A secagem industrial da madeira, ou o simples ato de secar naturalmente, com as tábuas empilhadas à sombra, proporciona grandes vantagens para o produto. A secagem industrial, controlada por aquecimento artificial e ventilação, produz efeitos muito mais satisfatórios quando comparada com a secagem natural. O custo, porém, é diferente. Quando a árvore é recém cortada encontra-se saturada de água. A umidade diminui a resistência da madeira a esforços de natureza mecânica e propicia a proliferação de organismos xilófagos, que se alimentam da madeira. É importante, portanto, reduzir ao máximo a instabilidade, que é uma característica inerente à madeira e que pode comprometer o produto final. Secar neste caso é a melhor solução. São muitas as vantagens de secar a madeira, entre elas a capacidade das peças em receber melhor a aplicação de tintas e vernizes.
“A secagem de madeira na Amazônia, região muito quente e com níveis elevados de umidade do ar, tem sido um problema sério para os pequenos empresários do setor”, diz o coordenador de Difusão Científica do INPA, Carlos Roberto Bueno. Segundo ele, a secagem ao ar livre não permite obter madeira de boa qualidade, e os secadores convencionais, que funcionam à base de eletricidade ou vapor, estão fora do alcance das empresas de pequeno porte em razão de seu alto custo. O secador é feito em alvenaria e consiste basicamente de um coletor solar, uma câmara de secagem e dois ventiladores axiais. O coletor e a câmara são separados para facilitar o controle da temperatura durante o processo de secagem. Para evitar a quebra dos vidros do coletor solar durante o manuseio da madeira para a secagem, os designers do equipamento tiveram uma boa idéia: instalar o coletor na parte superior da câmara. Dessa forma, ele funciona também como telhado para a câmara de secagem.
O protótipo da câmara desenvolvido pelos técnicos do INPA tem 4,70 m de largura por 4,70 m de comprimento e 2,50 m de altura e foi dimensionado para secar cinco metros cúbicos de madeira serrada de uma polegada de espessura. Sua capacidade, no entanto, depende das dimensões das tábuas e da espessura dos separadores usados para empilhar a madeira. Se o empresário precisar de secar um grande volume de madeira, ele deve, segundo os técnicos, construir mais unidades nas dimensões especificadas. A câmara é dividida em dois compartimentos através de uma parede central, na qual foram instalados dois ventiladores axiais de um metro de diâmetro, cada um deles produzindo um fluxo de ar de 400 metros cúbicos por minuto. O coletor solar é do tipo simples e plano, usando a laje da câmara de secagem como superfície coletora de calor. A cobertura consiste de uma camada de vidro de 4 mm de espessura.
Uma camada de carvão vegetal é colocada sobre a base do coletor para aumentar a área de absorção de calor e produzir maior turbulência, permitindo melhor captação de energia solar. Dutos de ar na parte interior das paredes laterais fazem a conexão entre o coletor solar e a câmara de secagem. Aberturas de 20 cm de diâmetro devem ser feitas nas paredes laterais para permitir a renovação de ar no interior da câmara durante a secagem. Durante o dia, o Sol aquece o ar dentro do coletor. Com o auxílio dos ventiladores, o ar aquecido espalha-se por entre as pilhas de madeira, retirando a umidade das tábuas. À noite, a temperatura dentro do secador cai, mas mantém-se mais elevada do que a temperatura ambiente, em razão do bom isolamento da câmara. A umidade do ar dentro do secador também se mantém em patamares inferiores à umidade do meio externo. Isso faz com que parte da umidade seja retirada da madeira também durante a noite, quando não há sol, até que o processo de secagem retome seu ritmo normal no dia seguinte .
O controle da temperatura e da umidade do ar dentro do secador é fundamental para que se tenha sucesso na secagem. A falta de controle dessas variáveis pode resultar em secagens ineficientes ou causar danos irreparáveis na madeira. No início da secagem, por exemplo, é desejável que a umidade dentro do secador seja alta, para evitar defeitos como endurecimento superficial ou rachaduras. Outro cuidado que se deve ter é retirar a serragem das tábuas antes de colocá-las no secador, para facilitar a evaporação da água das tábuas e evitar o desenvolvimento de fungos e o ataque de insetos. Até agora já foram construídas 20 unidades do secador solar desenvolvido pelo INPA. Ao custo unitário de R$ 6 mil, esses secadores vêm sendo utilizados com eficiência por indústrias da Amazônia brasileira, do Peru, da Costa Rica e da Malásia. Confiantes na excelência de sua madeira, bem-tratada num secador solar do INPA, os proprietários de uma movelaria de Manaus vêm oferecendo até cinco anos de garantia para os móveis que fabricam. Apesar do sucesso alcançado pelo secador solar, os técnicos do Instituto querem torná-lo ainda mais eficiente. No momento, eles procuram meios de usar a energia do Sol para mover também os seus ventiladores, único item do equipamento que ainda depende de energia elétrica para funcionar.
Fonte:
http://www.madeirasdobrasil.eng.br/secagem.html
acesso em abril de 2002
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