Seringa Auto Descartável

O Ministério da Saúde já notificou 220 mil casos de AIDS no Brasil. Os relatórios da Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST e AIDS provam que 30% dos infectados contraem AIDS através do compartilhamento de seringas. Pensando nisso, os franqueados da Rede de Farmácias Drogabel Drogarias José Alfredo dos Santos e Juarez Alves, em parceria com o engenheiro mecânico Geraldo Krupp, criaram um dispositivo que torna a seringa comum em autodescartável. O dispositivo criado pelos três gaúchos faz com que a seringa se autodescarte após a realização dos movimentos técnicos de aplicação. O invento já está registrado no INPI. Segundo José Alfredo dos Santos o projeto já é uma realidade, possui toda a documentação e protótipo, o que falta agora é encontrar um fabricante ou investidor. A invenção tem como objetivo maior atingir usuários de drogas injetáveis, evitando a contaminação da AIDS e de outras doenças como a hepatite. A lei de nº 9273 de 03 de maio de 1996, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, diz que é obrigatório a inclusão de dispositivo de segurança que impeça a reutilização das seringas. Os dispositivos existentes não são autodescartáveis, o que torna possível utilizá-las novamente.

Segundo os inventores: “As indústrias só terão que se adequar à lei e adaptar o dispositivo no embolo da seringa, porque todas as seringas permanecerão com suas características atuais”. O diferencial deste dispositivo, concentra-se na concepção (repetição das cinco etapas de aplicação, 1º – Sugar o conteúdo, 2º – Tirar o ar da seringa, 3º – Introduzir a agulha, no corpo, 4º – Verificar se está no local, puxando o líquido, 5º – Injetar o conteúdo), garantindo ao final da aplicação, a separação em duas partes, do êmbolo, soltando a haste internamente, e permitindo o descarte involuntário do aparelho. Entre todos os aparelhos, ou dispositivos, verificados até o momento, garante-se total originalidade da invenção, pois todos necessitam chegar ao final da aplicação, e os mecanismos dependem da atitude do usuário, ou seja dependem da escolha consciente do usuário para ocorrer o descarte, enquanto que no WWW isto não é necessário. 

Diversas tentativas foram propostas para produção de uma seringa descartável dotada de meios que inviabilizem o seu segundo uso. Entretanto, invariavelmente, essas soluções ou são muito complexas, dificultando a produção e encarecendo o produto ou não garantem eficazmente a reutilização da seringa. São encontrados diversos tipos de seringas descartáveis com dispositivos para impedir a sua reutilização, as quais podem ser classificadas, basicamente, nos seguintes grupos: Seringas que possuem meios de ruptura da extremidade interna da haste, causando a separação do êmbolo após o primeiro uso, impedindo uma Segunda aspiração de líquido; Seringas com dentes internos ao corpo, que bloqueiam o retorno do êmbolo, impedindo o reenchimento da seringa; Seringas com batentes de fim do curso do êmbolo ou da haste, que impedem a injeção do líquido aspirado pela Segunda vez; Seringas com dispositivos perfurantes posicionados na extremidade interna do corpo que dilaceram ou travam o êmbolo; Seringas com sistemas que desacoplam o êmbolo da haste no fim de curso bloqueando aspiração de novas quantidades de líquido; Seringas com dispositivos externos ao corpo que travam a movimentação da haste ou do êmbolo; Seringas com válvulas de retenção que não permitem a aspiração de líquidos externos.

Algumas seringas descritas nos documentos acima não impedem definitivamente a possibilidade de reutilização, ficando a critério de quem a manipula tal prática. Por exemplo, não levar o êmbolo até o fim do curso superior ou inferior, ou ainda não romper dispositivos externos podem permitir a reutilização da seringa. Outras seringas são eficazes no bloqueio do segundo uso, entretanto são complexas e adotam peças adicionais, que inviabilizam a sua produção em larga escala ou não apresentam competitividade frente as seringas descartáveis convencionais.A autoridade sanitária do país, preocupada com a disseminação das doenças contagiosas, em especial da AIDS e da Hepatite C (considerada a nova epidemia do século), propôs e foi aprovada pelo poder Legislativo a Lei 9273, de 03/05/1996, que “torna obrigatória a inclusão de dispositivo de segurança interna que impeça a reutilização de seringas descartáveis”. Apesar dessa obrigação legal, ainda não está disponível no mercado, seringas com tais dispositivos de segurança (obrigatórios).Conclui-se que a concorrência, ou não dispõe de mecanismo, que se auto descarte, de forma involuntária, ou sua tecnologia de auto descarte, determinará preços proibitivos de comercialização.

A patente PI 0105982 refere-se “APERFEIÇOAMENTO EM SERINGA DESCARTÁVEL COM MEIOS PARA UTILIZAÇÃO ÚNICA”. A presente invenção refere-se a uma inovadora concepção em seringa descartável, executada em material plástico e destinada a aplicação de injeção subcutânea, muscular ou intravenosa, que é dotada de um mecanismo interno de segurança, que não permite a sua reutilização após o primeiro uso. O aperfeiçoamento em seringa compreende um corpo convencional, em cujo interior está montado um êmbolo acionado por uma haste, em cuja extremidade oposta é encaixado um manípulo convencional. Na extremidade frontal do corpo há um bico onde é montado por meios adequados uma agulha convencional. Na extremidade traseira do corpo é montada uma tampa que guia o deslocamento da haste. Essa tampa deve ser soldada no corpo de modo irremovível, tal como por fusão eletrônica ou adesão química, de modo que não possa ser retirada sem a ruptura da seringa. 

O êmbolo é dotado de uma borracha de vedação convencional, posicionada frontalmente, e de uma porção traseira com rasgos em ziguezague. A haste é independente do êmbolo, sendo a interconexão através de meios de ligação. Esses meios de ligação são pivotados na extremidade anterior da haste e vinculados nos rasgos do êmbolo. Os meios de ligação são, preferencialmente, hastes filamentares com efeito mola, cuja força tende a abrí-las contra as paredes internas do corpo da seringa. A tampa de fechamento do corpo da seringa apresenta uma abertura que coincide com a seção transversal da haste. Preferencialmente, a seção transversal da haste é em forma de cruz. Para impedir a movimentação indesejada da haste durante a estocagem, distribuição e venda da seringa é empregada uma trava de segurança que encaixa-se, perifericamente, em um recesso da tampa e centralmente em rebaixos existentes nas paredes da haste. 

As seringas são dispositivos, empregados de longa data, para injetar em seres humanos ou animais, diversos produtos líquidos farmacológicos, tais como vacinas, antibióticos, vitaminas, entre outros. As seringas possuíam, um corpo com êmbolo interno de vidro e uma agulha metálica, a qual era montada em um bico, anterior ao dito corpo. Mais recentemente, cerca de 20 anos, as seringas passaram a ser produzidas de plástico, a fim de tornarem-se descartáveis após o primeiro uso, reduzindo o risco de contaminação. De forma inversa a reutilização das seringas, principalmente entre os toxicômanos, é uma “necessidade” ainda freqüente, configurando um dos importantes vetores na disseminação das doenças contagiosas. Por conseqüência os custos, a serem administrados pela assistência médica, pública ou privada, para a manutenção da sobrevida dos portadores dessas doenças, oneram terrivelmente a sociedade.

A Seringa One Way – caminho único (nome provisório), ou o Dispositivo de Segurança One Way para seringas, é uma invenção que vem de maneira eficaz resolver as limitações encontradas nas seringas descartáveis integrantes do estado da técnica. Isto é, conseguindo através de um mecanismo interno posicionado entre o êmbolo e a haste da seringa, lacrado e inviolável, capaz de descartar definitivamente a seringa após o primeiro uso, tornando impossível a sua reutilização, mesmo que o paciente seja negligente no uso, ou que tente manipular a seringa, no intuito de burlar o dispositivo interno de segurança. Algumas seringas descritas no estado da técnica acima não impedem definitivamente a possibilidade de reutilização, ficando a critério de quem a manipula tal prática. Por exemplo, não levar o êmbolo até o fim do curso superior ou inferior, ou ainda não romper dispositivos externos podem permitir a reutilização da seringa. Outras seringas são eficazes no bloqueio do segundo uso, entretanto são complexas e adotam peças adicionais, que inviabilizam a sua produção em larga escala ou não apresentam competitividade frente as seringas descartáveis convencionais.

O ramo de fabricação de produtos descartáveis na área da saúde humana, para o produto seringa descartável, encontra-se estagnado há mais de 4 anos, não em termos de volume mas em lucratividade e rentabilidade, pois embora acompanhe o crescimento vegetativo das populações uma análise simplória sugere uma comoditização do produto, e o volume dividido entre poucos jogadores, três ou quatro grandes fabricantes. Os fabricantes por sua vez, contentam-se com os espaços de mercado na medida em que sem grandes sobressaltos, investimentos e ou novos concorrentes, administram os pedidos governamentais (políticas públicas de prevenção doenças transmissíveis), e as demandas de grandes distribuidores e ou representantes por área. 

O mercado-alvo no Brasil é um mercado de 100.000.000 (cem milhões de unidades de seringas), por mês, informação obtida com um fabricante nacional, e corroborada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), detentor de 30% do mercado. Por paradoxal que pareça, uma parte dos nossos “clientes” finais, talvez não desejem conscientemente nosso produto, entretanto o custo social de manter o tratamento mensal de um aidético, que a partir de 1996, quando o governo começou a distribuir gratuitamente o coquetel anti-aids e as demais ações, já demonstram que o crescimento da epidemia se estabilizou numa média de 20 mil novos casos por ano, até 1999. Em 2000, houve indício de declínio, com o registro de 15 mil novos casos. O primeiro semestre de 2001 confirmou a queda, embora os números só possam ser considerados definitivos após três anos de notificação.

O uso de drogas injetáveis é responsável por 18,1% dos casos registrados (dados da Coordenação de Combate a Aids e DST- 2002), ou seja está-se trabalhando com a contaminação de 2.700 pessoas/ano, unicamente pelo compartilhamento de seringas, ditas descartáveis. Esperar-se que uma pessoa, dependente química, tenha a atitude voluntária de descartar a seringa, ou utilizar-se de algum meio voluntário de descarte, é desejar o impossível. 

Na lógica do mercado, está-se suprindo uma necessidade não atendida, na medida em que o Dispositivo One Way para Seringas, é o único, no Brasil (possivelmente no mundo, pesquisa a ser concluída, no processo do INPI), realmente auto-descartável, ou seja, impede todo e qualquer reaproveitamento das seringas, impedindo a transmissão de doenças infecto-contagiosas, sem cura definitiva (AIDS, Hepatite C), que trazem conseqüências em termos de custos sociais incalculáveis aos países e suas populações, pois em muitos casos, além dos tratamentos de manutenção, existem os transplantes (fígado), que após a cirurgia, demandam tratamentos contra a rejeição, diga-se de passagem muito caros, e de novo o Estado participa em boa parte do custo.

Fonte: http://www.capitalgaucha.com.br/noticias/ 
http://www.oisaojose.com.br/out02/doleitorout02.htm
 
acesso em abril de 2003
 
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