Máquina Semiautomática de lapidação

Criada em 2000, Lapidart® surgiu de um sonho: modernizar a arcaica lapidação brasileira com tecnologia de ponta. A Duplo Ofício Comunicação, empresa dos mesmos sócios da Lapidart® – Sérgio Aspahan, Márcio Godinho e Saturnino Rodrigues, criou os projetos virtuais em 3D, a partir de um novo conceito em máquinas de lapidação: o movimento polar em arco graduado. Esse sistema permite que o lapidário mude os ângulos, entre 0 e 90 graus, com muita rapidez, sem afastar a pedra do disco, como ocorre nas máquinas tradicionais. Essa quebra de paradigmas e a proposta de gerar emprego para as camadas de baixa renda, ao desenvolver a cultura de lapidação com tecnologia, deu à Lapidart® o Prêmio Inovação Tecnológica Sebrae 2001, em disputa que envolveu 77 empresas. Nosso orgulho maior é ter desenvolvido no Brasil a primeira máquina de lapidação (e calibragem) com tecnologia 100% brasileira, um desafio enorme, diante da falta de tradição do nosso país em fabricar máquinas de precisão (até então privilégio da Alemanha, EUA e Israel). A empresa tem 5 pedidos de patentes no INPI, além do registro da marca, e está desenvolvendo novos produtos continuamente na sua sede, em Belo Horizonte, onde mantém um showroom e o Centro de Treinamento Lapidart (CTL). 

Uma máquina semi-automática para lapidar pedras preciosas com precisão e rapidez, batizada de Lapidart, está quebrando velhos paradigmas no mercado de gemas e jóias, setor que, somente em Minas, emprega 150 mil pessoas e exportou US$ 52 milhões, no ano passado. Criada pelo jornalista e empresário Sérgio Aspahan e seus sócios, Saturnino Rodrigues e Márcio Godinho, a Lapidart foi a ganhadora do Prêmio Inovação Tecnológica 2001, promovido pelo Sebrae-Minas durante o Minastec, em novembro de 2001, em Belo Horizonte, em disputa que envolveu 77 empresas do Estado. O invento, patenteado no INPI em março de 2000, é o primeiro facetador de pedras preciosas criado com tecnologia 100% brasileira, e surge como alternativa à lapidação tradicional a mão livre, que utiliza as mesmas técnicas desde os tempos do Brasil colonial. A máquina tem a mesma precisão das americanas e européias, porém é muito mais rápida, pois utiliza o conceito de movimento polar em arco graduado, enquanto as importadas utilizam o sistema linear para mudanças de graus. “Nós quebramos um paradigma mundial na construção da máquina, pois a Lapidart® é muito mais rápida que qualquer outra concorrente internacional e realmente dá produção”, diz Sérgio Aspahan.

A patente PI0002844 refere-se a “FACETADOR DE PEDRAS PRECIOSAS”. A presente invenção permite lapidar pedras preciosas com rapidez e precisão por ser dotada de um cabeçote do facetador, dotado de um anel deslizante que movimenta-se de zero a 90 graus em um graduador curvo, sem, no entanto, afastar a pedra do disco de corte, evitando-se ajustes constantes no mastro que suporta o conjunto, agilizando, assim, o processo de lapidação. O mecanismo dessa invenção, por trabalhar ao longo de um eixo curvo de zero a 90 graus e, por isso, possibilitar a execução direta dos ângulos marcados no graduador curvo, acaba com a lentidão no processo de lapidação, que é o maior problema dos atuais modelos de facetadores hoje existentes, que são lentos por trabalhar ao longo de um eixo vertical, obrigando o lapidário a fazer inúmeros ajustes na altura do equipamento a cada mudança de ângulo. 

O MU8103231 refere-se a aparelho para lapidar pedras preciosas com rapidez e precisão por ser dotada de um arco arco graduado (1), numerado de zero a 90 graus, um mastro (2), um braço de fixação do cabeçote (17), um berço do cabecote (12), um suporte do arco (6), um micrômetro (18), uma catraca-serra fixa (11) com 32 ou mais divisões, uma catraca-serra móvel (10) com 32 ou mais divisões, tambor com mola (16), um cabeçote do facetador (7), um vernier superior (3), um vernier inferior (4), uma trava de curso (5), um gancho-trava (26), um pino pivotante direito (27) e um pino pivotante esquerdo (28), sendo todas as peças descritas acima feitas, preferencialmente, em aço e latão, podendo ser construídas também em quaisquer materiais rígidos com boa resistência mecânica. 

O FACETADOR DE PEDRAS PRECIOSAS é composto por um graduador curvo, numerado de zero a 90 graus, um mastro, dotado de um tubo de suporte móvel, um regulador de altura graduado, um índex divisor de facetas; um batente, um cabeçote do facetador, dotado de mola, visor de leitura, batente, pino de regulagem lateral, e um suporte onde é encaixado um anel deslizante, que por sua vez é encaixado no graduador curvo, permitindo, assim, movimentar-se o cabeçote do facetador para cima ou para baixo, entre zero e 90 graus; todas as peças descritas acima são feitas, preferencialmente, em aço, podendo ser construídas também em quaisquer tipos de materiais rígidos e resistentes ao atrito. 

O projeto começou a nascer há dois anos com o protótipo virtual desenvolvido em 3D pela Duplo Ofício Comunicação, empresa dos mesmos sócios da Lapidart, e que financiou o desenvolvimento da máquina. Parte do investimento foi custeado pelo Programa de Apoio Tecnológico às Microempresas (Patme), através do Sebrae-MG, com protótipo físico desenvolvido pelo Senai, instituição com certificado ISO 9001. O conjunto de máquinas – facetador, calibrador, encanetador/transferidor, bancadas e acessórios – foi lançado no mercado em agosto de 2002, durante a XII Feira Internacional de Pedras Preciosas de Teófilo Otoni, MG. Desde então, já foram feitas vendas para Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Rondônia, entre outros estados, com diversas consultas para o exterior. Atualmente, a Lapidart está fazendo, junto com o Cetec (Centro Tecnológico de Minas Gerais) a certificação nacional do produto, que já foi aferido pelo Senai pelas normas de calibração do Imetro. O próximo passo é a certificação internacional, para ingressarmos no Mercado Comum Europeu e América do Norte. 

Nos EUA e Europa já existiam equipamentos de lapidação semi-automáticos, porém caros para serem importados e lentos para noso processo produtivo, pois eram mais voltados para o hobby. Segundo Sérgio Aspahan relata sua experiência de 20 anos no ramo: “O lapidador surgiu de uma necessidade que eu sentia por já ter trabalhado como lapidário-empreendedor e percebido que nossa tecnologia era muito arcaica, por ser artesanal. Percebi a necessidade de mudar o setor, modernizando o ferramental, visando à melhora da qualidade das gemas lapidadas para ter competitividade com o mercado externo, muito exigente. Pesquisei tanto o mercado interno quanto o externo, em termos de tecnologia, e criei o equipamento mais adaptado à realidade de nossos profissionais. Obtive apoio do Sebrae (Prêmio Sebrae de Tecnologia 2001) e do Senai para desenvolver o equipamento. Outros equipamentos surgiram depois, melhorando a realidade do setor.

O objetivo social da Lapidart®, segundo Sérgio Aspahan, é criar no Brasil a cultura da lapidação com alta tecnologia, promovendo a criação de cooperativas-escolas profissionalizantes e a geração de emprego para famílias de baixa renda nas províncias gemológicas. “Nós queremos incentivar a lapidação das pedras brasileiras e desestimular a exportação de pedras brutas, pois, para cada dólar em bruto exportado,o país deixa de faturar outros nove dólares por não lapidar a pedra”, diz. De fato, o Brasil, maior produtor de gemas do planeta, já foi também o maior exportador de pedras lapidadas do mundo, posto que perdeu para os países asiáticos – China, Tailândia, Coréia e Índia – que compram o material bruto para ser lapidado em máquinas de precisão. Esses países não permitem a exportação de pedras brutas. “A lapidação brasileira, com raras exceções, usa métodos primitivos, sem perfeição na forma, nos ângulos e no calibre, o que é rejeitado pelos exigentes joalheiros internacionais”, diz Sérgio. “Só com máquinas poderemos criar no Brasil a cultura da lapidação com alta tecnologia e reconquistar a liderança na exportação de gemas lapidadas”. Os investimentos pelo sebrae e Finep, via Patme, depois com recursos próprios vindos de uma editora que Sérgio possuía junto com outros dois sócios, permtiram o desenvolvimento do produto. 

Sérgio fala das dificuldades encontradas; “Dificuldades financeiras, técnicas e culturais, entre outras. Talvez a maior dificuldade tenha sido a técnica, pois no Brasil não existe a cultura de se fabricar equipamentos com muita precisão, pois impera o conceito de produzir-se muito com baixa qualidade. Foi dificílimo (e ainda é) conseguir pessoal especializado em mecânica de precisão (e também eletrônica). O setor de mecânica fina é muito restrito, e praticamente inacessível às pequenas empresas. A resistência cultural dos próprios lapidários, acostumados às práticas artesanais que remontam ao Império, também foi grande no início, sendo depois quebrada aos poucos. O setor, por ser fechado e restrito, também impede a comercialização em massa, encarecendo o produto por falta de escala. E, agora, a concorrência predatória e desleal ameaça a integridade dos nossos produtos e a nossa própria sobrevivência. “

Por ser a primeira máquina criada no Brasil e premiada pelo Sebrae e Finep, virou referência no setor. Ela foi responsável pela criação de diversas escolas (Goiânia, Governador Valadares, Araçuaí) e cooperativas (Salinas, Quarai, São Martinho e Ametista do Sul, no RS), laboratórios de escolas de geologia e gemologia de universidades (UFMG, USP, Univates, UFMT). Segundo Sérgio: “Exportamos algumas unidades para Espanha, Portugal, Suíça, EUA, Argentina, Bolívia) e preparamos para criar uma escola em Portugal e lapidações na África. Hoje o equipamento é copiado por outras empresas, para participar de licitações e vendas diretas ao consumidor, em clara afronta aos nossos direitos intelectuais. Fazem pequenas modificações e as chamam de “similar”. Ou seja, pirata genérico, com grandes prejuízos para nossa empresa.

Segundo Sérgio Asphan: “Nesses oito anos de luta e perseverança, podemos dizer que a Lapidart deu certo (o que é um milagre neste país). Mesmo sem financiamentos, sem capital de investidores, com pouco capital de giro e todas as dificuldades possíveis, conseguimos sobreviver e alcançar nosso ponto de equilíbrio dois anos atrás. Hoje a empresa trabalha com recursos próprios, longe de bancos, e já começa a investir no ramo de lapidação de gemas e fabricação de jóias.” A Lapidart virou um “case” de sucesso do Sebrae, com publicação no livro Histórias de Sucesso – Experiências Empreendedoras, ano 2004, e dissertação de mestrado das Faculdades Integradas Pedro Leopoldo, pelo professor Márcio Rosa Portes.

Sérgio Abrahão Aspahan é Pós-graduando em Design de Jóias pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), 2007 a 2008. Jornalista formado pela PUC Minas, em 1982, com high school nos Estados Unidos, em Arlington, Texas (1974-1975). Proprietário da Aspahan Gems, entre 1986 e 1996, empresa especializada em lapidação e exportação de gemas, em Teófilo Otoni, MG, onde explorou lavras de água-marinha. Fundador da GEA (Gems Exporters Association) e da Associação dos Corretores de Pedras Preciosas de Teófilo Otoni. É membro da Ajomig (Associação dos Joalheiros de Minas Gerais). Fundador e diretor da Lapidart Ltda e criador das primeiras máquinas de lapidar e calibrar pedras preciosas com tecnologia 100% nacional, desenvolvidas em parceria com o Senai e Sebrae (ganhadoras dos prêmios de Inovação Tecnológica Sebrae (2001) e Finep (2003). Autor do manual de lapidação da Lapidart, do vídeo passo-a-passo e do projeto de cooperativismo/incubadoras de lapidação “Tem uma pedra no caminho”, base para escolas e cooperativas que estão sendo criadas no país. À frente da Lapidart, é responsável pela instalação das escolas de lapidação do Senai de Governador Valadares e de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, da Faculdade Cambury, em Goiânia, entre outras em andamento em todo o país. Com os equipamentos Lapidart foram criadas cooperativas em Salinas, também no Vale do Jequitinhonha, e em São Martinho da Serra, Quarai e Ametista do Sul, no Rio Grande do Sul. É membro convidado, como empresa empreendedora e tecnológica, do Progemas, programa da Secretaria de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais que envolve a Univ. Federal de Minas Gerais, a Univ. Federal de Ouro Preto, a Univ. Estadual de Minas Gerais e o Centro de Tecnologia do Governo de Minas (Cetec) para a criação de arranjos produtivos locais de gemas e jóias (APL). 

Fonte: http://www.lapidart.com.br/ 
http://www.finep.gov.br/premio/noticia22.htm
 
acesso em dezembro de 2003
 
Agradeço ao INPI/FINEP pelo envio de informações em junho de 2008 para composição desta página
 
Agradeço ao inventor Sérgio Aspahan ([email protected]) pela revisão do texto em julho de 2008
 
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