Leite Dietético

Com a infinita calma dos bovinos, um grupo de vacas alimenta-se de capim e de ração no estábulo da fazenda experimental da Embrapa em Vassouras, RJ. Elas são especiais: seu leite tem 30% a menos de gordura e 10% a mais de proteína, além de propriedades anticancerígenas. Provavelmente dentro de três anos os pecuaristas brasileiros poderão distribuir esse leite, obtido a partir de estudos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba. Esse leite, equivalente a um semidesnatado, é o mais recente experimento do engenheiro agrônomo Dante Pazzanese Lanna, da Esalq, que trabalhou em parceria com pesquisadores dos Estados Unidos (EUA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

 

Para obter o leite sonhado pelos nutricionistas, Lanna formulou uma ração com moléculas modificadas de ácido linoleico conjugado (CLA), um ácido graxo que forma os lipídios (gorduras). Adicionado à alimentação animal, o ácido modificado funciona como um composto farmacêutico, alterando a síntese de gordura na glândula mamária.

Lanna começou a estudar há quatro anos as propriedades do CLA, que é produzido naturalmente no estômago dos ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos) e encontrado em alimentos de origem animal, sobretudo o leite. Seus efeitos biológicos e anticancerígenos têm sido reiterados em pesquisas internacionais.

A hipótese de que seria preciso pôr mais aminoácidos na dieta para a vaca produzir mais caseína (a proteína do leite) provou-se correta e ocorreu um notável aumento no teor proteico. A equipe de Lanna patenteou o efeito do CLA na redução da gordura do leite. Agora, os pesquisadores da Esalq, da Embrapa, da Universidade de Idaho e a FAPESP estão requerendo o registro da descoberta de que o CLA aumenta o teor e a produção de proteína do leite em até 10% e 20%, respectivamente. Já em contato com o setor privado, os pesquisadores querem oferecer a suplementação a baixo custo, o que parece viável porque o ácido linoleico, matéria-prima do CLA, pode ser facilmente obtido de alimentos como os óleos de oliva e de soja. Pode ser um caminho para ampliar tanto a produção, hoje de 20 bilhões de litros, quanto o consumo de leite no Brasil, estimado em 137 litros por habitante/ano, o equivalente a um copo por dia ou um terço do recomendável para evitar problemas como osteoporose

 

Fonte:

http://www.fapesp.br/ciencia554.htm

http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n181.htm

 

acesso em dezembro de 2001

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