“Biomonitoramento de Rios”

Um novo método de avaliação do nível de poluição dos rios tem sido implantado no Brasil. É o biomonitoramento ou monitoramento biológico, que permite medir a pureza das águas a partir da observação da fauna da região. Rios em cujas águas ou margens há grande variedade de espécies de macroinvertebrados (como insetos e moluscos) e diversidade vegetal são pouco poluídos. Em contrapartida, a presença de larvas de certos insetos pode ser vestígio de poluição.

Como a técnica depende apenas da coleta e observação de amostras dos animais — a maioria na forma de larva –, os custos com material e análise são menores que no monitoramento tradicional. Além disso, o método pode ser aplicado por qualquer um: alguns pesquisadores têm envolvido comunidades no controle da qualidade ambiental.

 

A avaliação do rio é feita segundo uma escala em que os macroinvertebrados são classificados em função do grau de tolerância com que vivem em ambientes pouco oxigenados. Isso se deve à redução dos níveis de oxigênio causada pela grande proliferação de bactérias na poluição orgânica (como o esgoto doméstico). Se, ao monitorar um rio, o pesquisador notar a predominância dos invertebrados tolerantes sobre os poucos resistentes, isso pode significar baixa oxigenação da água e, portanto, poluição.

Como a vida dos animais não se renova de um dia para o outro, a amostra recolhida em um dia é suficiente para identificar a qualidade da água da região — e basta uma peneira para fazer a coleta. O monitoramento tradicional representa apenas a situação no exato momento da tomada das amostras.

Menos simples, esse método consiste na análise química — pH, nível de oxigênio, presença de coliformes etc. — das águas do rio. A avaliação oferece resultados minuciosos, mas um diagnóstico completo da região depende de repetidas coletas para que se tire uma média dos resultados obtidos. Cada amostragem requer análise laboratorial e envolve profissionais treinados e equipamentos de alta qualidade, o que eleva os gastos com esse método.

O biólogo Daniel Buss, pesquisador do Departamento de Biologia do Instituto Oswaldo Cruz, afirma que o monitoramento tradicional da qualidade das águas oferece dados bem específicos e que o biomonitoramento não deve substituí-lo. “No entanto, é melhor avaliar periodicamente os indicadores biológicos para acompanhar a qualidade do rio”, afirma Buss. “O mais vantajoso seria recorrer à análise química somente se for notada alguma alteração no comportamento dos animais.”

As vantagens do biomonitoramento estimularam Daniel Buss a realizar um projeto de pesquisa que tem envolvido escolas do município de Guapimirim (RJ). Com aulas teóricas seguidas de trabalho de campo, Buss ensina às crianças a importância e a forma de monitorar biologicamente a qualidade dos rios. Devido aos bons resultados e ao envolvimento crescente de alunos e professores, o pesquisador levará em novembro o projeto para outras escolas fluminenses.

 

Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n471.htm

http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n074.htm

acesso em fevereiro 2002

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