“Centrífuga de Fluxo Contínuo “

O Núcleo de Separadores Compactos (Nusec), do Instituto de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), composto pelos professores Marcos Aurélio de Souza e Luiz Fernando Barca, está desenvolvendo uma centrífuga de fluxo contínuo para a limpeza de águas oleosas, sendo a primeira disponível no mercado nacional. O equipamento vem sendo estudado nas instalações da UNIFEI em parceria com a Petrobrás, cujo convênio vigora desde 1996, permitindo a qualificação em diversas áreas operacionais, com diferentes tipos de óleos pesados, bem como um estudo para melhor desempenho com o petróleo nacional.

Para o meio ambiente o equipamento também é importante, pois ele separa o óleo da água e a devolve para a natureza três vezes mais pura do que o necessário para descarte, além da valorização comercial do óleo que fica mais limpo. A fase atual consta do desenvolvimento de potenciais fornecedores do equipamento para a Petrobras, uma vez que a tecnologia de separação centrífuga aplicada ao processamento primário é bem conhecida pelo grupo da UNIFEI.

 

Os anos de atividades ligadas ao processamento de petróleo levaram a formação e consolidação de um grupo multidisciplinar de professores e alunos da Universidade com alta capacitação em experimentos com sistemas dispersos, óleo pesado / água, particularmente na geração controlada e na caracterização de emulsões de óleo em água e água em óleo. Também estão envolvidas áreas de controle, aquisição de dados e medição dos diversos parâmetros no desenvolvimento e avaliação de sistemas de processamento primário, pontos fortes da equipe de pesquisadores da UNIFEI.

Uma centrífuga desenvolvida pela Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em parceria com a Petrobras, pode colocar o país numa posição privilegiada no setor petrolífero quando o assunto for separar óleo de água. Segundo especialistas, o equipamento é o primeiro disponível no mercado brasileiro e, além de beneficiar a produção do combustível, respeita o meio ambiente, pois trata a água a ser descartada. No recente vazamento de petróleo ocorrido no Golfo do México, considerado o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos, uma das soluções adotadas para limpar as águas foi o uso de uma centrífuga.

Mesmo não sendo novidade a aplicação desse conceito na limpeza de recursos hídricos, na produção do petróleo seu uso ainda está engatinhando. O aparelho produzido em Itajubá, no sul de Minas Gerais, pode ser de grande valia num futuro próximo. Isso porque o Brasil tem um número considerável de reservatórios que produzem óleo pesado, com a densidade próxima à da água, e essa pequena diferença dificulta a separação entre os materiais. De acordo com o professor do Instituto de Engenharia Mecânica da Unifei Marcos Aurélio de Souza, na indústria do petróleo, é preciso tanto tirar a água do óleo (processo de produção de petróleo) quanto tirar óleo da água (tratamento para descarte no meio ambiente).

No Brasil, uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece que a água descartada pode ter no máximo 29 mg de óleo por litro. Uma norma internacional estabelece que o descarte feito num navio pode ter no máximo 15mg por litro. Por sua vez, a água usada para injeção, quando ela é bombeada por um duto para ajudar a “empurrar” o petróleo, não pode ter mais que 10mg por litro.

Na Arábia Saudita, por exemplo, o petróleo é leve, não exigindo processos mais complexos de separação. Outras características que em influenciar a separação da mistura são a viscosidade – se o óleo é mais fino, a água caminha melhor pela mistura e se separa com mais facilidade – e o tamanho das gotas – quanto maior ela for, mais massa será e será mais facilmente isolada. Segundo o professor da Unifei, antigamente, quando um poço de petróleo começava a produzir água, sua exploração era abandonada. “Atualmente, com o preço do petróleo em alta, já é vantajoso continuar a produção do produto, mesmo que fortemente contaminado com água. Além do uso da centrífuga, a separação desses dois elementos pode ser feita por vários processos, dependendo das características do petróleo extraído”, acrescenta.

As técnicas mais usadas hoje são: os tratadores gravitacionais, grandes tanques onde a mistura fica em decantação; o tratador eletrostático, em que um campo elétrico faz as gotas se agregarem para se separarem mais facilmente; o flotador, um tanque onde se injetam bolhas de gás ou ar que arrastam as gotas de óleo para cima; e o hidrociclone, um conjunto de tubos cônicos que faz a água girar, formando um campo centrífugo. O topo dessa escala são os filtros, considerados o processo mais dispendioso. Como o custo de aquisição da centrífuga tende a ser maior que o da implantação da maioria desses processos, ela deverá ser usada quando as demais técnicas não conseguirem separar a mistura. Além disso, ela é mais eficaz e mais rápida: enquanto a maioria desses processos atuam com aceleração de 1G (exceto o hidrociclone, que pode produzir campos centrífugos com aceleração de até 1.000G), a centrífuga chega fácil a uma aceleração de 5 mil G (cinco mil vezes a aceleração da gravidade). Enquanto os tratadores convencionais gastam cerca 10 minutos para separar as fases, a centrífuga gasta apenas 10 segundos. Outra vantagem é que ela é bem mais compacta.

 

Fonte:

http://www.conexaoitajuba.com.br/itajuba/Pagina.do?idSecao=6&idNoticia=15249

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=73628

acesso em setembro de 2010

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