Ônibus com Dois Planos

Os irmãos Augusto Bruno e Eugênio Nielson mal sabiam o que os esperava quando, em 17 de setembro de 1946, abriram as portas de uma pequena marcenaria em Joinville, na época uma pequena cidade de Santa Catarina. Nos planos da dupla, sócios na Nielson&Irmão, descendente de imigrantes suecos, estavam a produção artesanal de móveis, esquadrias e balcões. Tudo de madeira, é claro. Os ventos começaram a mudar um ano depois de sua criação, quando a marcenaria foi contratada para reformar uma carroceria de ônibus, também totalmente construída em madeira. 

A idéia de ingressar no ramo de carrocerias agradou aos irmãos. Afinal, o transporte de passageiros parecia um negócio promissor em um país de dimensões continentais e cuja maioria da população não tinha poder aquisitivo para comprar seu próprio automóvel. Tanto que, três anos depois, em 1949, eles decidiram montar sua primeira carroceria, uma jardineira com estrutura totalmente de madeira, sobre um chassi Chevrolet Gigante. 

O negócio começou a tomar proporções ainda maiores em 1956, com o ingresso na empresa – que então já chamava-se Nielson&Cia – de Harold Nielson, filho mais velho de Augusto, e a saída de Eugênio da sociedade. Com ele, a encarroçadora de Santa Catarina trilharia novos rumos, investindo em tecnologia e, destacando-se com produtos inovadores e revolucionários, como o modelo Diplomata, de 1961, primeiro ônibus com dois planos a surgir no mercado, ou o Diplomata Air Bus, de 1963, que já contava com sofisticações como ar condicionado, bar executivo e som ambiente. Foi justamente nessa época que a Nielson passou a dedicar-se exclusivamente a produzir carrocerias de ônibus, abandonando definitivamente o ramo da madeira. O país perdia excelentes marceneiros. Em compensação, estava sendo lançada a semente de um empreendimento que, em poucas décadas, se transformaria em um dos maiores fabricantes de carrocerias de ônibus do planeta. 

A empresa nunca mais abandonaria o perfil inovador. Em 1987, por exemplo, a empresa voltaria ao segmento de veículos urbanos com o lançamento do Urbanuss, o primeiro ônibus brasileiro com carroceria totalmente de alumínio e chapeamento liso. Em 1990 era lançada a família. Busscar, com as séries Jum Buss, El Buss e Urbanuss, que traziam inovações tecnológicas até então inexistentes no mercado. Em 1995 era a vez do Jum Buss 400 Panorâmico, com três e quatro eixos, com a proposta de oferecer mais conforto e visão panorâmica para os passageiros. 

O ano de 1998 marcaria profundamente a existência da empresa. A começar, já no início do ano, pela mudança da razão social para Busscar Ônibus S.A., permitindo a direta identificação com a marca dos produtos. E culminando com a antecipação do processo de sucessão do comando da empresa. Desta vez, entretanto, de forma trágica, com a inesperada morte do patriarca Harold Nielson, em um acidente aéreo no mês outubro. Mas o que se avizinhava como uma disputa traumática acabou sendo resolvida de forma consensual e pacífica.

Pouco menos de dois meses antes de sua morte, Harold Nielson decidira romper as barreiras familiares da Busscar contratando, no mercado, Edson de Andrade, um executivo com vastas experiência em companhias multinacionais, para ajudá-lo na tarefa der a modernizar a empresa. Por decisão dos herdeiros, Andrade acabou sendo efetivado na direção e administração da Busscar, cabendo a Rosita Nielson, viúva de Harold, a presidência da diretoria, e aos dois filhos, Claudio e Fábio, os cargos de diretor de Tecnologia e Comércio, no Brasil, e diretor-geral no México, respectivamente. 

Fonte: 
http://www.montadorasbrasileiras.hpg.ig.com.br/carreira/40/index_int_12.html
http://www.terra.com.br/cargaecia/set01/55anos.shtml
 
http://www.busscar.com.br/portugues/imprensa_noticias.php?id_noticia=6
 

acesso em março de 2002
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