No que depender da tecnologia, a vida do motorista de automóvel deve se tornar cada vez mais fácil. Se atualmente carros de câmbio automático conhecem grande sucesso entre os consumidores, no futuro, bastará ao usuário saltar de seu veículo e acionar um dispositivo para que o carro estacione sozinho. A novidade está sendo desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) com colaboração da Fiat e do Instituto Nacional de Pesquisa e Informática e Automação da França (Inria). “Se obtivermos os investimentos desejados, prevemos que já em 2003 o motorista possa contar com o mecanismo para estacionar seu carro, com o mesmo preço de um aparelho de ar-condicionado”, estima o engenheiro mecânico Sadek Absi Alfaro, coordenador do projeto.
O aparelho para estacionar veículos é composto por sensores de ultra-som de funcionamento análogo ao dos ‘radares’ que permitem aos morcegos se localizar no meio ambiente. O carro apresenta 16 sensores distribuídos igualmente pelas laterais e pára-choques. Acionados pelo motorista, os sensores emitem ultra-sons e determinam a distância de elementos externos pela velocidade do som e pelo tempo que este leva para retornar após colidir com os objetos localizados no exterior do automóvel.
Os dados colhidos pelos sensores alimentam um software integrado aos sistemas elétrico e mecânico do veículo. Esse software processa as informações recebidas e controla a aceleração, o freio e a embreagem do carro. Atualmente, os engenheiros da UnB estão aperfeiçoando o software para que ele possa controlar também o volante; o protótipo existente atualmente só é capaz de andar para frente e para trás.
A idéia de construir um veículo capaz de estacionar por conta própria surgiu de um protótipo chamado CyCab, desenvolvido anteriormente pelo Inria. Inspirados por esse pequeno veículo elétrico, os pesquisadores transferiram a tecnologia envolvida para veículos a gasolina e agora tentam aperfeiçoá-la. “Por enquanto, a maior dificuldade tem sido colocar os carros para se movimentar em ladeiras e terrenos acidentados, pois eles só se locomovem com perfeição em locais planos”, esclarece Sadek.
Como primeiro produto da pesquisa, os engenheiros pretendem construir uma ‘interface amigável’ que forneça ao motorista uma visualização exata do ambiente externo ao carro. Segundo Sadek, isso será muito útil principalmente em dias escuros e de muita chuva. “Também estamos desenvolvendo um tipo de linguagem apropriado para o usuário.” O engenheiro destaca ainda subprodutos surgidos do estudo como um sistema de mudança de marcha para deficientes físicos.
“O mais difícil é transferir esse conhecimento para um carro a gasolina”, afirma o professor Sadek Absi Alfaro, coordenador do Graco. “Queremos transformar esse sistema baseado em sensores de ultra-som em algo popular e mais barato que um equipamento de ar-condicionado automotivo.” A equipe já tem a tecnologia para fazer o carro ir para a frente e para trás. “O problema são os declives e as ondulações na pista que agem como forças físicas no carro”, explica Alfaro.
Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n241.htm
http://www.fapesp.br/linha57.htm
acesso em fevereiro de 2002 envie seus comentários para [email protected].