“Casca-de-Anta”

A possível nova droga contra a dor foi retirada da planta casca-de-anta, nome científico Drimys brasiliensis, e batizada pela equipe de João Batista Calixto, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). A droga foi testada em animais de laboratório e foi verificado que ela interfere no caminho bioquímico ligado ao glutamato, substância capaz de causar dor forte. ‘Os laboratórios estão procurando analgésicos que não tenham efeitos colaterais’, disse Calixto. Outras substâncias capazes de afetar o glutamato têm efeitos assim, pois o processo envolve uma cascata de reações, com distintas ações no organismo.

Já o drimanial, por bloquear apenas outra substância ‘receptora’, teria menos efeitos. ‘É um produto novo, com uma ação nova’, diz ele. Mas o mais interessante da descoberta é o seu papel em ilustrar o aproveitamento da biodiversidade: primeiro os cientistas fizeram trabalhos básicos sobre como se transmite a dor, para depois rastrear a droga que poderia agir no processo.

 

A Rauvolfia sellowii, também conhecida como casca-de-anta ou jasmim-grado, é uma árvore que pode chegar a 25 metros, comum nos Estados de Minas e São Paulo. Pertence à família Apocynaceae e encontra-se muito próxima a uma espécie asiática, a Rauvolfia serpentina ou tronco-serpente, a fonte de reserpina, um alcalóide usado no tratamento de desordens nervosas. Nativa do Brasil, a árvore casca-de-anta produz em abundância pequenas flores brancas com centro amarelo. As folhas tem um gosto apimentado e é empregada em alguns casos como condimento. O nome foi dado depois do Capitão Winter, que descobriu suas propriedades curativas, durante a expedição de Sir Francis Drake da Inglaterra, que a chamou “Winter’s Bark”. Na medicina herbal brasileira a planta é usada em desordens estomacais e gástricas e algumas vezes é empregada como substituta da quinina no tratamento da malária e outros estados febris.

Um grupo de pesquisadores de São Paulo também atingiu resultados promissores com a casca-de-anta, com estudos iniciados desde os anos 80 pela farmacêutica Vanderlan da Silva Bolzani, do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara, e pela química Maria Cláudia Marx Young, pesquisadora do Instituto de Botânica, respectivamente coordenadora e vice coordenadora do projeto Conservação e Uso Sustentado da Flora do Cerrado e Mata Atlântica. A farmacêutica Vanderlan Bolzani pesquisou pelo projeto Biota, cerca de 300 tipos de plantas da mata Atlântica. O projeto Biota, é um programa que há mais de um ano faz o levantamento da flora local e é patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Um dos resultados destas pesquisas foi os efeitos medicinais da Rauvolfia sellowii (mais conhecida como casca-de-anta).

 

Fonte:

http://www.rain-tree.com/cascadeanta.htm

http://200.177.98.79/jcemail/Detalhe.jsp?id=3384&JCemail=2073&JCdata=2002-07-11

http://www.fapesp.br/ciencia515.htm

http://www.finext.cl/canelo_i.htm

http://www.terra.com.br/istoe/1608/medicina/1608esperancaverde.htm

acesso em julho de 2002

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