Diagnóstico de Doenças Respiratórias

Acaba de ser desenvolvido na COPPE um novo aparelho que pode ajudar no tratamento preventivo da asma e outras afecções pulmonares, como a enfisema, possibilitando um diagnóstico antecipado do problema. O instrumento concebido na COPPE é único na América Latina e possibilita a medição de dois importantes indicadores, a elasticidade e a resistência do sistema respiratório. Até hoje o exame tradicional feito por pneumologistas, a espirometria, não é capaz de detectar alterações em estágio inicial , além de ignorar outros indicadores. “O diagnóstico precoce e preciso é fundamental no caso da asma porque uma vez desenvolvido um quadro, o problema pode tornar-se crônico”, diz o pesquisador Pedro Lopes, doutorando do Programa de Engenharia Biomédica da COPPE, que desenvolveu o aparelho.

 

Além de possibilitar um diagnóstico mais real, a nova técnica oferece outra vantagem: ao contrário da espirometria, não exige que o paciente faça manobras respiratórias. O paciente respira normalmente, em três sessões de 16 segundos, o que permite fazer o exame em crianças pequenas e monitorar as condições de pacientes sedados e sob ventilação mecânica. Segundo o orientador da tese, o Professor da COPPE, Marcelo Werneck, mesmo nos países avançados, tecnologias deste tipo ainda estão em fase experimental. Na COPPE já foram feitos testes em dois grupos de voluntários asmáticos e não asmáticos, confirmando que o aparelho detecta a existência da asma e também mostra com precisão o grau do problema. Mas sua grande vantagem é poder detectar síndromes do sistema respiratório ainda em estágio inicial, propiciando tratamentos preventivos.

No caso de crianças, por exemplo, “o diagnóstico precoce é fundamental. Se você detecta deficiências no sistema respiratório logo no início pode evitar doenças crônicas que, em alguns casos, se mantêm até a idade adulta ou mesmo durante toda a vida”- afirma Lopes. As crianças asmáticas representam cerca de 5 a 10 % da população pediátrica, sendo que os primeiros sinais da doença se manifestam por volta de 4 anos. Quanto mais cedo for efetuada a identificação da doença mais efetivo é o tratamento. Com relação a este público, uma vantagem é que os exames feitos através deste equipamento são mais simples e mais aceitos pelas crianças, permitindo inclusive avaliar aquelas que ainda não são capazes de compreender as manobras respiratórias exigidas pelas técnicas convencionais. A técnica desenvolvida na COPPE poderá contribuir no tratamento de doenças como bronquite crônica, enfisema e outras formas de obstrução crônica nas vias aéreas, classificadas como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). A alta sensibilidade apresentada pela técnica, aliada à simplicidade de realização dos ensaios, abre a possibilidade de acompanhar a evolução de pacientes, detectar anomalias respiratórias em estágio inicial, causadas pelo fumo ou pelo risco ocupacional.

Uma pesquisa efetuada em 1990 aponta que a DPOC encontra-se entre as principais causas de mortalidade no mundo, ocupando a sexta posição e estima-se que até o ano 2020 esteja entre as três primeiras causas. Pesquisas efetuadas nos EUA demonstram que de 1979 a 1989 estas doenças e suas condições associadas apresentaram um crescimento de 69%. O aparelho também será usado para estudar a silicose, que costuma atacar trabalhadores de pedreiras e marmorarias. “Com o diagnóstico precoce da silicose, o trabalhador poderia ser deslocado para outro tipo de trabalho antes do problema chegar a um estágio mais grave”, explica o pesquisador. A técnica apresenta uma alta sensibilidade na detecção de obstruções em estado inicial nas vias respiratórias, apresentando um elevado potencial de aplicação em medicina preventiva. O objetivo é contribuir para identificar a doença em estágio inicial, aumentando a eficácia dos tratamentos.

O próximo passo será montar uma versão portátil do aparelho, com laptop, e testar o sistema em grupos de voluntários e também em cobaias. O teste mais esperado é o que será feito em fumantes e não fumantes. “Até hoje não se detectou com confiabilidade diferença de elasticidade e resistência do sistema pulmonar entre os fumantes com enfisema, os que não apresentam afecções graves e os não fumantes. Será a prova definitiva de que o dispositivo é sensível a pequenas diferenças, e pode detectar problemas com maior antecedência que as técnicas já existentes”, diz o pesquisador.

 

Fonte:

http://www.coppe.ufrj.br/planetacoppe.old/noticias/plan19/asma.html

Acesso em março de 2002

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