“Café IAPAR-59”

A Cultivar IAPAR 59 originou-se do cruzamento entre Coffea arabica, Villa Sarchi 971/10 e o Hibrido de Timor 832/2 , realizado no CIFC – Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro, em Portugal, onde recebeu a denominação de H361. A geração F2 foi recebida pelo IAC – Instituto Agronômico de Campinas que a denominou LC 1669. Em 1975 o IAPAR introduziu a geração F3, que passou a ser denominada IAPAR 15163. Nos estudos realizados pelo IAPAR a progênie 75163-22 destacou-se pelas características agronômicas e resistência à ferrugem. Seu desempenho nas regiões de Londrina. Loanda e Carlópolis, demostrou condições para seu lançamento como cultivar, passando a receber a denominação de IAPAR 59.

Na geração F1 do H361 analisada no CIFC, todas as plantas pertencem ao grupo fisiológico. A (plantas que apresentam resistência ás 30 raças de H. Vastatrix conhecidas no mundo). No IAPAR, avaliações em campo e por inoculações artificiais, realizadas no período de 1977 a 1992, mostram que a maioria das gerações sucessivas do IAPAR 15163 mantém-se resistente. Esses resultados foram confirmados no CIFC em plantas da geração F4, oriundas de sementes enviadas pelo IAPAR. Nesta análise, 90,9% das plantas foram enquadradas no grupo fisiológico A 10,0% resistentes a 29 raças e apenas 0,1% no grupo fisiológico E (no grupo E se classificam as cultivares Mundo Novo e Catuaí, por exemplo). Análises posteriores realizadas no IAPAR com a mesma população e usando o mesmo método do CIFC, mostraram que também não há plantas do grupo fisiológico M (suscetíveis à raça XIII, já existente no Paraná). Além de não possuir plantas suscetíveis ao grupo fisiológico M, a progênie IAPAR 75163-22 – que originou a cultivar IAPAR 59 – apresentou 94% de plantas do grupo fisiológico A 6% de outros fisiológicos, o que confere resistência a 29 das 30 raças existentes. Assim, a maioria da população da IAPAR 59 tem resistência ás 30 raças conhecidas de H. Vastatrix.

 

Esta característica evita um dano médio anual, provocado pela ferrugem, da origem de 30 a 50% na produção de café, que pode chegar a 80% em anos favoráveis á doença. Além disso, evita danos na qualidade do produto, já a desfolha provocada pela doença impede a boa formação dos grãos e reduz o vigor vegetativo do cafeeiro. Permite ainda o aumento do retorno econômico, pela não aplicação de fungicidas para controle da doença. Porte e volume da copa Comparado com as cultivares comerciais em uso no Paraná e na maioria das regiões cafeeiras do Brasil, a IAPAR representa menor altura, diâmetro e volume de copa, características desejáveis para adensamentos de plantio e que ajustam aos propósitos do Plano Integrado para a Revitalização da Cafeicultura Paranaense, coordenado pela SEAB – Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Mesmo apresentando volume de copa, menor, a média da produção anual por planta, obtida nos período de dois, quatro e seis anos em Londrina, Carlópolis e Loanda, demonstrou que a cultivar IAPAR 59 é altamente competitiva, no mesmo espaçamento em comparação com as cultivares comerciais em uso, com a vantagem de não necessitar tratamentos químicos para o controle da ferrugem.

É preferencialmente indicado para regiões mais frias e chuvosas, como Ibaiti, Santo Antônio da Platina, Bandeirantes, Cornélio Procópio, Londrina, Assaí, Apucarana, Ivaiporã e Campo Mourão, por amadurecer mais precoce e uniformemente que Catuaí, antecipando a colheita e escapando do dano das geadas precoces sobre frutos verdes. É ideal para plantios adensados e superadensados, devido ao pequeno porte e resistência á ferrugem. O café IAPAR 59 deve ser plantado preferencialmente em partes altas da propriedade, onde o calor e a geada são menos intensos. Em torno do quinto ano da colheita recomenda-se uma poda de rejuvenescimento. As adubações de plantio, formação e produção devem ser realizadas com base, análise química do solo e proporcionalmente á produtividade por hectare.

O melhoramento genético de plantas pode ser conceituado como sendo a ciência para desenvolver plantas geneticamente superiores em benefício do homem. Antes das descobertas das três leis da genética e de outros suportes científicos ao melhoramento genético de plantas, já se fazia a seleção de plantas geneticamente superiores. A propagação clonal que é efetuada através da produção ou elongação de brotos originários de meristemas preexistentes ou da produção de brotos adventícios via organogenese ou ainda através da embriogenese somática, possibilita multiplicar em grande escala os genótipos superiores selecionados em uma determinada população, colocando-os a disposição dos agricultores. Ao dar início a um programa de melhoramento, deve-se ter certo conhecimento da espécie. Um “clone” pode ser conceituado como sendo toda a descendência que, por propagação vegetativa, se originou de uma única planta. O melhoramento genético do cafeeiro, especialmente para a produtividade, não tem sido fácil. Isto se deve à existência do período juvenil, à necessidade de se avaliar vários anos de produções consecutivas para se conhecer a capacidade produtiva a longo prazo e à existência da acentuada oscilação anual de produção quando o cafezal é conduzido a pleno sol e sem sombra. Os programas de melhoramentos executados em vários centros de pesquisa, tem mostrado grande progresso genético.

As plantas propagadas vegetativamente são simplesmente partes transplantadas do mesmo indivíduo. Todos os membros de um clone tem o mesmo patrimônio genético (genótipo). As plantas podem ser propagadas por duas vias: propagação assexual, também denominada de propagação vegetativa ou clonagem, e propagação sexual, efetuada através das sementes. Ambos os tipos de propagação podem ser impossíveis sobre certas condições. Em decorrência da facilidade de produção e de manuseio, as sementes são o veículo de propagação preferido para muitas espécies agronômicas e florestais. Apesar disso, aproximadamente um terço de toda a produção agrícola mundial é proveniente de espécies propagadas vegetativamente. O objetivo da propagação clonal no melhoramento genético vegetal é a manutenção da variabilidade genética, reproduzindo plantas com características desejáveis em grandes quantidades, tornando-se uma multiplicação massiva in vitro. As cultivares do tipo clone de propagação vegetativa, são todos os descendentes geneticamente iguais à planta que deu origem às mudas. A propagação vegetativa por meios convencionais, como a micropropagação “in vitro”, permitem obter rapidamente cultivares superiores. A propagação vegetativa permite a utilização de toda a variância genética disponível e a seleção normalmente recai sobre plantas altamente heterozigóticas.

 

Fonte:

http://www.pr.gov.br/iapar/cafe/iapar59.html

http://www.ufv.br/dbg/BIO240/C015.htm

 

acesso em março de 2002

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