Um novo método para a queima de pneus usados para a produção de energia pode reduzir a emissão de poluentes e minimizar seu impacto sobre o meio ambiente. A técnica inédita está sendo desenvolvida no Laboratório de Análises Térmicas do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. O método é fruto do doutorado de Jefferson Caponero, sob a orientação do professor Jorge Alberto Soares Tenório.
Pneus destinados ao lixo podem ser usados como substituto do carvão para a produção de energia em usinas termelétricas, com a vantagem de apresentar maior poder calorífico e menor custo. Não se trata da primeira vez que se queimam pneus para gerar energia. A novidade do método de Caponero reside no controle da combustão da borracha, que permite minimizar a quantidade de material particulado resultante do processo.
A pesquisa, desenvolvida desde 1998, consistiu na queima de amostras de pneus. Caponero usou duas câmaras específicas para combustão e pós-combustão. O material resultante da etapa inicial é encaminhado para a segunda câmara, onde é submetido por um longo período a altas temperaturas. Em seguida, os resultados obtidos são analisados comparativamente. “O que fizemos foi a queima e o controle das emissões voláteis”, diz Caponero, “variando a temperatura, a composição do gás, o tempo e a quantidade de oxigênio dentro da câmara”.
Segundo o pesquisador, foi possível reduzir a emissão de poluentes em 99% devido ao uso de um filtro de cerâmica incorporado ao sistema de combustão. Além de ter a função de reter as partículas soltas no momento da queima, ele resiste a altas temperaturas. O filtro permite aumentar o índice de aproveitamento energético da queima, o que para Caponero justificaria seu uso em termelétricas, responsáveis por 80% da eletricidade produzida no mundo. O pesquisador adotou também o método da pirólise — processamento intermediário do pneu (o termo vem do grego e significa decomposição pelo calor) –, que permite obter outros combustíveis (gás, óleo e carvão). Esse processo ocorre quando o material se degrada na ausência de oxigênio se volatiliza formando gás e óleo.
Caponero acredita que em pouco tempo o uso do novo combustível será difundido entre as grandes indústrias. Seu uso ajudaria a cumprir a resolução 258 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), segundo a qual a cada ano um percentual de pneus deve ser retirado do mercado pelas montadoras (o valor é determinado em função do número de peças produzidas). Só no Brasil, cerca de 40 milhões de pneus são descartados por ano.
Caponero compartilhou experiências com uma equipe americana e passou mais de seis meses em Boston para complementar seu estudo. “Buscamos desenvolver uma técnica mais completa e mais limpa possível”, explica.
Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n452.htm
http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2001/jusp563/caderno/pesquisa03.html
http://www.koblitz.com.br/clipping/sem_3set/not_pneu.html
acesso em fevereiro 2002
http://lattes.cnpq.br/0026954247539176
acesso em fevereiro 2007