“Anti Concepcional Reversível”

O ginecologista baiano Elsimar Coutinho, quatro décadas dedicadas à pesquisa no campo da reprodução humana descobriu no final dos anos 50, quase por acaso que aplicações de progesterona, tinham o efeito de inibir a gravidez por um tempo determinado. Estava descoberto o primeiro anticoncepcional de efeito prolongado e reversível. Ele pesquisava o uso da progesterona, um dos principais hormônios da reprodução, para evitar partos prematuros. Fez mais de 50 aplicações dos hormônios em pacientes baianas. O novo remédio não surtiu o efeito desejado – nenhum parto foi evitado – e ainda por cima provocou infertilidade: “Fiquei desesperado, temendo que o efeito fosse permanente”. Mas a mulheres recuperaram a fertilidade em seis meses. Hoje, as injeções de progesterona a cada seis meses são utilizadas por mais de 15 milhões de mulheres em 90 países. 

O início promissor transformou Coutinho em um dos mais respeitados especialistas mundiais em contracepção. E também uma das maiores vítimas da pirataria. Os laboratórios americanos utilizam o Norgestrel, produto desenvolvido pelo pesquisador baiano, na produção do Ovral, um dos líderes mundiais no mercado de anticoncepcionais. Só nos EUA e Grã-Bretanha a comercialização do Ovral movimentou cerca de US$ 100 milhões em 1994. Por não ter patenteado a maioria de suas descobertas, Coutinho deixou de receber seu quinhão: “Eu não dormiria mais se fosse calcular o quanto deixei de ganhar” conforma-se o médico. Ele desenvolveu ainda o Norplant, um anticoncepcional subcutâneo que tem efeito por cinco anos e já é utilizado na Europa. Com a nova Lei de Patentes de 1996, Coutinho decidiu montar sua própria fábrica. Ela produzirá em Salvador, os novos Dispositivos – Intra – Uterinos (DIU) que o médico projetou em forma de cruz, mais eficiente que os tradicionais, em espiral, ou em “T”.

Em 1997, quando lançou o livro Menstruação, a Sangria Inútil, o médico baiano Elsimar Coutinho ficou conhecido em todo o país por suas idéias polêmicas em relação à menstruação: ele propõem a suspensão da menstrução fazendo a paciente tomar continuamente anticoncepcionais. Assim, a mulher reduz o risco de ter endometriose, anemia e tensão pré-menstrual. Considerado um dos maiores expoentes mundiais na endocrinologia da reprodução humana e no planejamento familiar, Coutinho é professor de Saúde Materno-Infantil da Universidade Federal da Bahia e preside o Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana, CEPARH, em Salvador. Seus textos agora vêm gerando debates em todo o mundo. A prestigiada revista britânica New Scientist dedicou, em março de 2003, quatro páginas para discutir o tema. 

Especialistas dizem que a descoberta química da pílula ocorreu em 15 de outubro de 1951, a partir de pesquisas do químico mexicano Luis Miramontes, de apenas 20 anos, com a substância noretindrona. Em 11 de maio de 1960, o FDA (órgão americano que administra drogas e alimentos) permitiu o uso deste esteróide sintético para fins contraceptivos. O pesquisador Gregory Pincus fez a maioria dos estudos sobre o anticoncepcional e passou a ser conhecido como pai da pílula. No Brasil, ela foi aprovada em 1963. 

Fonte: http://super.abril.com.br/revista/superpap/0902b/180b1.html 
http://www2.uol.com.br/JC/_2001/2608/fa2608_9.htm 
acesso em abril de 2003 
Revista Isto é, de 25.10.1995 página 63 

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