“Aço Compósito”

Plataforma de petróleo, pontes, passarelas, tanques de postos de gasolina. Um material desenvolvido pelo Centro de Pesquisas Leopoldo Miguez de Mello da Petrobras (Cenpes) pode se tornar matéria-prima básica para estas e outras estruturas. O compósito, como foi batizado pelos pesquisadores, é formado de fibra de vidro, polímeros, resina e cargas inorgânicas (de forma geral à base de sílica). Seu desenvolvimento foi iniciado há nove anos, em parceria com universidades e a iniciativa privada O objetivo do Cenpes é que ele substitua, gradativamente, o aço em inúmeras instalações. Hoje, o compósito é usado principalmente nos pisos das plataformas da Bacia de Campos. A implantação foi realizada na plataforma de Pampo, na qual 20% das grades de piso em aço já foram substituídos, o que tem representado uma economia anual de R$ 600 mil. “Por ser mais durável e não ser sujeito a corrosão, o piso de plástico precisa de manutenção mínima. O de aço chega a ser trocado a cada seis meses, dependendo do local”, comenta um dos engenheiros envolvidos no projeto, José Cid, do setor de polímeros da divisão de produtos do Cenpes.

 

Inicialmente, a meta do Cenpes era construir plataformas mais leves e menores, usando o compósito. “Mas, durante o projeto percebemos que utilizar o material em estruturas dentro de uma plataforma convencional representaria economia na manutenção e mais segurança”, comenta Cid. Até a saúde ocupacional dos funcionários pode ser protegida com a utilização do compósito. “Ao contrário do piso de aço, o baseado em plástico reforçado com fibras de vidro permite a aplicação de antiderrapante, de areia e resina, o que evita muitos escorregões e outros acidentes de trabalho”, explica Cid. Abolir o uso frequente de tinta, solvente e jatos de areia — para combater a corrosão – é outra vantagem do composto. “O ambiente torna-se mais saudável para o trabalhador”, completa o engenheiro. Esse tipo de plástico é também 10 vezes mais resistente a impactos do que o aço. Apesar dos inúmeros pontos a favor, o compósito ainda é restrito às áreas da plataforma onde o risco de incêndio é menor. “O material é resistente a altas temperaturas e não propaga fogo, mas, mesmo assim, ainda tem seu uso limitado. Estamos estudando novos tipos de compósito ainda mais resistentes, baseados na resina fenólica”, conta Cid. Além dos pisos, o compósito já está sendo usado em corrimãos, calhas para passagem de instalações elétricas, tubos de esgoto e água potável, tubulações em geral e guarda-corpos (barra de proteção na borda de navios) das plataformas. Em pouco tempo, o material será aproveitado em outras estruturas, como escadas e passarelas. “No futuro, 100% de uma plataforma pequena e automatizada poderá ser construído com plástico reforçado com fibras de vidro”, prevê o engenheiro. “Isso só não é realidade hoje porque ainda falta uma adequação às normas internacionais pelo órgão responsável pela normalização dos projetos de embarcações, a Internacional Maritine Organization”, completa.

O compósito também será usado a médio prazo em postos de gasolina. Seguindo uma tendência mundial, a Petrobras — através da distribuidora BR — pretende usar o material nas tubulações e nos tanques de combustível que ficam no subsolo dos postos. As normas necessárias estão sendo elaboradas em conjunto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e outras distribuidoras. “Existem inúmeras vantagens, como o fim dos problemas com corrosão e diminuindo os riscos de danos ao meio ambiente, já que o compósito é mais durável que o aço, não se corrói, reduzindo o perigo de vazamentos e outros acidentes”, avalia Cid. Na Califórnia, todos os postos têm tanques de plástico, com parede dupla, para aumentar a segurança. Outro plano é aproveitar o material para construir oleodutos em áreas de preservação ambiental ou de difícil acesso. “O material é mais leve que o aço e, portanto, pode ser transportado e instalado com maior facilidade, evitando a abertura de grandes clareiras em florestas ou drenagem de rios, por exemplo”, diz o engenheiro.

 

Fonte: http://www.mecanicaonline.com.br/2000/marco/enge/aco.htm

Acesso em março de 2003

Posso ajudar?