“Cerâmica de Resíduos de Mineração de Argila “

A mineração de areia e de argila, são essenciais para a construção civil e para o crescimento das cidades. Mas a atividade geralmente tem grande impacto ambiental. Por isto, qualquer melhoria em uma delas pode diminuir esses impactos e eventualmente diminuir custos para a construção de moradias. Por exemplo, a extração de areia para construção civil normalmente gera quantidades consideráveis de argila, que é deixada em locais próximos às jazidas sem passar por nenhuma espécie de aproveitamento. Agora, usando os resíduos de uma mineradora em Guarulhos, na Grande São Paulo, uma pesquisa da Escola Politécnica (Poli) da USP propõe a utilização dessa argila rejeitada para a produção de peças de cerâmica vermelha, como blocos estruturais e telhas.

 

A obtenção da areia é feita por meio de desmonte hidráulico, com jatos de água. “O material descartado é levado para tanques de decantação, que normalmente são cavas de mineração desativadas aproveitadas para a formação de barragens”, conta o geólogo Edílson Pissato, autor da pesquisa. A argila representa de 30% a 40% do material bruto que passa pelo desmonte. “Apesar do resíduo não ser tóxico, há o risco de as barragens se romperem, atingindo áreas de preservação, o que pode provocar problemas ambientais.” O aproveitamento da argila foi testado em peças cerâmicas. “Os ensaios demonstraram que o material é mais indicado para a produção de cerâmica vermelha, em peças como telhas e blocos estruturais, além de tijolos maciços e furados”, explica o geólogo. Parte dos testes com as peças aconteceu em um laboratório especializado do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Itu (interior de São Paulo).

De acordo com o pesquisador, a expansão urbana da Grande São Paulo reduziu a quantidade de locais de mineração de areia, pedra britada e argila, que possuem boa disponibilidade no substrato geológico local. “Apesar de serem materiais de preço relativamente baixo, eles precisam ser transportados de locais distantes até 200 quilômetros da região metropolitana, encarecendo muito seus custos”, alerta. Os resultados da pesquisa foram encaminhados à mineradora estudada, que colaborou com a realização dos ensaios cerâmicos, e também serão levados à prefeitura de Guarulhos. “A ideia é que a questão das mineradoras possa ser incluída nos futuros planos diretores da cidade”, diz o geólogo, que atua na Secretaria de Meio Ambiente do município, onde atualmente funcionam três mineradoras de areia, que produzem aproximadamente 200 mil metros cúbicos anuais. O estudo faz parte da tese de Doutorado de Edílson Pissato, orientada pelo professor Lindolfo Soares, do Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo da Poli. Um resumo do trabalho deverá ser publicado na revista Cerâmica Industrial, além de ser apresentado em um congresso internacional no Canadá.

 

 

Fonte:

Mídia Eletrônica: Site Inovacao Tecnologica -http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/- Júlio Bernardes

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4468440Y4

http://www.usp.br/agen/?p=7168

acesso em outubro de 2009

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