Processo de Travamento de Fardos

José Ernesto Spinola Conti, Sócio e Gerente de Operações – Spinola Eng. Ltda, possui 3 invenções patenteadas na área de peação de cargas embarcadas em navios. Antes de nossa invenção, o travamento da carga era feito com madeiras e cabos de aço, resultando em um consumo extremo de madeira (muitas vezes até madeira nobre da floresta atlântica) e cabos de aço. Este processo antigo consumia entre 12 e 36 horas após o término da carga para ficar pronto, necessitando de pelo menos 30 homens. O custo deste processo ficava em até US$ 7 por tonelada de carga.Nosso sistema é feito com fitas metálicas produzidas no Brasil, excluindo completamente o uso da madeira (logo ecologicamente correto). Precisa de apenas 3 homens e conclui-se em no máximo 2 horas após o término da carga. O custo do nosso processo não ultrapassa US$ 1,50 por tonelada de carga.Hoje este processo é largamente utilizado por todas as usinas siderúrgicas do Brasil, bem como por grandes exportadores de cargas por sua grande praticidade e economia.Grande parte dos armadores, exigem este tipo de travamento, pois além de mais rápido (a diária de um navio é muito cara) e considerado o método mais seguro para cargas pesadas.

As 3 invenções (PI94010765, PI94010544 e PI94010552 de 1994) na verdade surgiram juntas, sendo cada uma para cada tipo de carga embarcada. Elas surgiram como alternativa para o grande consumo de madeira. Na época, as restrições por parte dos órgãos ambientais estavam começando a impor certos limites para a retirada da madeira da mata atlântica e as siderúrgicas precisavam de alguma alternativa. Pesquisamos então criar um sistema com fitas metálicas (que já eram usadas nas embalagens dos produtos siderúrgicos), só que fazendo uma “grande embalagem” de toda a carga no porão de um navio.

Segundo José Spinola “No momento da criação havia no mercado apenas fitas metálicas de embalagens, onde as melhores possuíam um limite de ruptura muito baixo (800 kg). Pelos cálculos que fizemos precisávamos de fitas com limites superiores a 4.000 kg. Como estávamos trabalhando junto a siderúrgicas, conseguimos que fosse produzido um aço que após laminado a frio, resultasse em uma fita metálica nas condições necessárias. Não foi fácil vencer esta etapa, pois uma siderúrgica para fazer uma pequena quantidade de aço “especial” é muito complicado, mas em aproximadamente 6 meses conseguimos vencer esta etapa.A etapa seguinte foi providenciar máquinas tensoras e seladoras que pudessem realizar o aperto necessário. Esta parte foi um pouco mais simples pois as mudanças mecânicas e pneumáticas nas máquinas existentes foram mais rápidas. Em aproximadamente 3 meses tínhamos a máquina que precisávamos.“.

Para os testes foram utilizados o laboratório de mecânica da UFES, para medir a tensão de ruptura das fitas. Foi necessário um grande número de testes para chegar ao tipo de aço que pudesse ser laminado com 1,12 mm de espessura por 32 mm de largura que apresentasse a resistência necessária. Estas eram as dimensões máximas da fita para que estivessem dentro das dimensões das máquinas tensoras e seladoras existentes no mercado. Caso não tivéssemos sucesso, o processo para criação de novas máquinas poderia inviabilizar toda a invenção, pois as máquinas adaptadas para estas dimensões já estavam no limite de peso para operação nos navios.

José Spinola é engenheiro mecânico formado pela UFES em 1976. De 1972 a 1976 trabalhou na CVRD tendo ingressado na SAMARCO em 1976. O inventor saiu da SAMARCO em 1979, para criar a Spinola Eng, uma empresa voltada para engenharia de controle, trabalhando inicialmente para a CVRD, SAMITRI, FERTECO e outras empresas exportadoras. Em 1982, Spinola iniciou trabalho junto a USIMINAS, e onde pode tomar contato com o serviço de travamento de carga nos porões dos navios. Inicialmente Spinola foi contratado para inspecionar o trabalho das empresas que prestavam serviço nesta área. Por ser um serviço de grande responsabilidade, pois se a carga não estivesse bem travada, poderia durante a viagem sofrer sérias avarias, com conseqüências imprevisíveis. O trabalho era inspecionar evitando assim que houvesse falhas. Desta forma Spinola pode iniciar o desenvolvimento daquilo que viria a ser as patentes a partir de 1993. Até a presente data o inventor a desenvolver a mesma operação junto a USIMINAS, porém com mais segurança, graças as suas invenções.

Fonte: 
Agradeço ao INPI/FINEP pelo envio de informações em junho de 2008 para composição desta página
 
acesso em junho de 2008
 
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