A espinheira Santa (Maytenus ilicifolia) é nativa de muitas partes da América do Sul e sudeste do Brasil. Há muitas espécies de Maytenus que são nativas da região do Amazonas que são usadas medicinalmente por tribos nativas, incluindo a tribo Chuchuhuasi. É uma das poucas plantas medicinais, sul americanas tropicais que foi o assunto de tantos estudos clínicos, por sua eficácia em tratar úlceras e câncer com começo de pesquisa tão cedo quanto o início dos anos 60. A pesquisa prévia revelou a presença de compostos com ação antibiótica e anti tumor em dosagens muito baixas. Dois destes compostos, maytansine e mayteine, foram testados em pacientes de câncer nos Estados Unidos e a América do Sul nos 1970. Embora houvesse algumas regressões significativas nos casos de carcinomas de ovário e em alguns linfomas com o Maytansine, a pesquisa não foi continuada devido a toxidade nas dosagens usadas. A pesquisa com o composto de Mayteine, revelou pouca ou nenhuma toxidade e eficácia no tratamento de câncer da pele.
Embora com comprovada eficácia no tratamento de alguns tipos de câncer, seu uso bem popular foi para o tratamento de úlceras, indigestão e gastrite crônica com registros de uso para estes propósitos datando de 1930. Suas capacidades como anti úlcerogênico foram demonstradas num estudo de 1991 que mostrou que um simples chá de água quente com extrato da Espinheira Santa consegue ser tão eficiente quanto dois dos principais líderes do mercado de drogas anti úlcera, Ranitidine (Zantactm) e Cimetidine (Tagamenttm) e que foi mostrado causar um aumento em volume e PH de suco de gástrico. Os estudos de Toxicologia também foram publicados em 1991 que demonstrou a segurança do uso planta sem efeitos colaterais.
Há alguns anos, quem percorresse o Sudeste e Sul do País, especialmente o Paraná, não teria dificuldade para encontrar exemplares da Espinheira Santa. No final da década de 80, a Central de Medicamentos (Ceme) divulgou um estudo oficial no Journal of Ethnofarmacology em que comprovava as propriedades terapêuticas do produto. Foi o início de uma corrida predatória que praticamente fez a planta sumir da região. Afirma-se que boa parte do material foi enviado a pequenos e grandes laboratórios no estrangeiro.
A Espinheira Santa tem crescimento lento e só permitiria uma colheita anual de suas folhas. O processo selvagem de extração acabou com a possibilidade de reposição natural das reservas nativas. A propaganda em torno dos milagres da planta fez com que falsos medicamentos – à base, por exemplo, de folhas de abacate moídas – fossem vendidos por lojas especializadas e marreteiros.
A pesquisa vem sendo comandada desde a década de 80 pelo professor da Psicofarmacologia Elisaldo Carlini. Sua equipe conseguiu comprovar que a planta tem uma ação contra a úlcera gástrica (no estômago). “O produto não se mostrou tóxico em animais e protegeu ratos contra três tipos de úlcera experimental”, relata Carlini. Com os dados fornecidos pela equipe da Unifesp, o extrato está sendo preparado e testado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que também assinou o depósito de patente. “A parceria é a melhor saída tanto para as universidades como para os laboratórios”, diz Pedro Petrovick, professor titular da Faculdade de Farmácia da UFRGS.
Fonte: http://www.rain-tree.com/espinheira.htm
http://www.estado.estadao.com.br/edicao/especial/plantas/jui5.html
http://www.unifesp.br/comunicacao/jpta/ed120/pesq1.htm
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/225/economia/225_patentes_100_brasileiras.htm
acesso em dezembro de 2001