“Coletor Solar”

A falta de energia pode não ser mais um empecilho ao banho de moradores de casas térreas. A arquiteta Jane Tassinari Fantinelli garante que durante o período de abril a junho deste ano precisou acionar o chuveiro elétrico apenas dez vezes, garantindo economia na taxa de consumo de energia. Nesse período, seus banhos eram aquecidos pelo calor do sol, graças a um sistema de aquecimento solar alternativo de água instalado de próprio punho. A operação, para a qual Jane contou com o auxílio de um mestre de técnica hidráulica e mais dois ajudantes, prevê a criação de um sistema alternativo de aquecimento solar apresentado e defendido em seu projeto de mestrado na Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp supervisionado pelo professor José Thomaz Vieira Pereira. A experiência tem como objetivo difundir a técnica de construção de coletores alternativos entre a população de baixa renda.

Jane explica que o coletor é uma malha de PVC coberta com 4 centímetros de concreto, direcionado para duas caixas d’água: uma térmica e outra fria. O isolamento da caixa transformada em reservatório de água quente e do coletor foi feito com jornais velhos e isopor. A conversão tem um custo baixo e fixo, segundo Jane, e, além disso, possibilita o religamento de outros eletrodomésticos ou até mesmo o investimento na iluminação da casa. “O que economiza com o aquecimento solar, o morador pode comprar, por exemplo, mais lâmpadas para melhorar a iluminação da casa”, orienta. O coletor pode chegar a R$ 400, se a laje for coberta com telha transparente. Mais de mil latas de refrigerantes vazias tiveram papel importante no estudo de Jane. Uma a uma, elas foram transformadas em aletas e fixadas em uma rede de metal, também manualmente montada, colocada sobre a laje. As aletas têm a função de captar a energia recebida do sol, repassá-la para o concreto e depois para o tubo de PVC. Chapas de isopor permitiram o isolamento entre as aletas e a laje. “Colocamos isolante neutrol para impedir que a água escorra e para formar camada seletiva que vai absorver esses raios de sol e retornar essa chapa superquente”, esclarece. 

As medições de temperatura foram realizadas várias vezes durante o dia. Entre 1º e 6 de fevereiro de 2002, a água do coletor chegou a 40, 49, 46, 47 e 52 graus centígrados. Os números foram tirados do meio, do topo e do fundo da caixa. A arquiteta chegou a encontrar uma temperatura de 44 graus às 14 horas. Nos 30 dias do mês de março, às 16 horas, o termômetro chegou a marcar 50 graus. “Tenho água quente o tempo todo. Às 8 horas, o termômetro marca 32 graus, às 20h30 chega a 46 e até as 7 horas da manhã continua com temperaturas altas”, ilustra. Jane defende que no Estado de São Paulo o projeto é exeqüível. Somente nos dias em que o vento esteve muito forte, o telhado começa a esfriar e compromete o aquecimento da água, que não chega a ficar tão fria, mas isso deve ser resolvido com a aquisição de uma telha transparente, que formaria uma estufa. “A energia penetraria na telha transparente e ficaria sendo absorvida pela placa de concreto”, revela.

Fonte: 
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/julho2002/unihoje_ju180pag3b.html

acesso em julho de 2002
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