Um inseticida eficaz, seguro para o meio ambiente e para o homem. Essas são apenas algumas das vantagens do bioinseticida que está sendo desenvolvido por pesquisadores do departamento de Farmacologia do ICB em parceria com a Embrapa de Sete Lagoas. A “vítima” é a praga agrícola do milho, a lagarta Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), que come o cereal e suas folhas. Responsável pela perda de cerca de 30% da produção, a lagarta ainda é combatida com inseticidas químicos, que, apesar de eficientes e apresentarem custos baixos, podem provocar graves danos ambientais. Alternativa a inseticidas convencionais, o bioinseticida é baseado na ação de um vírus específico para inseto, chamado baculovírus, que existe na Natureza. Apesar de ser letal para a lagarta, sua ação é lenta. “Estamos elaborando sistemas para acelerar o processo de morte da lagarta infectada pelo baculovírus”, conta Evanguedes Kalapothakis, um dos coordenadores do projeto. Esse processo é feito pela manipulação genômica. “Introduzimos no DNA desse vírus o gene de uma toxina que ataca o sistema nervoso da lagarta.” Assim, o vírus mata a praga mais rapidamente.
Como os baculovírus agem lentamente, os pesquisadores buscam formas de potencializar sua atuação. Uma possibilidade seria pesquisar exemplares de baculovírus de maior poder letal contra as lagartas. No entanto, esse processo de genética seletiva é lento, podendo levar décadas até que se obtenha o vírus com as condições e características ideais para substituir o inseticida químico. “Optamos, então, por uma estratégia mais rápida e eficaz, a modificação genética dos baculovírus, por meio da introdução de genes relacionados à produção de toxinas em seu genoma”, conta o professor Evanguedes Kalapothakis, que coordena a pesquisa juntamente com o professor Marcus Vinícius Gomez e o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa. Os genes, originários de aranhas e escorpiões, são selecionados a partir do isolamento e caracterização de toxinas produzidas por esses animais. “Escolhemos genes de toxinas que atacam o sistema nervoso da lagarta e não atuam em mamíferos e em aves”, explica Kalapothakis. As modificações genéticas já testadas nos baculovírus aumentam sua capacidade letal, reduzindo o tempo de vida da lagarta em até 20%. “Os resultados já são significativos, mas nossa meta é chegar aos 50%”, completa o professor.
A Embrapa, além de realizar pesquisa em seus próprios laboratórios, fornece lagartas para os experimentos e disponibilizará baculovírus por ela patenteados, específicos para o combate da praga do milho. Os pesquisadores também pretendem encontrar parceiros na iniciativa privada, já que o bioinseticida possui um grande potencial econômico:
Fonte: http://revistapesquisa.fapesp.br:2222/transform.php?xml=4/0/20020604/20020676/pt
/SUB71_5.xml&xsl=xsl/pt/section.xsl&transf=normal&id=SUB71_5&lang=pt&subsection=SUB71
http://www.ufmg.br/boletim/bol1349/terceira.shtml
http://www.icb.ufmg.br/~labfbc/EKalapo.html
acesso em julho de 2002