Conta-se que o Fox nasceu num canto da sala de desenho localizada na ala 17 da fábrica da Volkswagen de São Bernardo do Campo, em um bate-papo de fim de expediente. Era começo de 1999 e o grupo falava sobre a chegada do Polo, que àquela altura já estava definida. Sabia-se, desde então, que o Polo seria um carro de padrão europeu, de construção e acabamento refinados. Discutia-se se esse seria o padrão brasileiro. “Precisamos de um carro mais acessível, um projeto tupiniquim”, teria dito um dos participantes da conversa. A expressão “tupiniquim” ficou, mas logo seria simplificada, devido à impossibilidade de pronúncia pelos alemães, devido à ligação com “tupiniquim”, que poderia ser pejorativo, e também à semelhança de pronúncia com o verbo urinar (to pee), em inglês. Surgia assim o “Projeto Tupi”, que meses mais tarde ganharia o código PQ 249 e quatro anos depois seria batizado de Fox, um dos sinônimos de “astúcia” na língua inglesa. O mesmo nome, que também significa “raposa”, batizou o Voyage exportado para os Estados Unidos na década de 80. Daquela primeira reunião, o projeto sofreu transformações, algumas reveladas ao longo desta história. Mas, ao ver o carro pela primeira vez, fica claro que uma característica do projeto foi preservada nesses quatro anos de gestação do modelo: a preocupação com o baixo custo de manufatura.
Ao se abrir o porta-malas da versão completa do Fox, entende-se o significado de manufatura de baixo custo. As laterais do compartimento não são revestidas e deixam à mostra o mecanismo dos cintos laterais traseiros de três pontos. A parte interna das tampas traseira e do motor também são em chapa. E as laterais das portas são moldadas em plástico rígido, mesmo material de que o painel é construído. “O Fox quebra vários padrões assumidos nos últimos anos pela marca”, afirma Sérgio Roberto Ayres, estrategista de produto da VW brasileira e um dos participantes da reunião de 1999, junto com o desenhista Luiz Alberto Veiga. Uma quebra significativa é o acabamento simplificado, um dos caminhos para a redução de preço e condição que viabilizou o projeto como carro mundial da marca. Uma das missões de Ayres foi justamente viabilizar o Fox. Chegou a viajar 13 vezes em um ano para a Alemanha para cumprir o intento.
O Fox pretende inovar também na matéria básica de seu acabamento, como a fibra vegetal derivada da folha de abacaxi, cultivada especialmente para o modelo. Essa fibra natural será utilizada no porta-bagagens traseiro e no revestimento do teto, em substituição à espuma prensada, derivada do petróleo. Uma herança do Projeto BY da VW brasileira, de 1984, que não saiu da fase protótipo, os bancos traseiros do Fox são moduláveis, pois podem ser movidos longitudinalmente sobre trilhos, dependendo do volume de bagagem ou a da estatura dos passageiros. Além disso, eles são facilmente escamoteados para a frente, dobrando a capacidade do porta-malas. Se for necessário, podem ser retirados. O VW Fox já está sendo produzido na fábrica de São José dos Pinhais, região industrial de Curitiba (PR), a mesma que produz VW Polo e Audi A3. Além do mercado interno, essa linha atenderá a América do Sul, China e África do Sul. A partir de 2005, a unidade de São Bernardo do Campo (SP) também produzirá o modelo destinado ao mercado europeu.
Os primeiros esboços começaram a ser feitos há mais de três anos, segundo Veiga, que com orgulho afirma ser o novo carro e seu conceito obra exclusiva da VW brasileira. “Se um carro consegue se dar bem no Brasil, consegue se dar bem no mundo inteiro”, disse o desenhista-chefe, que acrescentou ter sido o Fox concebido para nossas condições de uso. A base do Projeto 249 é o Polo, inclusive a plataforma, mas há diferença no arranjo interno para atender ao objetivo de maior altura. De fato, é 80 mm mais alto e 60 mm mais curto. Além da cabine avançada (a base do pára-brisa alinha-se com o eixo das rodas dianteiras), o chamado ponto H (de hip, quadris em inglês, o “eixo” entre tronco e pernas) dos bancos dianteiros subiu 60 mm e deslocou-se 29 mm para a frente em relação ao Polo. Não é novidade, já que o Fiat 127/147 e depois o Uno se valeram com sucesso desse recurso.
Fonte:
http://www.maiscarro.com.br/fox.php
http://carroonline.terra.com.br/destaque_119_01.htm
http://www2.uol.com.br/bestcars/artigos/tupi-1.htm
acesso em novembro de 2003
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