“Andiroba”

A Andiroba é inatacável por insetos. Suas sementes são usadas há muitos séculos contra picadas venenosas de cobras, escorpiões, abelhas e aranhas. Dão um óleo que não só espanta mosquitos como trata das picadas – além de servir contra vermes, protozoários, artrite, reumatismo, inflamações em geral, infecção renal, hepatite, icterícia, e outras infecções do fígado, dispepsias, fadiga muscular, dores nos pés, resfriados, gripes, febre, tosse, psoríase, sarna, micose, lepra, malária, tétano, herpes e úlceras graves. É adstringente e cicatrizante de efeito rápido, bom para a malinha de primeiros socorros. As folhas e a casca são usadas para fazer um chá que tem poderosa ação diurética e limpa rins e bexiga. É carrapaticida. Parasiticida. Está sendo testado para câncer.

Foi o uso medicinal da andiroba que se espalhou por Guatemala, Peru, Colômbia, Panamá, Trinidad, Venezuela, Brasil. O óleo de andiroba bruto tem consistência de banha, tanto que é chamado de azeite na região norte. Seu nome vem do tupy-guarani “andi-roba”, gosto amargo, e o cheiro de seu óleo é também acre e perturbador. O método de extração é muito primitivo, mas funciona: as sementes que caem das árvores ficam boiando nos rios e igarapés; são recolhidas, fervidas e deixadas de lado até a casca apodrecer; aí são espremidas no tipiti. Cada árvore dá 200 quilos de sementes por ano, e 6 quilos de sementes dão 1 litro de óleo de andiroba. E do bagaço são feitas bolas que ficam queimando para afastar os insetos. E foi assim que começou a pesquisa da Vela de Andiroba.


A vela de andiroba é usada como repelente, sua queima não produz fumaça tóxica ou fuligem, não tem cheiro e a matéria- prima vegetal tem origem certificada pelo IBAMA. Resultado de pesquisas realizadas na Fiocruz o dispositivo na forma de vela é capaz de volatilizar substâncias presentes na semente de andiroba, durante um período suficiente para afastar insetos hematófagos, como por exemplo, mosquitos dos gêneros Culex, Aedes Anopheles, piuns ou borrachudos.  A andiroba é uma árvore muito abundante na região amazônica. O óleo extraído de sua semente é usado tradicionalmente pela população local e pelos indígenas para fricções sobre tecidos inflamados, como repelente de insetos ou fago-repelente. Fago-repelentes são substâncias que quando experimentadas em insetos, inibem de forma permanente ou temporária, na sua alimentação.

O produto, desenvolvido pelo Instituto Far-Manguinhos (da Fiocruz) a partir do bagaço da andiroba, possui um laudo do Laboratório de Biologia da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro atestando uma eficácia de 100% na repelência do mosquito Aedes aegypti, vetor da febre amarela e da dengue.

 A presente invenção trata de um dispositivo capaz de volatilizar substâncias extraídas da semente e fruto da árvore andiroba (Carapa guianensis Aublet), durante um período suficiente para afastar insetos hematófagos, como por exemplo, mosquitos dos gêneros Culex, Aedes e Anopheles, piuns ou borrachudos. Dentre esses insetos, incluem-se vetores de agentes etiológicos de doenças como a filariose, dengue, leishmaniose, malária e outras. O dispositivo pode estar na forma de vela, lamparina, placa aquecida ou semelhante, e compreende meios de aquecimento para volatilizar substâncias repelentes de insetos e composição consistindo de ditas substâncias homogeneamente misturadas em veículos inertes, caracterizado pelo fato das substâncias serem os princípios ativos extraídos de semente e frutos da andiroba e estarem presentes na composição em uma concentração de 1 a 30%. Maria Celeste Emerick, coordenadora de gestão tecnológica da Fiocruz explica: “As velas foram negociadas com dez empresas, estão sendo vendidas, mas o retorno financeiro é muito pequeno em função do baixo preço do produto e das dificuldades de fiscalização, já que as empresas que o produzem, são, geralmente, da economia informal”.

O presente modelo se apresenta em formato cilíndrico de 25cm x 30mm com 170 gramas, com invólucro de celulose ( papel específico ), pavio específico, suporte fixador não-inflamável, projetado para 3 horas de queima com ação repelente contra insetos em ambientes ao ar livre, mas podendo variar de formato, peso, dimensões e duração segundo opções de modelos demandados pelo mercado. Os testes científicos da BioTocha de Andiroba estão em andamento com vistas ao seu registro na Anvisa. A NatuScience recicla 100% de seu resíduo sólido gerado na fabricação da vela de andiroba, criando novos produtos, o que possibilita um aproveitamento comercial e ecologicamente falando, mais racional.

Segundo Regina Villela de Castro, diretora da NatuScience, “esse resultado nunca foi encontrado em qualquer outro produto existente no mercado destinado ao combate do mosquito”. Segundo Regina Villela, os fornecedores da NatuSciense são exatamente os pequenos produtores extrativistas da Amazônia. Seguindo a filosofia ecologicamente correta, a empresa utiliza 100% da matéria-prima, industrializando o óleo em várias versões, o bagaço nas velas, e os resíduos industrias na fabricação da tocha sólida, utilizada como repelente para áreas externas.

Em estudos, há seis anos, ao ser queimada a vela, exala um agente ativo que inibe a fome do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue e também vetor da febre amarela, consequentemente, reduz a sua necessidade de picar as pessoas. Os testes revelaram uma eficiência de 100% na repelência do mosquito, resultado jamais encontrado em qualquer outro produto existente no mercado destinado ao combate do mosquito. Além desta característica, a vela é totalmente atóxica, não produz fumaça e não contém perfume. Com ajuda do Dr. Alfredo de Oliveira, do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais (UFRJ), chegou-se a uma tecnologia, já patenteada, para uma vela que se mostrou excelente repelente de insetos, já em uso em Pernambuco. O produto foi desenvolvido numa parceria com o Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro e executado pelo Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe), que nem consegue mais atender à demanda.

 

A análise química da andiroba, realizada no LQPN/PN1/FAR-MANGUINHOS/FIOCRUZ, compreendeu a caracterização dos constituintes químicos do óleo e do bagaço da semente, por meio da extração com solventes de diferentes polaridades. Os ensaios de eficácia foram realizados com o Aedes aegypti no Laboratório de Biologia do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais-NPPN/UFRJ, chefiado pelo Dr. Alfredo Martins de Oliveira Filho e com o Culex quinquefasciatus, no Laboratório de Entomologia do Instituto Aggeu Magalhães/FIOCRUZ, chefiado pela Dra. Leda Régis. De acordo com os ensaios executados, na medida em que o ambiente se torna saturado com os vapores da vela observa-se aumento considerável de inibição na alimentação dos mosquitos. Obteve-se de 70% a 100% de inibição com a vela à base de bagaço da semente de andiroba, durante um período de queima de sete dias. Uma vela de 200g oferece proteção contra os mosquitos em uma área de até 10m2 em ambiente fechado ou com circulação moderada de ar, não apresentando efeitos tóxicos, segundo estudos realizados no Laboratório de Farmacologia e Toxicologia da Universidade de Alfenas.

O óleo extraído da andiroba é utilizado também em cosméticos, como na linha Ekos, lançada no ano passado pela Natura, e como substituto para o óleo diesel na produção de energia. Numa experiência pioneira, a andiroba está sendo usada como fonte de geração de energia elétrica para os moradores da Reserva Extrativista do Médio Juruá, em Carauri (AM), desde novembro passado. No Acre, uma parceria entre o governo do Estado e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) resultou no Projeto Ilhas de Alta Produtividade, que promove o enriquecimento de seringais com o plantio de espécies de bom retorno comercial, como a andiroba.

Outro Instituto que pesquisa a ação do óleo de andiroba como repelente é o Centro de Plantas Medicinais do Instituto de Estudos e Pesquisas do Amapá está preocupado em evitar que a população da Amazônia contraia malária. Augusto de Oliveira, 31, diretor do centro, pesquisa repelentes naturais contra o transmissor da malária, o mosquito fêmea do gênero Anopheles. Uma das fontes da pesquisa foram os índios Wuaipis, que passam óleo de andiroba no corpo e raramente contraem malária. Usado como vela, o óleo de andiroba conseguiu reduzir em 50% a incidência de Anopheles numa casa, quando comparada com outra em que não havia o repelente. Oliveira testa outros três repelentes, mas não revela em que plantas se baseiam porque a pesquisa ainda está em uma fase sigilosa. “Reduzimos em 90% a incidência de mosquitos”, conta.

A casca é utilizada para o preparo de um chá contra febre, o qual também serve como vermífugo. Transformada em pó, trata feridas e é cicatrizante para afecções da pele. Os caboclos fazem um sabão medicinal com o óleo bruto, cinza e resíduos da casca de cacau. Além de ser empregado na fabricação de sabão, também fornece um ótimo combustível utilizado para iluminação nas áreas rurais. O óleo é muito usado na medicina doméstica para fricção sobre tecidos inflamados, tumores e distensão muscular. Além disso, sabe-se ainda que o óleo da andiroba é utilizado como protetor solar e a casca e a folha servem contra reumatismo, tosse, gripe, pneumonia, depressão.

A pesquisadora Maria das Graças Muller de O. Henriques, do Farmanguinhos/Fiocruz mostrou em julho de 2004, na 56ª Reunião Anual da SBPC, pela primeira vez, o resultado de um pedido de patente depositada no mesmo dia sobre formulação baseada no óleo da semente de andiroba, uma espécie da família Meliaceae. O estudo, realizado ao longo de quatro anos por uma equipe que liderou com mais de 30 colegas, constatou um efeito antialérgico e anti-histamínico inédito do óleo extraído da andiroba para uso cutâneo e pulmonar. Os testes feitos para uso cutâneo não revelaram toxidez. Preservada a patente de propriedade do Ministério da Saúde, a indústria será procurada para dar sequência à fase de ensaio clínico até chegar ao produto final. De acordo com Maria das Graças Henriques, já existem dados suficientes para o desenvolvimento do produto, com risco industrial reduzido, em prazo estimado de seis anos para alergias pulmonares e em menor tempo para a forma tópica (creme). Como contrapartida, será pedida garantia do preço para a população, informa. No Brasil, 80% dos produtos farmoquímicos são importados. Não existe no país o desenvolvimento completo de produtos sintéticos.

A empresa Brasmazon detém patente para processos de produção de derivados de semente de andiroba e de vela feita com a fase sólida da semente e vela obtida, que foram desenvolvidos para proporcionar melhor aproveitamento da semente de andiroba e menor agressão ao ambiente, compreendendo, essencialmente as etapas de: 1)- previsão de matéria-prima em forma de semente de andiroba; 2)- seleção e limpeza; 3)- esterilização; 4)- tratamento por enzimas; 5)-trituração; 6) – aquecimento; e 7)- prensagem, resultando óleo e fase sólida; 7.1 a) – filtragem do óleo; 7.1 b) – envazamento do óleo; 7.2 a) – secagem da fase sólida; 7.2 b) – trituração; e 7.2 c) – peneiração; 8 – previsão de parafina; 9 – fusão da parafina; 10 – mistura de parafina fundida com fase sólida moída; 11 – enforme da mistura; 12 – resfriamento da mistura; 12 – resfriamento da mistura enformada; 13 – desforma; e 14 – embalagem e expedição.

A Beraca/Brasmazon – Industria de Oleaginosas e Produtos da Amazônia (PA) é uma empresa do segmento de óleos e gorduras vegetais e animais, que fabrica de óleos fixos e essenciais para uso na indústria de fragrâncias, cosmética e fitoterápica. Os óleos mais utilizados são os da copaíba, andiroba, cupuaçu, maracujá, murumuru, castanha do Brasil, buriti, urucum, açaí, espécies aromáticas e argilas nativas. Há nove anos no mercado, a empresa faturou R$ 583 mil em 2001, contra R$ 1,9 milhão no ano passado. Desses, 17% foram destinados a P&D. Com 26 empregados, sete deles alocados em pesquisa e desenvolvimento, a Beraca/ Brasmazon lançou 20 novos produtos nos últimos três anos. Preocupada com a preservação ambiental, a empresa foi buscar na Alemanha o melhor programa mundial de avaliação de padrões florestais, com critérios e princípios estabelecidos de forma independente por autoridades de diferentes partes do mundo. O FSC (Forest Stewardship Council – Conselho de Manejo Florestal) através do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), seu representante oficial no Brasil, realiza a certificação de seus produtos. A Beraca/Brasmazon mantém, ainda, parcerias com a Universidade Federal do Pará, o Museu Paraense Emilio Goeldi, o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia e a Universidade de São Paulo. A Beraca Ingredients, empresa brasileira atuante no mercado de produtos químicos desde 1956, é atualmente o maior fabricante e distribuidor de ativos vegetais naturais e especialidades brasileiras para a indústria cosmética, farmacêutica, de fragrâncias e nutracêutica do mundo. Através da sua Divisão Health & Personal Care produz em fábricas certificadas pelo Forest Stewarship Council – FSC a linha de ingredientes RAIN FOREST SPECIALTIES®, constituída por óleos da biodiversidade brasileira e outros ingredientes naturais. Todo esse trabalho envolve projetos sociais e de desenvolvimento sustentável, feitos em conjunto com moradores de comunidades ribeirinhas locais das florestas brasileiras, onde são coletados os insumos utilizados pela Beraca.

 

Fonte:

http://www.andiroba.com.br/

http://www.folhadomeioambiente.com.br/fma-120/andiroba.htm

http://www2.uol.com.br/JC/_1998/0111/br0111d.htm

http://www.estadao.com.br/ciencia/banco/noticias/2001/ago/23/208.htm

http://newton.dfi.ufms.br/gaecim/junho97.htm

acesso em janeiro de 2002

http://www.far.fiocruz.br/vela.html

acesso em dezembro de 2002

http://www.amazonlink.org/biopirataria/andiroba.htm

acesso em março de 2003

http://www.andiroba.com.br/saiba_mais.htm

acesso em abril de 2003

REVISTA ISTO É DATA: 24/09/03 ON-LINE “Riqueza ameaçada”

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=20243 acesso em setembro de 2004

http://www.finep.gov.br/premio/folhas_inovacao_premio_2004/norte_tela.pdf

http://www.brasmazon.com.br/

acesso em julho de 2005

Agradeço a Regina Villela ([email protected]) pelo envio da fotografia e informações para composição desta página em janeiro de 2003.

Posso ajudar?