Máquina de Desfibrilamento de Sisal

Com cerca de três mil mutilados, a região sisaleira da Bahia poderá ter, em breve, a solução definitiva para acidentes de trabalho provocados pela falta de segurança nas máquinas desfibradoras de sisal. O governo do Estado está viabilizando a construção de uma série de 20 máquinas que reduzem á zero o risco de mutilação e serão instaladas nas áreas de maior abrangência dos municípios produtores, com o objetivo de monitorar o seu desempenho no campo e difundir a importância da sua adoção junto aos trabalhadores. A ideia é, no futuro, substituir todas as máquinas atuais. Segundo o secretário de Indústria, Comércio e Mineração, Aroldo Cedraz, diferente de alternativas anteriores, o novo equipamento traz como vantagem um aumento na produtividade de cerca de 50%, passando dos atuais 40 quilos/hora de fibras processadas para 60 quilos/hora. “As rejeições anteriores dos pequenos produtores a dispositivos voltados à redução de riscos de mutilação deram-se principalmente em razão da perda de produtividade. A nossa expectativa nesta nova máquina é a melhor possível, até porque os testes realizados pela Fundação Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Ceped) e a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) confirmam a sua eficiência e eficácia”, afirma Cedraz.

 

Criado pelo inventor paraibano José Faustino dos Santos, o equipamento, conhecido como “Faustino”, recebeu, em 1987, o “Prêmio Talento Brasileiro”, dado pelo governo federal. Um protótipo da máquina foi construído pelo Ceped, que será responsável também pela produção de 20 novas unidades, das quais 18 serão completas e duas com possibilidade de adaptação aos motores já utilizados pelos produtores locais. O trabalho de pesquisa, fabricação e disseminação da máquina é uma iniciativa da Comissão Interinstitucional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil na Região Sisaleira, que reúne as secretarias da Indústria, Comércio e Mineração, da Agricultura, da Saúde e do Trabalho e Ação Social, Ceped, EBDA, Fundacentro e Desenbanco. A expectativa é de que, além de evitar mutilações, a máquina, em razão da sua alta produtividade, aumente a renda dos trabalhadores do sisal, contribuindo para a redução do trabalho infantil na região.

O custo de construção do protótipo foi de R$ 6 mil (desfibradora e motor), valor que poderá ser reduzido significativamente quando for iniciada a sua produção em série. Entre os seus dispositivos de proteção ao trabalhador, á máquina “Faustino” possui um pedal de embreagem que possibilita a inversão da sua rotação, expelindo para fora a palha do sisal. O trabalho de qualificação dos trabalhadores para operar a máquina será feito pela Secretaria do Trabalho e Ação Social, em parceria com a EBDA e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Já o Desenbanco será responsável por acionar o BNDES para que inclua a máquina em uma de suas linhas de financiamento. Além do equipamento, será disponibilizado para o produtor manual de operação e kit de ferramentas. A Bahia é responsável por 80% da produção nacional de sisal, com 110 mil toneladas/ano, seguida pela Paraíba, com 8 mil toneladas/ano, e Rio Grande do Norte, com 5 mil toneladas/ano. Segundo dados da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), de 1994, existem nos 27 municípios da Região do Sisal, 600 mil trabalhadores envolvidos na cadeia produtiva do setor. Cerca de 50 mil trabalham em máquinas de desfibramento.

 

Fonte: http://www.atarde.com.br/materia.php3?mês=08&ano=2001&id_materia=1768

http://www.apaeb.com.br/sisal70x.htm

Acesso em janeiro de 2002

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