O açúcar que utilizamos em casa contém a sacarose: um dos vários compostos orgânicos de sabor doce, incolores, solúveis em água, encontrados na seiva de várias plantas (como a cana-de-açúcar) e no leite de mamíferos. O açúcar mais comum é justamente a sacarose, que, puro, é utilizado na indústria de alimentos e bebidas. Os açúcares pertencem a uma classe de compostos orgânicos chamados carboidratos, ou hidratos de carbono. O nome deriva da reação de fotossíntese que ocorre nas plantas, com a ação catalítica da clorofila: o dióxido de carbono se combina com a água e formam a glucose. As moléculas de glucose podem se combinar e formar outros dois componentes característicos das plantas: a sacarose, a celulose e o amido. As moléculas de celulose garantem a sustentação da planta, e as de amido servem como um armazenamento de alimento para servir à nova planta, durante o crescimento inicial. Tanto a sacarose, amido ou celulose são vitais para as necessidades básicas do homem. Os carboidratos são muito importantes para os seres vivos. O mecanismo de armazenamento de energia, para quase todos os seres vivos de nosso planeta, baseia-se em carboidratos ou lipídeos – os carboidratos são uma fonte de energia imediata, enquanto que os lipídeos queimam em uma velocidade menor, servindo para longo prazo.
Popularmente chamados de adoçantes, os edulcorantes são substâncias naturais ou artificiais de alto ou baixo poder de doçura. Um dos seus usos mais frequentes é na substituição do açúcar em produtos denominados diet ou light. A Stevia é um desses edulcorantes (adoçante) naturais. Não é calórico, sendo extraído das folhas da Stevia rebaudiana, planta silvestre da família do Crisântemo. Ela cresce naturalmente no Brasil e no Paraguai. Apesar de originária da América do Sul, hoje também pode ser encontrada em outros países como Japão, China, México e Estados Unidos. Desde o período pré-descobrimento, esse edulcorante já era utilizado pelos índios guaranis, para adoçar bebidas e remédios. O cientista Antônio Bertoni foi o primeiro a registrar esse costume pelos nativos, em 1887. Em 1970, os japoneses começaram a extrair o pó adoçante das folhas de Stevia e produzi-lo comercialmente, além de utilizá-lo na alimentação. Nos Estados Unidos, o Food and Drugs Administration, FDA, departamento que fiscaliza a produção e comercialização de alimentos e remédios naquele país, decidiu que a Stevia não era um aditivo seguro e impediu oficialmente sua importação e venda, em 1991.
Quatro anos depois, mediante a realização de novas pesquisas, o FDA admitiu a segurança do produto e liberou a importação das folhas e do extrato. No Brasil, é comercializado livremente, podendo ser encontrado em supermercados e lojas de produtos naturais.
Seu consumo cresce potencialmente em todo o mundo, e muitos consumidores sul-americanos estão comprando Stevia cultivada na Ásia. Os glicosídios, na verdade esteviosídeos, encontrados nas folhas da Stevia têm poder adoçante 300 vezes superior ao do açúcar comum. Não é cariogênico e apresenta sabor agradável, sem gosto residual. É indicado para dietas com restrição de açúcar, e pode ser usado por diabéticos, obesos, idosos e crianças. É bom lembrar que o açúcar da cana, além do seu alto valor calórico, está associado a diversas doenças degenerativas da atualidade. Antes de comprar o produto, é necessário verificar cuidadosamente sua composição. Alguns adoçantes à base de Stevia podem não conter apenas esse ingrediente. Às vezes estão acrescidos de sacarina e outros aditivos. A Stevia tem várias utilidades na alimentação. Pode ser usada no preparo de sucos, sorvetes, chás, pratos cozidos ou assados, não tendo, porém, a capacidade de caramelizar-se.
Mesmo sendo um produto natural, o consumo do esteviosídeo — adoçante obtido da planta Stevia rebaudiana — por animais de laboratório mostrou que a substância pode causar lesões no DNA das células de diferentes órgãos. Pelos resultados do trabalho que está no prelo e será publicado em breve na revista Food and Chemical Toxicology, a análise do sangue de ratos alimentados com uma solução de esteviosídeo diluída em água revelou lesões em sangue periférico, fígado, baço e — o que mais surpreendeu os pesquisadores — cérebro dos animais. Este foi apenas mais um dos resultados dos diversos estudos que fazem parte da pesquisa “Efeitos biológicos induzidos por agentes físicos e químicos presentes no meio ambiente”, coordenada pelo professor Adriano Caldeira de Araújo, do Instituto de Biologia, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com apoio do edital Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ.
No caso da Stevia rebaudiana, após a dissertação de mestrado da nutricionista Ana Paula da Motta Nunes, ainda será preciso entender os mecanismos que levam à formação das lesões, o que caberá a outros especialistas.
Na época da colonização da América do Sul pelos espanhóis e portugueses, nas imediações do território paraguaio e regiões circunvizinhas, como Brasil, Argentina e Bolívia, habitavam os índios nativos tupi guaranís. Estes indígenas constituíam uma população ao redor de 400 mil indivíduos. Integrados à floresta e cultivando plantas especiais que utilizavam como remédios e alimentos. Os índios da América demonstraram o valor de plantas como a mandioca, a batata-doce, o algodão, o milho, a baunilha, o mate e muitas outras que hoje são universalmente conhecidas e cultivadas. Descobriram e ensinaram também sobre as propriedades da coca, da vanila, da quina, da salsaparrilha e dezenas de outras espécies medicinais. Uma pequena planta, chamada de Kaá-Hê-ê, que em guarani significa erva-doce, era muito utilizada pelos índios para adoçar diversas preparações medicinais, já que suas folhas apresentavam propriedade extremamente doce. Embora conhecida dos índios e documentada pelos conquistadores espanhóis conforme documentos mantidos pelo Arquivo Nacional de Assunção, somente em 1887, esta planta teve sua primeira abordagem científica dada pelo naturalista Moisés Bertoni. A partir de uma pequena amostra e alguns fragmentos de inflorescência o pesquisador determinou que a planta tinha certas características do gênero Stevia ou Eupatorium. Parte do material analisado foi enviado ao químico paraguaio, Ovídio Rebaudi, que realizou os primeiros ensaios químicos sobre a planta, publicados em 1900, na revista argentina Química e Farmácia. Numa homenagem ao pesquisador, Bertoni havia denominado a planta de Eupatorium rebaudiana. Em 1905, após estudos botânicos mais aprofundados, Bertoni comprovou que se tratava realmente de uma Eupatoriae porém do gênero Stevia e assim denominou-a de Stevia rebaudiana. Mais tarde a Sociedade Botânica do Paraguai denominou-a de Stevia rebaudiana Bertoni.
A partir de então a atenção e o interesse sobre a Stevia foi crescente. Mesmo naquela época, Bertoni já apregoava a possibilidade de industrializar as folhas da planta para substituir á sacarina, como adoçante. A produção agrícola iniciou-se com o próprio Bertoni, que incumbiu a Sra. Vera Jimenes de cultivar a planta. Foram cultivados 500 exemplares a partir da reprodução da planta progenitora, utilizando-se do processo de produção de mudas por estaquia. Esta produção chegou a atingir 2 hectares de mudas, o que gerou a implantação de uma empresa de comercialização das mudas de Stevia. A partir daí a propagação se intensificou pelo Paraguai e países vizinhos. Dado ao grande interesse despertado sobre a planta o governo paraguaio oficializou a propagação da planta no país já que a produção atingia, na época, cerca de 2000 quilos de folhas por hectare. Em 1932, o preço do quilo de folhas era muito alto e com o aumento da produção este preço diminuiu sendo que em 1945 estava próximo de 2 dólares o quilo. Atualmente o preço tem sido mantido na faixa de 1 dólar o quilo, dependendo evidentemente da qualidade apresentada pelas folhas. No começo do século, também no Brasil a Stevia teve destaque científico e tecnológico. A planta tinha ampla distribuição nativa no nosso território e já atraia o interesse dos pesquisadores e agricultores. Como Pio Correia observou, a Stevia rebaudiana, no Brasil ocupava uma vasta área nativa talvez uma maior do que no próprio Paraguai. Hoje sabemos que a planta é encontrada nativa também no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Em estudos fitogeográficos sobre Stevia rebaudiana, Jabur e Thomaz em 1984, num trabalho realizado na Universidade Estadual de Maringá, encontraram a espécie nativa em focos isolados no arenito do Caiuá, região com solo e clima muito semelhantes à região de origem da planta. A região estudada localiza-se no norte e oeste do Paraná, na bacia do Rio Ivaí e parte da bacia do Rio Paranapanema, na divisa com o Estado de São Paulo. Segundos os pesquisadores esta é uma região potencialmente nativa da planta, pois apresenta todos os requisitos para o seu desenvolvimento. A invasão da Stevia rebaudiana nesta região é recente, pelo fato de que há pouco houve o seu completo desmatamento, transformando-a em campo arenoso. Há ainda nessa região um fator importante para a implantação da espécie, que é o maior nível de umidade do solo devido à densa rede fluvial que corre por todo o arenito do Caiuá. De acordo com o presidente da Steviafarma, Fernando Meneguetti, as pesquisas com a stevia levaram a uma experiência bem-sucedida com transferência de tecnologia. Uma patente adquirida da Universidade Estadual de Maringá serviu como base para a produção do carro-chefe da empresa, o adoçante Stevia. Em 1988, foi desenvolvida tecnologia para a produção de adoçante natural à base de stevia, planta nativa do Paraguai.
Desde as primeiras observações feitas por Ribaudi, estudos sistemáticos vêm sendo realizados em todo o mundo com a finalidade de um aproveitamento racional das propriedades edulcorantes e medicinais da Stevia rebaudiana assim como, na determinação e estrutura química do adoçante. O princípio edulcorante, um glicosídeo, foi isolado pela primeira vez, por Raenack em 1908, na forma cristalina. Ele obteve um extrato alcoólico das folhas, precipitou este extrato com éter e o produto foi cristalizado com metanol. O isolamento do glicosídeo foi também descrito por Dieterich em 1909, que obteve duas formas do mesmo denominado-as Eupatorina e Rebaudina. Em 1924, por decisão da Union Internacionale de Chimie em Copenhagen, o nome Steviosídeo foi atribuído ao princípio adoçante conforme Bridel e Lavielle em 1931. Na segunda metade da década de 50, a estrutura do steviosídeo foi completamente elucidada como é conhecida atualmente. Em 1913, baseado numa análise de um laboratório em Hamburgo, Bertoni anunciou o poder edulcorante da substância extraída das folhas de Stevia como sendo mais ou menos 180 vezes mais doce que o açúcar de cana. Em 1931, após o isolamento e identificação do steviosídeo, principal princípio edulcorante da Stevia, Bridel e Lavielle anunciaram um poder edulcorante deste composto como sendo 300 vezes mais doce que o açúcar comum. Em 1959, Lawrence e Fergunson publicaram dados obtidos sobre o poder edulcorante do steviosídeo, que ficou estabelecido em cerca de 280 a 300 vezes que o da sacarose em seu limiar de dulçor .
Fonte:
http://www.braziliantemple.com/artigos/saude/naturalmentedoce.htm
http://www.quimica.matrix.com.br/artigos/sugar.html
acesso em junho de 2002
JORNAL DO COMMERCIO DATA: 08 & 09/08/04 ON-LINE País dá passos tímidos na transferência tecnológica
http://www.dbq.uem.br/stevia.htm
http://www.abrates.org.br/revista/artigos/1992/v14n1/artigo14.pdf
acesso em setembro de 2008
http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=3476
acesso em janeiro de 2009