“Colete para Motociclistas”

O colete de segurança para condutores de motocicletas e similares é um produto inédito da O Fixo-Condutor Indústria tecnológica e Comércio (GO). O objetivo principal de tornar seguro o transporte de passageiros em motocicletas foi alcançado por meio das alças para apoio e fixação das mãos. O colete atua como agente de estabilidade do veículo, uma vez que o conjunto motoristapassageiro torna-se um único bloco. Como característica secundária, possui ainda locais específicos destinados à identificação do motorista, espaço para publicidade, porta- Produto celular e/ou rádio (no caso de profissional da categoria de Moto-Táxi) e mochila para transporte de documentos e encomendas diversas. O projeto e desenvolvimento do colete de segurança O Fixo-Condutor foi conduzido internamente pela empresa, fundamentado em ensaios realizados pelo IPT/SP – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. O produto foi ganhador do segundo lugar do prêmio Finep 2004 categoria produto região Centro Oeste.

A Fixo-Condutor, Indústria Tecnológica e Comércio Ltda. fica em Aparecida de Goiânia, em Goiás. A empresa foi criada em 2003 pelo jovem empreendedor Rodrigo Carlos Ferreira e fatura hoje R$ 1 milhão por ano. O empresário começou sua atividade industrial a partir do desenvolvimento de um capacete inovador para motociclistas, que embora não seja comercializado até hoje, resultou na criação de uma fábrica de capacetes, a IBTEC, a primeira fora da região Sudeste do País. A partir da IBTEC, Rodrigo criou a Fixo-Condutor, que tem como principal produto um colete específico para moto-taxistas. O colete ganhou o segundo lugar do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica em 2004, na categoria produto. Hoje a empresa busca recursos junto aos investidores de Capital de Risco para divulgação e comercialização. O Plano de Negócios da Fixo-Condutor aponta para os próximos cinco anos, que com esse investimento é possível triplicar seu valor atual. Conheça a trajetória do empreendedor Rodrigo que foi à procura de institutos de pesquisa, aliou-se a técnicos, pesquisadores e sócios capitalistas para desenvolver seus produtos e, quando foi necessário, saiu da área de desenvolvimento e criou estratégias de vendas.

Em depoimento a jornalista Adriana Abelhão, Rodrigo dá seu depoimento: “Não cursei a Universidade. Minha escola é o comércio e o desenvolvimento de produtos. Minha primeira empresa é a IBTEC, uma fábrica de capacetes para motociclistas. A empresa nasceu em Goiânia, em 1997, e a partir dela conseguimos desenvolver outros produtos e novas empresas. A idéia de produzir capacetes partiu de Elimar Soares, que trabalhou numa fábrica que fazia capacetes de aviadores para a Embraer. Ele me apresentou um projeto para montar dois modelos de capacetes para motociclistas, super sofisticados. Eu tinha na época meus 18 anos e visualizei: vou montar uma fábrica de capacetes.O processo de desenvolvimento durou seis anos, entre 1992 e 1998. Durante esse tempo, desenvolvemos dois capacetes inovadores. Eles têm dupla cápsula de fibra de carbono para aumentar a segurança, o que na época ninguém fazia. As viseiras embutidas sobem e descem eletronicamente, por meio de um controle remoto que fica no guidão da motocicleta. São duas viseiras de policarbonato, duríssimas, de 2,2 milímetros de espessura. Uma viseira é clara, para a noite, a outra fumê, para os dias de sol. O design é aerodinâmico, em forma de gota.

Existem normas para a fabricação de capacetes. É preciso respeitar dimensões, parâmetros de dureza e espessura e fazer testes de impacto. Fazíamos esses testes no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo. Pagávamos de acordo com uma tabela de serviços e tentávamos errar menos, para gastar menos. Ficava caro, principalmente porque estávamos longe, em Goiás. Vendi carros, casas, gastamos muito para chegarmos a esses capacetes, que até hoje não estão no mercado. Conseguimos a certificação, patenteamos, e quando chegamos na fase da criação da ferramentaria e dos moldes de injeção, percebemos que seria necessário um investimento altíssimo para produzi-los. Conseqüentemente, o produto ficou muito caro, em torno de US$ 1 mil cada um, para atender a uma fatia de mercado muito pequena. Esses projetos estão parados, esperando o momento certo para a comercialização, que não será no mercado nacional. Partimos então para a fabricação de capacetes populares, que representam 80% do mercado interno.

Fomos buscar recursos para montar a fábrica junto aos bancos, mas eles pediram altas garantias. Fomos ao BNDES, mas não deu certo, até porque a burocracia é muito grande. Achamos melhor buscar um outro sócio, que tivesse dinheiro. Em 1998, quando surgiu a obrigatoriedade legal do uso do capacete, foi o momento adequado. Conseguimos um sócio capitalista, um médico oftalmologista, que tem investimentos em vários segmentos. Conseguimos convencê-lo porque, com o rigor da lei, produzir capacetes passou a ser um bom negócio. Criamos a IBTEC, com uma estrutura para produzir 10 mil capacetes por mês. Hoje a empresa tem capacidade para fabricar mensalmente entre 40 e 50 mil unidades.Quando começamos a entrar no mercado, os demais fabricantes baixaram seus preços. Como as vendas explodiram em 1998, surgiram outros fabricantes também. Começou a guerra. Nosso departamento comercial não estava funcionando e então sai da área produtiva e fui para lá. Minha estratégia foi fazer um produto diferenciado para as concessionárias Honda e criar uma nova forma de comercialização. Desenvolvi um capacete específico, com a marca das concessionárias. Entrei numa campanha em 2001 e consegui atingir 11 Estados. Criei o kit “IBTEC HONDA”, que tinha um capacete rachado ao meio, onde eu mostrava aos vendedores como ele era fabricado e o que era um capacete de qualidade. Os outros fabricantes ficaram loucos. Ah, aquele rapazinho de Goiás!, diziam eles. 

Coloquei esses kits num expositor diferenciado, com a minha marca junto à marca da concessionária. Nosso capacete não ficava em prateleira, ficava num expositor específico, com um banner bem bonito. Começamos também a usar a mesma tinta das motos da Honda, porque o motociclista quer casar a cor do capacete com a da moto. Os outros utilizavam cores bonitas, mas não tinham esse foco. Quando saía uma moto nova, saía um capacete meu. Aí, arrebentei a boca do balão. Foi a partir dessa experiência na área comercial que visualizei o segmento de moto-táxi. Eu vi na TV imagens de uma passeata de oito mil motociclistas em Goiânia, lutando para a regulamentação da profissão de moto-taxista. Achei que aquilo era um grande negócio. No outro dia entrei em contato com o presidente da associação dos moto-taxistas, ofereci meu capacete e perguntei: o que mais vocês precisam? Um dos problemas deles era que o prefeito de Goiânia não queria aprovar a atividade por questões de higiene. Todos os passageiros utilizavam o mesmo capacete, num calor de 35º a 38º. Então, desenvolvi uma touca descartável.

O principal problema era criar uma barreira contra as doenças que são transmitidas pela cabeça. Passamos a pesquisar. Buscamos o IPT de novo, em algumas áreas, e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), para os testes de microbiologia. A Finatec é ligada à Universidade de Brasília (UnB) e homologa a maioria dos produtos certificados pelo Ministério da Saúde. Fizemos vários ensaios para verificar qual espessura e material seriam mais adequados. Chegamos a uma matéria-prima da família do polipropileno, com a qual se faz fraldas para bebês. Procurei engenheiros que faziam máquinas de fraldas para a Johnson & Johnson, para desenvolverem uma para produzir a touca. Tenho a carta patente de cinco modelos do produto. Hoje, a regulamentação da atividade de moto-táxi em Goiânia é referência nacional e a touca descartável é de uso obrigatório.Era preciso também um capacete mais identificado. Desenvolvi um que já sai da fábrica com o número da licença do moto-taxista, envernizado para inibir falsificação, o fator RH do condutor, para o caso de acidente, a descrição da categoria e fitas refletivas. Faltava desenvolver o colete. Ele foi criado por Daniel Ganda, um publicitário de Rondônia.

Daniel nos procurou porque queria parceria para produzir os coletes. Ele trouxe os primeiros protótipos, que vieram com alças de segurança, para o passageiro segurar e apoiar-se. O colete traz estabilidade à motocicleta, porque motorista e passageiro tornam-se um único “bloco”. Chegamos à alça ideal fazendo vários testes, novamente no IPT. Tínhamos que produzir um colete que durasse pelo menos dois anos e que os fechos pudessem ser abertos mais de 30 mil vezes, sem arrebentar. Ao final, desenvolvemos fechos e alças que resistem a mais de 200 kg de força. Testamos em várias temperaturas, para que o colete pudesse ser usado no Norte, onde se alcança 40º, ou no Sul do País, onde a temperatura pode chegar a 2º abaixo de zero. Foi mais ou menos um ano de testes. O colete tem lugar para guardar celular, rádio, o cartão de identificação do profissional, as toucas e espaço para publicidade. O produto só não está certificado ainda porque não existe norma. Uma técnica de qualidade do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Insdustrial (INMETRO) nos ajudou a criar uma, a qual estamos tentando homologar junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Como não havia interesse da IBTEC em fabricar outros produtos que não capacetes, criei a Fixo-Condutor para atender a esse novo negócio. Consegui novamente um sócio investidor. Ele comprou a idéia principalmente porque a lei de Goiânia, que regulamentava a atividade de moto-táxi, foi homologada na mesma época, em julho de 2001. O principal produto da Fixo-Condutor é o colete. Com ele ganhamos o segundo lugar do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, na categoria produto, em 2004. Trabalham hoje na Fixo-Condutor 22 pessoas. Começamos com uma estrutura muito grande, com 74 funcionários, em 2003. Houve um ajuste. Como estávamos no início, testamos vários produtos, mas acabamos focando a produção de coletes para moto-táxi e motoboy. Nossos principais clientes são prefeituras, associações da categoria, cooperativas e sindicatos. Nosso produto não é comercializado em lojas. Onde não existe regulamentação dessa prestação de serviços, não existe colete Fixo-Condutor. Essa foi uma fórmula encontrada para coibir a clandestinidade e dar maior credibilidade àqueles que têm a permissão para a atividade. Depois de feito o convênio com a prefeitura, recebemos uma listagem com os dados do moto-taxista, de onde tiramos o manequim da pessoa. O equipamento já sai com o nome e o fator RH dele.

Hoje temos um estoque de 25 mil coletes. Um estoque muito grande. Foi um erro. Alguns milhões de reais estão estocados. Dependemos das legislações dos municípios para organizar o sistema de moto-táxi. Em 2004, por exemplo, ano de eleição, vendemos pouco, porque ninguém queria mexer com nada. Existe uma lei tramitando no Congresso Nacional que vai regulamentar a atividade de moto-táxi e de motoboy, em nível federal. Hoje, compete ao município legislar. Temos mais de mil municípios no Brasil que já têm regulamentação da atividade, porém, algumas leis como a de Fortaleza, não exigem padronização. Estamos tentando convencer as autoridades de que a padronização vai trazer benefícios, como em Goiânia, onde reduziu em 84% o número de acidentes. Hoje, o plano da Fixo-Condutor é conseguir recursos junto aos investidores de Capital de Risco, para divulgação e comercialização do colete. Precisamos de investimentos para promover fóruns estaduais, chamar o interior, o Detran do Estado, reunir a categoria. Onde apresento o produto, ele tem aceitação. Estamos aguardando o resultado de nossa inscrição no 12º Fórum de Capital de Risco, promovido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), onde, se aprovados, poderemos apresentar nosso Plano de Negócios aos investidores. Acreditamos que nos próximos cinco anos, conseguiremos triplicar o valor de nossa empresa.Desenvolver e fabricar não é difícil, difícil é ir para o mercado, fazer com que as pessoas comprem, tirar um percentual de mercado de alguém e passar a ter esse percentual. Você tem que saber produzir, conhecer o mercado, os seus concorrentes e ter habilidades em vendas.”

Fonte: 
http://www.finep.gov.br/premio/folhas_inovacao_premio_2004/centro_oeste_tela.pdf
http://www.universiabrasil.com.br/inove/noticia.jsp?noticia=180 
acesso em julho de 2005
http://www.fixocondutor.com.br/index.php?cont=produtos&id=7 
acesso em julho de 2009 
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