Em 1930 o português Mário Santiago e seu primo Antônio que vendiam cigarros, resolveram diversificar suas atividades. Perfumistas de talento, criaram um sabonete transparente, à base de glicerina, comparável ao Pear’s Soap, um sabonete inglês, de grande aceitação na época. Mário e Antônio pesquisaram inúmeras essências naturais da região até chegarem a uma mistura que combinava óleo de pau-rosa, da Amazônia, com 145 essências distintas, como sândalo e cravo-da-índia, além de canela-de Madagascar. O sabonete recebeu o nome de Phebo por causa do Deus do Sol da mitologia grega que irradia calor e energia. No início, as dificuldades eram grandes. O produto viajava de navio para o Rio de Janeiro e São Paulo, onde era oferecido em consignação, a comerciantes que não tinham muito interesse em comprar um sabonete que custava cinco vezes mais que os sabonetes nacionais da época.
O primeiro grande pedido foi para um cliente de Manaus, a farmácia J.G. de Araújo: seis dúzias de sabonetes que demoraram oito semanas para chegar. Na época, apenas um navio passava pela cidade, de dois em dois meses. Um ano depois, a Mappin Stores encomendou 25 dúzias e tornou-se o principal cliente dos Santiago. Hoje, a Perfumarias Phebo S/A é uma das maiores fabricantes de produtos de perfumaria do Brasil, emprega cerca de 1800 funcionários, com faturamento da ordem de US$ 80 milhões. Em 1988 a marca Phebo foi vendida para o grupo Procter & Gamble do Brasil, e em 1998 para a Sara Lee DE / Household & Bodycare do Brasil Ltda. Os sabonetes Phebo continuam sendo fabricados em Belém do Pará, em uma fábrica localizada no bairro do Reduto, pela Casa Granado Laboratórios, Farmácias e Drogarias Ltda. para a atual detentora da marca.
Oval, transparente e escuro, o sabonete Phebo Odor de Rosas continua sendo o principal produto da empresa. Na década de 80, foram lançados os novos perfumes Patchouly, Naturelle e Amazonian, com a mesma base e formulação original. Desde a sua concepção, o design do sabonete Phebo é essencialmente o mesmo – tanto o produto em si, quanto a sua embalagem. O desenho e a combinação das cores da embalagem fazem do sabonete Phebo um produto marcante, ainda hoje. A palavra Phebo mantém a tipografia ornamentada, em versal/versalete com o P rebaixado, destacando-se no selo em oval que traz a identificação e características do produto, circundado por um florão que pode ser associado tanto ao odor de rosas do primeiro sabonete quanto às coroas de Phebo, o Deus grego do Sol, da claridade do dia, da luz, que fertiliza.
Na época em que Phebo surgiu, década de 30, os melhores sabonetes do mundo eram ingleses e não havia nenhuma marca brasileira, que se comparasse aos importados. Para ganhar seu espaço no mercado Phebo teve de fazer um produto de qualidade excepcional, luxuosamente embalado. Como era fabricado no norte do país, ganhou também uma aura de exotismo. Nossas avós reconheceram em Phebo um sabonete feito praticamente à mão, com ingredientes naturais. Um verdadeiro legado dos tempos imperiais, época em que o banho era um ritual demorado. Tudo em Phebo remete ao artesanato, da transparência da glicerina ao papel que o envolve.
Fonte: Marcas de Valor no Mercado Brasileiro de Anna Accioly, Joaquim Marçal F. de Andrade, Lula Vieira e Rafael Cardoso Denis, SENAC/INPI, 2000, página 104