculo, na qual o agricultor pode programar a pulverização. O alcance do aparelho depende da topografia do terreno; em áreas planas, pode atingir 10 hectares.


Os pesquisadores explicam que o potencial de infestação de doenças fúngicas é diretamente proporcional ao número de horas que a água fica sobre as folhas. Em geral, o agricultor resolve pulverizar as plantas simplesmente porque nota que elas ficam molhadas por muito tempo. O equipamento, que opera como uma estação de alerta sanitário, evita essa tomada de decisão sem critério científico.

O projeto é pioneiro no desenvolvimento de um produto de prevenção contra fungos, feito basicamente com material brasileiro e adaptado à realidade tropical. Os aparelhos usados no país são importados, caros e exigem do agricultor conhecimento prévio das grandezas monitoradas. Outro diferencial do aparelho é a possibilidade de averiguar o índice de procriação dos insetos.

Valadão revela que só três componentes do equipamento – transdutor de umidade relativa (capta as informações e transforma em grandeza elétrica), pluviômetro (mede a quantidade de chuva) e caixa do abrigo do termohigrômetro (mede a umidade relativa do ar e temperatura) são importados, porque são produzidos em escala mundial, com preços compatíveis e boa qualidade. O restante é fruto da tecnologia nacional. A equipe da Microdesign desenvolveu os circuitos eletrônicos utilizados nos sensores do molhamento foliar e os do termohigrômetro, pois os convencionais existentes no mercado não atendiam às especificações do projeto

Protótipos do EPF estão sendo testados em universidades e centros de pesquisa. “Estamos trabalhando em uma infraestrutura que ofereça assistência técnica, ao contrário do que ocorre com os importados, e ainda a um baixo custo”, explica Villa Nova. “O aparelho pode contribuir para uma agricultura sustentada, reduzindo poluição, custos e riscos de saúde para o usuário”, acrescenta Valadão.

Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n219.htm

http://www.fapesp.br/tecnolog566.htm

acesso em fevereiro de 2002

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