Recuperação de Aromas

Separar o joio do trigo. A grosso modo é o que fazem as membranas poliméricas, películas de material plástico em forma de chapas planas ou micro-tubos (fibras ocas), um instrumento capaz de solucionar problemas técnicos e baratear muitos processos essenciais para a indústria. As membranas também têm aplicações nas áreas de saúde e meio ambiente, como na hemodiálise e na dessalinização da água do mar. E com uma grande vantagem em relação aos processos tradicionais, como a destilação, evaporação e criogenia: consomem bem menos energia. 

Além da hemodiálise, descoberta há mais de 50 anos, e da dessalinização de água do mar, conhecida há 35 anos, há outras aplicações mais recentes e igualmente importantes da tecnologia da membrana. Por exemplo, o tratamento de efluentes industriais poluidores, a purificação de água para uso em medicamentos, e a obtenção de substâncias para a indústria cosmética. Na COPPE, entre outros trabalhos, os pesquisadores do Programa de Engenharia Química desenvolvem um projeto sobre produção de aromas para a indústria cosmética e de alimentos, já em fase de estudo para aplicação industrial. 

No Brasil uma das fontes mais abundantes de matéria prima para a produção de aromas é um subproduto da indústria de suco de laranja concentrado, a chamada fase aquosa, exportada principalmente para o Japão. “A técnica mais conhecida de recuperação de aromas utiliza altas temperaturas, o que degrada grande parte dos aromas, e por isso é ineficiente”, diz o professor Habert. “Já o processo com membrana é extremamente seletivo, o que permite extrair os aromas às vezes até a temperatura ambiente”, conclui. A indústria de suco de laranja concentrado, tão importante em nossa pauta de exportações, poderia assim contribuir com mais um produto extremamente valorizado no mercado externo, ao invés de exportar a fase aquosa, um produto primário.

A combinação de membrana e enzimas resulta em outra técnica interessante para a indústria: a produção, a partir de óleos, de ácidos graxos, utilizados nas indústrias farmacêutica e cosmética. A maneira clássica de fazer essa transformação consome muita energia e forma grande quantidade de subprodutos poluentes. A tecnologia da membrana associada à enzimática produz um bioreator que faz esse mesmo processo de maneira mais rápida e limpa. Na COPPE está sendo usado o óleo de babaçu, uma matéria prima que ainda não foi devidamente valorizada no Brasil.

Fonte: 
http://www.coppe.ufrj.br/planetacoppe.old/arquivo/noticia000174.html
acesso em março de 2002 envie seus comentários para [email protected].
 

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