Detector de Bactérias

Pesquisa pioneira da COPPE permite detectar e identificar com maior rapidez e eficiência as bactérias causadoras de infecção hospitalar. O equipamento é capaz de reduzir em até 14 vezes o tempo de detecção da bactéria em relação aos métodos tradicionais. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, as taxas de infecção hospitalar no Brasil variam entre 4% e 16%. Fruto da tese de doutorado de Aldo Pacheco Ferreira, sob orientação do professor Marcelo Werneck, do Programa de Engenharia Biomédica da COPPE, com a participação do professor Ricardo Ribeiro da UFF, o novo sistema tem como objetivo se antecipar à contaminação do paciente. “Hoje em dia não se previne infecção, apenas se combate, e geralmente essa guerra começa quando já aconteceu um número significativo de óbitos suspeitos”, alerta. A principal vantagem do sistema é a rapidez de ação e a confiabilidade dos resultados. Concebido no Laboratório de Instrumentação e Fotônica da COPPE, o equipamento utiliza sensores à fibra ótica, revelando em até 5 horas a o tipo de bactéria aero biológica presente no ambiente. O método convencional leva em média 72 horas. O risco de fatalidade nestas condições é muito maior, e tem como principais vítimas crianças e idosos. Nos últimos anos este problema tem requerido especial atenção de pesquisadores e governos do chamado primeiro mundo. Nos EUA, por exemplo, onde os gastos extras com infecções hospitalares ficam em torno de U$ 5 a 10 bilhões por ano, 5% dos pacientes contaminados morrem. Os gastos são gerados, principalmente, pela exigência de um tempo maior de internação do paciente e o uso de antibióticos de terceira geração que, no Brasil, custam em média R$ 600.

 

O hospital é o local de maior concentração de bactérias. Em geral o paciente já chega com o sistema imunológico debilitado. A infecção pode manifestar-se durante a internação ou mesmo após a alta, até 180 dias depois da hospitalização. Coordenada pelo professor Marcelo Werneck da COPPE, a inovação da pesquisa está no desenvolvimento de um sensor biológico, que engloba recursos da biologia, da óptica e da engenharia. Pelo método, a fibra óptica é colocada dentro um meio de cultivo próprio para o desenvolvimento de cada espécie de bactéria. Esse meio de cultura pode ser composto por infusão de algas, extrato de leveduras, vitaminas, sais, sangue, entre outros elementos. Um cardápio de nutriente especialmente elaborado para tornar -se atraente às bactérias.

Para coletar os agentes da infecção hospitalar os pesquisadores utilizam uma bomba que aspira 1 m3 de ar para dentro de um recipiente com o meio de cultura. As bactérias então se alojam na fibra óptica e começam a se reproduzir aceleradamente. Uma vez fisgada à isca, já no laboratório, o sensor é colocado no recipiente e estas, em pleno crescimento e multiplicação, passam a interagir com o sensor. Neste momento, através da “leitura” da luz que é absorvida pelos microrganismos, o sistema pode em poucas horas identificar o tipo e a taxa de crescimento das bactérias. Com este diagnóstico, é possível desinfetar uma sala cirúrgica, antes do início da operação, utilizando esterilizantes específicos para combater o tipo de bactéria detectada no local. “Quanto menos luz passar pela fibra, mais bactérias existirão no ambiente”, explica Aldo Ferreira. “O aparelho é uma espécie de armadilha que consegue identificar as bactérias presentes em diferentes tipos de ambientes”, disse Ferreira.

A ideia é que o equipamento seja instalado em locais críticos, como UTI’s e salas de cirurgia, monitorando constantemente a qualidade do ar. Esse procedimento seria suficiente para prevenir a contaminação do paciente. “As comissões de combate a infecções hospitalares trabalham a partir de pacientes com casos suspeitos, mas neste caso o paciente já está com a saúde comprometida, pois a doença já se disseminou”, diz Aldo Ferreira, hoje pesquisador do Depto. De Saneamento e Saúde Ambiental da Ensp/Fiocruz. A vantagem desta técnica é que através dela é possível combater a contaminação antes dela atingir o paciente.

Até agora os pesquisadores efetuaram testes com as bactérias mais comuns nos hospitais, como a Estreptococos pneumonia, que como o próprio nome diz causa a pneumonia; a Staphylococcus aureus e Pseudômonas aeruginosa, que provocam inflamação nas feridas cirúrgicas; e a Escherichia coli O157:H7, conhecida como “mal do hambúrguer”, presente na carne bovina, que provoca parada do funcionamento dos rins e diarreias hemorrágicas. Esta tecnologia pode ainda ser aplicada para combater a intoxicação alimentar e monitorar o ambiente, verificando o nível de contaminação da água. Também pode ser utilizada pelas indústrias farmacêuticas e de alimentos e na verificação da eficiência do tratamento de antibióticos, muito importante para prever como o organismo pode reagir em relação ao tratamento. Desenvolvido em um ano de pesquisa, com a realização de testes de calibração do equipamento em hospitais, o protótipo já se encontra em fase de conclusão.

 

Fonte:

http://www.planeta.coppe.ufrj.br/noticias/noticia000056.html

http://www.peb.ufrj.br/~lips/splash/publijornal.htm

http://www.uady.mx/~biomedic/rev_biomed/html/rb001144.html

http://www.dialogomedico.com.br/dialogo042001/artigo03.shtm

 

 

Acesso em março de 2002

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