Em 1997 a Megastar, um fabricante de scooters sediado em Pindamonhangaba, interior do estado de São Paulo, iniciou a produção de um sedã de luxo chamado Emme 400. O veículo, desenvolvido no Brasil, tinha construção tipicamente brasileira: chassis tubular e carroceria de material plástico. A novidade é que em vez de fibra de vidro foi usado um polímero avançado, desenvolvido pela própria Megastar, chamado VeXtrim.
Segundo a fábrica, esse material tornava o carro mais leve e imune à corrosão (tal qual os velhos carros de fibra de vidro), além de diminuir subtancialmente os custos de produção. Seu design era ousado, com linhas fortes e personalidade, e só foi possível pelo uso do VeXtrim, mais versátil nesse sentido que o aço estampado. O interior, amplo e luxuoso, contava com acabamento em couro e madeira, remetendo aos carros de luxo ingleses, além de itens como cd-changer e condicionador de ar programável.
A mecânica era bastante avançada. As suspensões eram independentes nas quatro rodas e tinham múltiplos pontos de ancoragem, com duplo quadrilátero e barra de torção tanto na frente quanto atrás, onde havia ainda eixo auto-direcionável. O motor era instalado longitudinalmente na dianteira e a tração era traseira. A transmissão era formada por um câmbio manual de cinco marchas e diferencial autoblocante. Os freios eram a disco nas quatro rodas e servoassistidos. Quanto à motorização, havia três opções disponíveis para o comprador: VW AP-2000 16v, VW AP-2000 16v turbinado e Lotus 910 2.2 Turbo. Este último rendia respeitáveis 190 cv de potência, tornando o carro um verdadeiro esportivo. Segundo informação da Megastar, o motor Lotus era capaz de levar o Emme aos 273 km/h.
O Emme 400 não contou com uma rede de concessionários, o fabricante não investiu em propaganda e seu preço o colocou para brigar com máquinas consagradas como BMW Série 3, Chevrolet Omega e Mercedes-Benz Classe-C. Como resultado suas vendas foram inexpressivas, estima-se que apenas doze unidades chegaram a ser vendidas. Apesar de ser um carro bastante interessante e avançado, o projeto do Emme 400 foi prejudicado pela falta de dinheiro ocorrida na fase final de testes, uma das falhas no projeto ocorreu no dimensionamento da transmissão. O câmbio ficou longo demais, o que era agravado pelo fato de o motor Lotus ter fôlego somente em altas rotações. Desse modo tornava-se necessário “queimar” embreagem em rampas e obstáculos desse tipo. Outra falha foi na eletrônica embarcada do carro, de responsabilidade da empresa portuguesa A. J. Fonseca, que não foi totalmente desenvolvida. Os quatorze módulos eletrônicos do carro eram muito propensos a panes e não eram capazes de gerenciar air-bags, freios ABS e controle de tração. A falta desses três itens (comuns mesmo em modelos de categoria a preço muito inferiores) prejudicou muito as vendas do Emme 400, sobretudo no mercado externo.
Endividada com o gasto do projeto Emme 400, abalada pela alta do Dólar (que aumentou os custos de produção do carro, já que muitas das suas peças são importadas) e pela retração no mercado de scooters, a Megastar paralisou toda a sua produção e dispensou quase todos os funcionários (restando apenas alguns administrativos) ainda em 1999. A prefeitura de Pindamonhangaba está com ação na justiça para reaver o terreno cedido à Megastar e todos esperam pela falência da empresa. O sonho da “BMW tupiniquim” não vingou.
Fonte:
http://www.montadorasbrasileiras.hpg.ig.com.br/carreira/40/index_int_7.html
acesso em março de 2002
http://freehost18.websamba.com/rodrigao/brasileiras/bremme.htm
acesso em novembro de 2002
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