O inseticida natural contra a cigarrinha da cana-de-açúcar desenvolvido pelo Centro Experimental do Instituto Biológico, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, já foi repassado para quatro laboratórios paulistas, criados e instalados em municípios produtores de cana: Biocana, de Pontal; Biocontrol, de Sertãozinho; MethaVida, de Catiguá; e Usina Univalem, de Valparaíso. O inseticida natural também será fabricado pela Usina Delta, na cidade de mesmo nome, em Minas Gerais. Todos terão o apoio do Centro Experimental do Instituto Biológico. A tecnologia é resultado de trabalho de grupo composto por 12 pesquisadores e criado em maio de 2000, financiado pela FAPESP, e coordenado pelo professor Antônio Batista Filho, diretor do Centro Experimental do Instituto Biológico. O grupo trabalha com um bioinseticida à base do fungo Metarhizium anisopliae , patógeno para a cigarrinha, que apresenta grande eficácia na eliminação desse inseto.
A restrição gradativa à queima da palha da cana-de-açúcar durante a colheita, determinada por lei estadual, teve como efeito imediato a redução do monóxido de carbono liberado na atmosfera, um alívio considerável para o ambiente e para a saúde das pessoas que vivem nos 350 municípios canavieiros do Estado de São Paulo. Mas a mudança no sistema de colheita, com a consequente adoção da mecanização do corte, permitiu a proliferação de novas pragas para essa cultura, como a cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriola) . Sem a queima, que também mata os insetos, essas cigarrinhas encontram um ambiente favorável para viver no material orgânico acumulado no solo. Os estragos causados por esse pequeno inseto, que mede cerca de 1 centímetro, são devastadores para a maior e mais importante cultura agroindustrial do Estado, responsável pela produção anual de 148 milhões de toneladas de matéria-prima, transformadas em 9,6 milhões de toneladas de açúcar e 6,4 milhões de metros cúbicos de álcool.
O ciclo de vida da cigarrinha começa com o início do período chuvoso, entre setembro e outubro. Os ovos enterrados no solo dão origem às ninfas, que vivem em torno de 50 a 60 dias. Logo ao sair dos ovos, as ninfas caminham até a base da cana e se envolvem por uma espuma produzida por elas, para proteção, enquanto sugam a seiva da planta para se alimentar até a fase adulta, quando voam, acasalam e geram novos ovos. Os adultos causam prejuízos ao injetar toxinas nas folhas, interferindo na capacidade de fotossíntese da planta. As perdas chegam a 60% no campo, sem contar os prejuízos na produção industrial, devido à redução do teor de sacarose da cana. O ataque, que chega até a terceira geração, só termina em março, quando começa o período mais seco. A partir dessa época a cigarrinha coloca os ovos no solo, que ficarão esperando a umidade de um novo período chuvoso, quando, então, se iniciará uma nova colônia.
Fonte:
http://www.cosmo.com.br/especial/cosmo_especial/2002/11/22/materia_esp_45132.shtm
http://www.udop.com.br/tecnologia/materias/tec_29_11_02.htm
http://www.revistacoopercitrus.com.br/edicao192/Cigarr_m_20.asp
http://www.biologico.br/ceib/personalidade98.htm
acesso em janeiro de 2003