Diagnóstico da Pinta Preta

A pinta preta, doença que afeta folhas e frutos de laranjas, pomelos, limões e alguns tipos de tangerina, já pode ser detectada com mais precisão. Pesquisadores desenvolveram um kit diagnóstico para evitar que frutas contaminadas sejam exportadas e rejeitadas pelo mercado internacional, o que causa grandes prejuízos aos produtores brasileiros. A pesquisa, realizada desde 1998, é resultado da parceria entre o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A doença é causada por uma linhagem patogênica do fungo Guignardia citricarpa, que penetra na fruta e causa o surgimento de pintas na superfície externa e nas folhas. A pinta preta não provoca alterações no tamanho e no gosto da fruta e o seu consumo não é prejudicial ao homem.

 

O fungo também apresenta uma segunda linhagem chamada endofítica que, apesar de características morfológicas similares às da patogênica, não provoca as manchas. “Essa linhagem não causa a doença e, mesmo assim, as laranjas são rejeitadas, pois o fungo é detectado durante os testes”, explica João Lúcio de Azevedo, pesquisador da Esalq que coordena o estudo.

O kit diagnóstico recorre à genética para identificar a linhagem patogênica do fungo. “Se a laranja estiver contaminada, ao extrairmos o seu DNA, detectaremos também o do fungo”, descreve Araújo. O kit é constituído por um conjunto de primers (sequências de DNA que auxiliam na amplificação in vitro de um gene), pela máquina termocicladora (programada para aquecer e esfriar soluções em poucos segundos) e por uma enzima (Taq-DNA polimerase), entre outros compostos. A sequência de DNA característica da linhagem patogênica do fungo é identificada por meio de uma reação enzimática.

O kit diagnóstico difere do já existente no mercado por identificar apenas a linhagem patogênica do fungo presente na fruta, mesmo na ausência dos sintomas da doença. Segundo Azevedo, o kit é simples, barato e rápido. “O resultado é obtido no mesmo dia”, afirma. “Os diagnósticos usados atualmente levam cerca de dez dias para identificar o fungo.” A África do Sul, que também sofre do problema da pinta preta, demonstrou interesse pelo kit diagnóstico. Os pesquisadores já registraram o pedido de concessão da patente.

 

Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n307.htm

 

acesso em fevereiro de 2002

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