“Brillantaisia Palisatii”

Propriedades analgésicas e anti-inflamatórias foram constatadas em uma planta coletada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O vegetal, da espécie Brillantaisia palisatii, jamais havia sido pesquisado anteriormente e foi descoberto a partir de um estudo despretensioso do farmacêutico Fábio de Sousa Menezes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Até aqui, os testes que envolvem a Brillantaisia ainda estão em fase pré-clínica, ou seja, só foram realizados em camundongos. Menezes, que coordena a pesquisa ao lado do farmacêutico Davyson de Lima Moreira e conta com a colaboração da bióloga Patrícia Dias Fernandes, ambos da UFRJ, diz que o trabalho só não foi mais adiante por falta de verbas. “Pretendemos terminar com o estudo químico e farmacológico até onde a Universidade oferecer condição. Depois, temos que depositar uma patente e vender para a indústria farmacêutica em caso extremamente positivo, para que testes em humanos possam ser realizados.”

 

Menezes descobriu a planta graças à ajuda de uma amiga. “Até aquele momento, só estudava vegetais da família das lamiáceas (a mesma de grande parte dos temperos de cozinha, como a hortelã) e estava interessado em investigar plantas de outra família, no caso, a das acantáceas, à qual pertence a B. palisatii.” O farmacêutico comentou o fato com a amiga – uma pesquisadora do Jardim Botânico -, e ela lhe recomendou estudar a Brillantaisia. “Fiz uma pesquisa bibliográfica e, ao descobrir que ninguém havia estudado essa planta, resolvi trabalhar com ela.”

Menezes uniu-se a Moreira e ambos começaram a pesquisar a química do vegetal. “Separamos o caule, as folhas, as flores, os frutos etc”, conta. “Depois, por meio de processos químicos específicos, isolamos diversos tipos de substâncias contidas em cada parte do vegetal.” Aos poucos, os pesquisadores passavam os extratos encontrados para Fernandes realizar paralelamente testes farmacológicos em camundongos. Se a bióloga não constatasse um resultado proveitoso em termos analgésicos e anti-inflamatórios para uma dada substância ou extrato, eles parariam de investigá-la e partiriam para outra; caso contrário, o estudo seria aprofundado.

Graças a esse trabalho de equipe, os cientistas constataram que a parte mais rica da Brillantaisia é o caule. Na próxima etapa do trabalho, eles pretendem reafirmar os resultados positivos obtidos nos testes pré-clínicos e buscar meios para avançar no projeto, apesar das dificuldades financeiras. “Pretendemos, inclusive, desenvolver um chá a partir dessa planta, que se revelaria de grande uso para a população”, diz Menezes.

 

Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n306.htm

 

acesso em fevereiro de 2002

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