É bem conhecida a dificuldade do preparo de sais, nos quais o elemento germânio, em seu estado de oxidação 4+, atue como cátion. A maioria dos compostos de germânio apresenta caráter fortemente covalente, sendo os haletos e seu óxido, GeO2, os compostos mais comuns. Por outro lado, a literatura reporta várias tentativas de produzir a forma alfa do hidrogenofosfato de germânio (IV), Ge(HPO4)2, seja a partir do haleto de GeCl4 ou do próprio óxido que, até então, acabavam por levar à formação de material de baixa cristalinidade e fortemente contaminado com GeO2, sendo este último formado durante a síntese ou devido a reações incompletas.
O interesse pelo Ge(HPO4)2 vem do fato deste material ser o menos estudado da família dos chamados “fosfatos lamelares de metais tetravalentes” (FLMT) – isso devido às dificuldades de sua preparação -, e de que, por outro lado, a presença do germânio 4+ poderia levar a um aumento de suas propriedades de ácido sólido, além de permitir a formação de compostos de intercalação e a obtenção de membranas trocadoras de íons que pudessem atuar em meios não-aquosos. O material foi obtido através de um processo de múltiplas etapas de reação, onde o óxido de germânio (IV), de alta pureza, foi tratado termicamente com ácido fosfórico concentrado, à temperatura de 90 oC, por várias horas. O sólido isolado foi retratado por vários dias, nas mesmas condições. Após novo isolamento, foi finalmente tratado com ácido fosfórico (12 mol.dm-3), por 720 horas, em ampola de vidro selada. O material obtido por este processo é monofásico, de altíssima cristalinidade e composição Ge(HPO4)2.2H2O.
O domínio do processo de preparação de material com tais características abriu as possibilidades para a obtenção de novos e definidos derivados intercalados, a obtenção de nanocompósitos envolvendo polímeros convencionais e polímeros condutores, além de ensejar, pela primeira vez, a observação da não-equivalência dos íons fosfatos na rede cristalina dos FLMT. O desenvolvimento deste Projeto foi feito pelo pós-graduando Ricardo Romano, sob supervisão do Prof. Oswaldo Luiz Alves, servindo como base para a tese de mestrado do primeiro, defendida no Instituto de Química, da Unicamp, em 2001.
Fonte:
http://lqes.iqm.unicamp.br/canal_cientifico/em_pauta/em_pauta_novidades_83.html
acesso em fevereiro de 2003
envie seus comentários para [email protected].