Uma iniciativa, ligada ao Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (Poema), está unindo pequenos produtores de coco do interior do Pará à multinacional alemã DaimlerChrysler, com bons resultados para todos os envolvidos. O projeto consiste na utilização de fibras naturais, extraídas da casca do coco, na fabricação de encostos de cabeça, para sol interno, assentos e encostos de bancos, que equipam veículos Mercedes-Benz produzidos no Brasil. Por sua participação no programa, a DailerChrysler conquistou o prêmio Eco 2001, concedido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham-SP). O Poema foi idealizado pela Universidade do Pará na época do Rio 92, com o objetivo de frear a devastação dos ecossistemas amazônicos, dar trabalho à população local e promover a utilização de matérias-primas renováveis. Para tanto, propôs parceria a DaimlerChrysler, que investiu US$ 1,4 milhão na pesquisa “Tecnologia Ecológica”, onde foram estudadas várias alternativas de matérias-primas (fibras, óleos, corantes, resinas e borracha) até alcançar um produto competitivo e de qualidade.
Para viabilizar a técnica proposta, um projeto experimental foi montado na comunidade de Marajó, com a produção de encostos de bancos para caminhões. A produção industrial veio com a inauguração, em março último, da Poematec Ltda., uma fábrica de produtos feitos de fibra de coco criada por oito professores e pesquisadores da Universidade do Pará, em Ananindeua, região metropolitana de Belém. O investimento foi de R$ 8 milhões, da Daimler – que cedeu equipamentos em comodato por dez anos -, do Banco da Amazônia (Basa) e do governo do Pará. As cascas de coco são fornecidas por oito comunidades, que instalaram pequenas fábricas para o processamento da fibra do coco. A partir daí, a Poematec produz os componentes finalizados. Quanto chegar a sua capacidade total, por volta do final de 2002, a indústria consumirá, por mês, 45 toneladas de fibra de coco e 35 toneladas de látex natural. Com isso, deverá gerar 150 empregos diretos na ponta e 400 empregos nas unidades fabris. “O projeto Poema, além de atender à política ambiental mundial do grupo, de produzir veículos o mais compatíveis com o meio ambiente e recicláveis possíveis, demonstra o compromisso da empresa com o desenvolvimento de ações de caráter social”, diz Manfred Straub, diretor de Compras de Material da DaimlerChysler do Brasil. Para José Sinval Vilhena Paiva, diretor executivo da Poematex, a iniciativa concretiza o desafio do Poema: “fazer o caboclo entrar no sistema de produção através dos produtos naturais da Amazônia”.
“Isso aqui foi uma parceria, uma ideia da universidade, o Poema e a comunidade de Praia Grande. Daí surgiu a ideia de montar essa fábrica. Para a gente é muito importante, pra mim que antes era desempregado não tinha o que fazer. É trabalhar com uma coisa que antes não tinha utilidade, hoje é de muita utilidade.” afirma Nazareno Tavares, funcionário e sócio da Pronamazom. “A Mercedes Benz simplesmente está no projeto como uma alavanca, ela faz com que as coisas aconteçam, a minha estadia nesse projeto faz parte desse alavancar. A Mercedes Benz não tem interesse em montar a empresa, a empresa não é Mercedes Benz, a empresa é da comunidade.” diz Wilson Moura, Engenheiro de Planejamento de Projetos Mercedes Benz. A Mercedes Benz repassou ao Poema em 1992 um milhão de dólares. Com esse dinheiro o Poema criou um laboratório para estudar fibras, resinas, óleos e investiu em vários projetos em 3 regiões do Pará, uma delas Ponta de Pedras. Na pesquisa tecnológica feita com o coco a participação dos caboclos da Praia Grande foi fundamental. Eles modificaram muita coisa e adaptaram máquinas para agilizar a produção. Essa engrenagem que faz a fibra do coco virar quase uma corda é na verdade um eixo de roda de carro. Ideia de caboclo. Para trabalhar com a casca do coco foram criadas duas fábricas em Ponta de Pedras. A Pronamazon produz 5 mil encostos por mês. São 7 funcionários fixos que ganham um salário de 250 reais. Todo o lucro gerado pela venda dos encostos a Mercedes Benz vai para a comunidade da Praia Grande. É como se todos fossem sócios e empresários.
Anteriormente, a casca de coco era queimada como lixo. Agora, seu uso é uma demonstração de que é possível gerar renda através uso sustentável dos recursos naturais. Os produtos AMAZON GARDEN – POEMATEC, que integram o Programa POEMA – Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia, da Universidade Federal do Pará, provêm de sistemas agroflorestais que recuperam áreas alteradas e aumentam a produtividade dos coqueirais. A cadeia produtiva do coco envolve, na produção, cerca de 5.000 pessoas de 17 comunidades rurais. A extração da fibra se dá em 7 agroindústrias comunitárias no interior do Estado do Pará, que comercializam o produto diretamente no mercado local, para a indústria POEMATEC. A comercialização da linha de jardinagem beneficia as comunidades rurais e é, hoje, um incentivo para o uso de materiais recicláveis. A utilização do látex vem dando um novo impulso para a produção de borracha, servindo como insumo importante para as peças produzidas.
A empresa Ouro Fértil Fibras Naturais SA, alega ter sido a pioneira na utilização de mantas de fibra de coco para uso em jardinagem no Brasil, inclusive com entrada de pedido de patente no INPI. As mantas de fibra de coco assim como o vaso de fibra de coco o COQUIM foram lançados e inventados pela Sra. Maria Luiza Puzzi Abbud , sócia gerente da empresa. Scandar Abudd Neto, sócio da Ouro Fértil explica as negociação da empresa com a Mercedes: “Fomos procurados pela Mercedes Benz do Brasil em 1998 que que terceirizava bancos de automóveis na mesma empresa que fazíamos nossos produtos, para uma possível parceria. Após varias tentativas de associação por parte da Mercedez, e após terem tido acesso a nosso plano de empresa e produtos, colocaram a Poematec para produzir nossos produtos em Belém do Pará, após a nossa empresa ter inclusive aberto uma filial , no local onde hoje funciona a Poematec ltda.”
A empresa Ouro Fértil, pioneira na fabricação de produtos a base de fibra de coco no país, possui a maior a mais moderna fabrica de produção nesta área de produtos para jardinagem no país. Sua matéria prima advém de comunidades carentes de catadores de coco, considerado lixo e hoje reciclado devido ao pioneirismo de nossa empresa no país. Associada a varias ongs, tais como spvs e wri, luta pela preservação do xaxim na mata atlântica. Seus produtos são: vasos, meio vasos, mantas, placas, estacas, coco disco fibrilas e adubo a base de pó de coco. Os produtos após serem testados revelaram-se biodegradáveis, não deformável, com ação fungicida e feito tratamento para retirar o excesso de tanino. As mantas podem ser encontradas em várias medidas e densidade, variando de prensadas, a mais fofas. Há uma série de utilizações das mantas desde a indústria como filtros, paisagismo, até cobertura de encosta anti erosão e placas de isolamento termo- acústico.
A invenção é dirigida ao aperfeiçoamento de um processo de obtenção de produtos a partir de fibras vegetais. Especificamente a invenção contempla um processo cuja matéria prima é um resíduo da utilização dos frutos do coqueiro, sendo portanto de baixo custo e biodegradabilidade; onde os produtos concebidos pelo referido processo são dotados de alta resistência mecânica, de boa respirabilidade, de baixa inflamabilidade e de resistência a ataques de insetos, principalmente cupins e microrganismos em geral, propiciando assim lenta degradação. Os produtos confeccionados, são constituídos por um conjunto denominado “manta” de fibras vegetais, envolvidas por látex natural, encrespadas de modo substancialmente helicoidal, irregular ou em mantas, mutuamente coladas em seus pontos de contato, sendo conformada e cortada de acordo com o formato final desejado para os produtos.
O processo de moldagem da manta em forma de produtos vegetais, segue três etapas: Os produtos vegetais são confeccionados com fibras vegetais, em especial, a partir de fibras de coco, as quais são extraídas do mesocarpo, parte fibrosa da casca do fruto, submetidas à secagem para a diminuição de teor de umidade, e posteriormente desfibriladas em fragmentos de dimensões uniformes e adequadas. Em seguida, as fibras são ou não selecionadas e confeccionadas em forma de corda para assumirem um desenvolvimento substancialmente helicoidal, dependendo do produto. Depois as fibras são aglomeradas e mutuamente coladas em seus pontos de contato, com resina de látex natural, ao mesmo tempo que são prensadas, para se obter uma manta, com uma densidade adequada ao uso do produto final.
Fonte:
http://www.estadao.com.br/ciencia/banco/noticias/2001/ago/24/131.htm
http://www.tvcultura.com.br/caminhos/08belem/belem2.htm
acesso em junho de 2002
http://www.ufpa.br/poema/
http://www.bolsaamazonia.com/projetos.asp
acesso em setembro de 2002
Agradeço a Scandar Abbud Neto ([email protected]) pelas informações a respeito da empresa Ouro Fértil enviadas em maio de 2005 para composição desta página