Produção de Hecogenina

Os esteróides produzidos no mundo podem ser agrupados convenientemente do seguinte modo: andrógenos (hormônios sexuais masculinos), estrógenos e progesteronas (hormônios sexuais femininos) e corticosteróides. Drogas esteroidais possuem uma vasta gama de aplicações e são usadas como anti-inflamatórios e agentes anticancerígenos, tratamento de desordens por deficiência hormonal, como contraceptivos orais e agentes anabólicos. A indústria de hormônios esteroidais empregou no passado substâncias de origem animal como o colesterol e os ácidos biliares, como material de partida para a síntese de hormônios sexuais (esterona, progesterona, testoterona, etc.) e adrenocorticais (cortisona, aldosterona, etc.). A premente busca por fontes alternativas de matéria-prima para a síntese de hormônios esteroidais resultou, no final da década de 40, no desenvolvimento das sapogeninas esteroidais de plantas com possibilidades inusitadas. 

As sapogeninas esteroidais são de considerável importância econômica como precursoras de muitos esteróides farmacologicamente ativos, inclusive anticoncepcionais de via oral, de corticosteróides e de hormônios sexuais. A sapogenina de maior importância econômica é a diosgenina, cuja extração comercial é feita quase sempre que inteiramente das espécies dioscóreas . Entretanto, a indústria baseia-se na coleta de plantas, que estão se tornando raras em algumas áreas e a cada dia se torna mais difícil e mais dispendioso explorar as fontes selvagens inexploradas anteriormente. 

Outra sapogenina esteroidal obtida comercialmente é a hecogenina, a qual é extraída do suco do sisal, o produto descartado durante o processo de desfibramento das folhas da agave sisalana Perrine. Devido ao grupo ceto no C-12, a hecogenina não é apropriada para a manufatura de anticoncepcionais de uso oral, mas é o ideal para a síntese de corticosteróides. O consumo mundial de esteróides assume na época atuais grandes proporções. O movimento mundial de venda de hormônios sexuais, drogas antiinflamatórias, anovulatórios e outros medicamentos de natureza esteroidal são da ordem de bilhões de dólares por ano. 

O trabalho de Chang propõem um processo para produção de hecogenina a partir da fermentação anaeróbica do suco de sisal dispensando a hidrólise ácida sobre a lama residual, usalmente empregada, caracterizado pro promover a autólise anaeróbica do suco de sisal pela inoci]ulação no suco de microorganismos, preferencialmente Ruminococcus albus, Ruminococcus flavefaciens, Escherichia coli, encontrados no rume. O processo de produção de hecogenina a partir da fermentação aneróbica do suco do sisal inicia-se pela limpeza do suco bruto (contendo, inclusive, fibras), obtida por uma passagem do suco através de prensa centrífuga automática de Yang. Recomenda-se a esterilização prévia de todas as peças que entrarão em contato com a massa fluída ao longo das operações do processo, através de borrifo com solução de hipoclorito de sódio concentrado no nível de 20-30 p.p.m. Após a limpeza do suco, adicionam-se à massa fluída dois litros de suspensão salina a 0,9%, contendo 400 g. de rume(suplementada com os nutrientes cisteina, HC1 0,25 g/l de suco e Na2S. 9H20 à razão de 0,25g/l de suco), atentando-se para misturá-los uniformemente.

Para se alcançar a condição anaeróbica exigida pelo processo pode-se usar qualquer microorganismo que consuma oxigênio. O Escherichia coli do rume atinge a condição anaeróbica em menos tempo que o Candida utilis IFO 4277, além de não afetar a hidrólise glicosídica, independentemente de estarem vivos ou não, face a seu crescimento limitado. A manutenção dos anaeróbios glicosídicos em alta atividade por longos períodos é importante para a obtenção de uma alta produção de etanol, ácido acético, hidrogênio, metano, sapogeninas (hecogenina e tigogenina) e levedura. Em cosequência é aconselhável cultivar anaeróbicos glicosídicos em alta concentração de sponinas. Recomendação idêntica não é válida quando do cultivo aeróbico onde o desenvolvimento de uma comunidade glicosídica em meio que apresente alta concentração de saponinas conduz a resultados adversos em virtude da alta viscosidade atingida pelo meio. Esta é uma razão para a aplicação dos glicosídios anaeróbicos à composição glicosídica. 

Fonte: 
http://www.eps.ufsc.br/teses99/oashi/cap6b.html#6.1.3
acesso em novembro de 2002
Cronologia do Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasileriro, 1950-200, MDIC, Brasília, 2002, páginas 159 

 

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