Chocalhos (Mussurunas-maracás, auáiú, guararás, urucá, butori, etc.): são os instrumentos mais populares entre todas as tribos. Podem ser usados como guizos ou presos aos corpo. São confeccionados de caroços de frutos, sementes, unhas e dentes de animais, caramujos, carapaças de tartaruguinhas, etc. São muito usados como tornozeleiras nas danças, assim como também aparecem atados à bastões, sempre conservando significados místicos. Com o movimento dos pés, fazia-se ouvir o som destes reduzidos chocalhos, imitando talvez a cascavel, que desprende dos anéis atritados da cauda, quando marcha, um ruído crepitante de sacais machucados. O instrumento mais nobre dentre eles é o “Maracá”, que é feito, às vezes de cabaça oca, é um pequeno globo, cheio de pedrinhas esféricas, também de bolas de terra-cota ou tentos vegetais, tinha um penacho no alto e, em baixo, o cabo de madeira, osso, chifre, palha ou fibras. Agitado pelo pajé, curandeiro da tribo, na hora das invocações, dos sacrifícios e das mandingas, enxotava do corpo da vítima os espíritos malignos.
O Maracá portanto, sinaliza o poder espiritual, que pode atrair bons espíritos e se defender dos maus. Talvez, pelo fato de ser um instrumento religioso, trazido pelos pajés das cerimônias litúrgicas e, por isso, guardado com reservas especiais entre os despojos dos sacerdotes indígenas, ele tenha chegado até nós, com esse aspecto multifário. A figura ao lado mostra a dança Tupinambá com maracá na mão e chocalho em fieira nas pernas, gravura de Tehodor de Bry, (ca. 1528-1598), reproduzida do livro Viagem à Terra do Brasil de Jean de Léry, reed. Liv. Martins Fontes, SP, ca..1940, cop.edição orig. de 1578. Segundo Luix Vidal, um maracá é um instrumento musical mas pode ser entendido, em uma dada sociedade indígena, como a representação simbólica das vozes das substâncias dos espíritos e divindades que chegam à aldeia em momentos especiais: as cerimônias em que os pajés (e só eles) tocam o maracá. O uso do instrumento significa, literalmente, um ato de produção de música, de ritmo; ganha, além disso, uma significação extra, sobreposta à primeira: este instrumento musical, usado neste contexto ritual e por pessoas com saberes e habilidades especiais de comunicação com os deuses, passa a significar, simbolicamente, a visita, a chegada dos espíritos ao mundo dos vivos. Seu som sacraliza o momento e o lugar onde esta experiência é vivida.
Fonte: http://www.terravista.pt/mussulo/1701/Brasil_musical_apresent_2.htm
http://www.caradobrasil.com.br/artperf/lendas/somindigena.htm
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/humanas/educacao/tematica/cap15.html
http://www.terravista.pt/mussulo/1701/quadro_iii.htm
acesso em abril de 2003
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