A imensa dor na coluna que o fazendeiro Mauro Xavier, de 71 anos, amargava foi, ironicamente, o estímulo que lhe valeu a ideia de um produto já patenteado no país. No próximo ano, Xavier pretende investir R$ 250 mil na construção em Barbacena (MG), onde mora, da indústria que produzirá o seu próprio invento: o colete alongador lombo sacro flutuante, batizado de Alsflu. O colete é uma peça ortopédica que serve para diminuir a compressão de vértebras, auxiliando em tratamentos, por exemplo, de osteoartrose ou hérnia de disco. Há cerca de dez anos, Xavier teve sua primeira crise de coluna. O ortopedista lhe prescreveu exercícios, especialmente de alongamento em barra. “Com quase 90 quilos e um metro e oitenta de altura não conseguia ficar dependurado nas barras o tempo necessário”, lembra o fazendeiro. Foi quando teve a ideia de improvisar um colete que lhe mantivesse suspenso nas barras sem grandes incômodos para a execução dos exercícios. Comuma barrigueira de cavalo e correntes de coleira de cachorro, ele montou o que queria e utilizava, quando estava atacado pelas dores.
Mesmo improvisado, o colete lhe serviu durante muitos anos, até que um fisioterapeuta amigo conheceu o que afastava o cliente da clínica. “Quando ele viu o colete, falou que eu tinha inventado um aparelho que não existia no Mundo”, lembra Xavier. Entusiasmado, o fazendeiro passou os dois últimos anos desenvolvendo uma peça mais apurada. Fez os desenhos do que queria e levou para uma selaria, na cidade vizinha, onde foi feito um colete de couro, anatômico, que com cintos de segurança mantém o paciente suspenso nas barras. “O colete reduz em mais de 50% a pressão que é feita no braço na hora dos exercícios”, afirma Xavier, “e libera o paciente para os exercícios de alongamento”. Depois de dois anos de uso frequente, Xavier faz até 15 minutos de seis tipos de exercícios, com 100 repetições de cada. “Não tenho mais crises”, garante. O aparelho foi analisado e aprovado por médicos e fisioterapeutas que cuidam de Xavier e passou a ser utilizado, com orientação médica, também em outros pacientes. Segundo o fisioterapeuta Ronaldo Ramos, “o aparelho tem demonstrado ser uma boa opção especialmente para pacientes com hérnia de disco, mas ele afirma que é necessário fazer mais testes para se ter certeza absoluta de sua eficiência”.
Ramos conta que pelo menos 35 pacientes, indicados por médicos, usaram o colete na clínica de sua propriedade, a Reabilitar, mas apenas sete o usaram com maior regularidade, obtendo resultados positivos. “O produto é muito interessante, mas acho que ainda tem que passar por mais testes e adaptações”, assinala Ramos. Ele conta que alguns pacientes tiveram resistência quanto ao uso por ser um equipamento novo. “Às vezes, a pessoa ficava com medo de piorar, ou afirmava que ele machucava um pouco nas axilas. E para dar resultados à pessoa precisa ficar relaxada”, opina Ramos. Até o segundo semestre do ano que vem, Xavier pretende ter montado a FisiColete Indústria e Comércio Ltda., que produzirá o equipamento. Vão ser necessários, calcula ele, investimentos de R$ 250 mil, custo que ele não classifica como muito alto, pois espera um retorno fácil. “Vamos produzir mil coletes por mês, que custarão cerca de R$ 600”, contabiliza. Ele lembra que o colete não será vendido indiscriminadamente, pois necessita de prescrição médica para ser utilizado como tratamento.
Fonte: http://www.pernambuco.com/diario/2002/12/22/brasil2_0.html
Acesso em março de 2003