O Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), apresentou em setembro de 2008 o primeiro chip brasileiro para rastreabilidade bovina. Segundo o Ceitec, o chip fornece as condições necessárias para consolidar o Brasil como principal fornecedor mundial de carne bovina, ao permitir o registro de informações seguras e confiáveis para os órgãos de defesa sanitária. A identificação eletrônica permite o acompanhamento de cada animal, desde o nascimento até o abate, incluindo as características genéticas, zootécnicas e sanitárias.
O chip desenvolvido pelo Ceitec é o primeiro dispositivo de uma linha completa de produtos de rastreabilidade animal denominados de Animal Tracking Device (ATD) e que contemplará, posteriormente, as cadeias de suínos e aves. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil tem hoje um rebanho de 210 milhões de cabeças e exporta um total de R$ 2,5 bilhões anualmente. A abertura de outros mercados, ou manutenção dos mesmos, depende da adequação do Brasil às normas impostas pelo cenário mundial, principalmente pela Comunidade Europeia, que exige que todo o processo de produção da carne esteja inserido em um programa de identificação e cadastro que possibilite o levantamento de informações sobre o animal.
Em julho de 2008, o presidente Lula sancionou a lei que tornou a Ceitec numa empresa pública. O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) investiu R$ 250 milhões para viabilizar o projeto. A intenção do governo é que a Ceitec trabalhe no desenvolvimento e produção de circuitos integrados de aplicação específica (ASICS), como é o caso, por exemplo, do chip voltado para a rastreabilidade bovina. “O Ceitec coordenará todo o processo, não só a fabricação do chip, mas também a montagem do brinco (peça que fica presa à orelha do animal).”, informa o diretor presidente da instituição, Sérgio Dias. Segundo ele, o desenvolvimento de semicondutores nacionais reduz o déficit na balança comercial e permite que se possa desenvolver tecnologia e soluções/aplicações na área de microeletrônica focadas nas necessidades do mercado brasileiro. “Esta lógica inverte o fluxo atual de uso de tecnologias desenvolvidas no exterior, fazendo com que o País passe a exportar propriedade intelectual”.
O “brinco do boi”, equipado com um chip que automatiza o processo de rastreabilidade do animal, também é o primeiro produto do tipo projetado no Brasil e foi desenvolvido com recursos do governo federal. Financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) o projeto recebeu R$ 18 milhões. Projetar um chip custa bem menos do que isso: a verba serviu também para comprar equipamentos da fábrica de circuitos integrados do Ceitec que está sendo montada no bairro Lomba do Pinheiro e deve começar a funcionar no final de 2009. No total, o projeto iniciado com a doação de máquinas pela Motorola ao governo gaúcho em 2000 custará R$ 250 milhões. A perspectiva de atuar em um mercado formado por 200 milhões de cabeças de gado anima a gerente do centro de design, Edelweis Ritt. A rastreabilidade animal é exigência de importadores de carne brasileira. O Ceitec já participou de dois projetos para as gaúchas Altus e Innalogics. Mas o chip do boi é o primeiro criado do início ao fim pela equipe. Em fevereiro, o projeto foi enviado para a XFab, empresa alemã que fabricou os protótipos. Desde agosto, o brinco estava em testes.
Fonte:
http://www.agencia.fapesp.br:80/materia/9476/noticias/bois-rastreados.htm
http://www.ceitecmicrossistemas.org.br
http://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?Infoid=16005&Sid=3
http://inovabrasil.blogspot.com/2008/04/ceitec-desenvolve-chip-de-identificao.html
Chip para rastreamento de animais é o único projetado no Brasil Mídia Impressa: Zero Hora 24/09/2008 acesso em setembro de 2008