Dutos de DLC

Uma técnica mais barata de revestimento para dutos de petróleo, desenvolvida na Escola Politécnica (Poli) e na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, e que poderá diminuir os problemas de corrosão nas indústrias, acaba de ser premiada pela Petrobras. O trabalho Estudo da viabilidade da utilização de filmes de carbono tipo diamante como camada de revestimento interno em dutos de transporte de petróleo, de Paula Maria Nogueira, foi o segundo colocado na categoria alunos de graduação do Prêmio Petrobras de Tecnologia de Dutos, patrocinado pela empresa e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O processo se baseia no uso de filmes finos de carbono com propriedades idênticas ao diamante, conhecidos como Diamond Like Carbon Film (DLC), material de alta dureza e que apresenta grande resistência a ataques químicos, além de possuir excelentes propriedades óticas. Os filmes foram aplicados em amostras de silício, aço inoxidável e aço carbono e foram feitos testes de corrosão em soluções ácidas, básicas, solventes orgânicos e no próprio petróleo.

 

Segundo o pesquisador da Poli Ronando Domingos Mansano, orientador do trabalho, os ácidos não podem estar em contato com o aço, por serem muito agressivos ao material. “O petróleo e outros produtos orgânicos causam poucos danos, mas as impurezas e aditivos contidos neles causam os maiores problemas de corrosão e limitam a utilização de certos tipos de aço”, afirma. O professor da EESC Luiz Gonçalves Neto relata que os filmes de DLC são feitos por um processo de baixo custo, o que facilita sua utilização pelas indústrias. As propriedades ópticas do material serão objeto de novos estudos para obtenção de produtos industrializados. “Queremos provar a viabilidade industrial dos projetos desenvolvidos na universidade, cujos projetos podem ser transferidos a um baixo custo para a indústria”, conta. Paula Nogueira, aluna de graduação em Engenharia Química, recebeu R$ 2 mil de prêmio e uma bolsa de dois anos do CNPq e da Petrobras para o mestrado. O trabalho, um projeto de iniciação científica, financiado pela Fapesp, contou com a colaboração dos professores Patrik Verdonk, da Poli, e Luiz da Silva Zambom, da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec), e a participação dos doutorandos Giuseppe Antônio Cirino e Patrícia Soares Cardona.

Esta premiação foi obtida com o trabalho “Estudo da Viabilidade da Utilização de Filmes de Carbono Tipo Diamante como Camada de Revestimento Interno em Dutos de Transporte de Petróleo”. O Prêmio Petrobras de Tecnologia de Dutos tem por objetivo divulgar o PRODUT -Programa Tecnológico de Dutos, incentivando o desenvolvimento de novas tecnologias de interesse para o País. A ideia básica da premiação é viabilizar a continuidade de bons trabalhos de graduação e de mestrado. Esta aplicação do DLC foi desenvolvida pela aluna a partir dos resultados do seu projeto de iniciação científica, que foi financiado pela Fapesp. Os testes foram realizados sobre amostras de silício, aço inoxidável e aço carbono. Para verificar o ataque químico à superfície, essas amostras foram submetidas a testes de corrosão em várias soluções ácidas, soluções básicas, em solventes orgânicos e naturalmente, com o próprio petróleo. Após a corrosão foram utilizadas técnicas de análise que permitiram medir a taxa de corrosão, a absorção de produtos químicos e a rugosidade adquirida pelos filmes. Segundo o Dr. Ronaldo Domingues Mansano, pesquisador do Laboratório de Sistemas Integráveis do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP (PSI-EPUSP) e orientador do trabalho, “os ácidos são muito agressivos e geralmente o aço não pode ser utilizado em contato com eles. Produtos químicos orgânicos, como o petróleo, por si só causam poucos danos à superfície do aço. São as impurezas ou aditivos contidos nestes compostos orgânicos que causam os maiores problemas e limitam a aplicação de determinados tipos de aço”.

Conforme o Prof. Luiz Gonçalves Neto do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia de São Carlos-EESC – USP, “os filmes de DLC produzidos neste projeto são feitos por um processo de baixo custo, o que pode propiciar uma grande variedade de aplicações industriais. Neste projeto estamos interessados nas aplicações ópticas deste filme. Microelementos ópticos fabricados com este filme ganharam no ano passado, o primeiro lugar da ‘Divisão Artística’ e o segundo lugar da ‘Divisão Técnica’ do ‘Diffractive Optics Beauty Contest’ organizado pela ‘Optical Society of America’. Neste momento estamos realizando com apoio da FAPESP tanto a patente dos elementos ópticos fabricados, como a patente do nosso processo de fabricação. Com este tipo de solução, queremos provar a viabilidade comercial de muitos projetos desenvolvidos na universidade, cuja tecnologia pode ser transferida a um baixo custo para a indústria”. Este projeto também conta com a colaboração dos professores Dr. Patrick Verdonk do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica -USP, Dr. Luiz da Silva Zambom da CEETESP-Fatec-SP e com a participação dos doutorandos Giuseppe Antônio Cirino e Patrícia Soares P. Cardona.

 

Fonte:

http://www.usp.br/agen/bols/1998_2001/rede711.htm

http://www.sel.eesc.sc.usp.br/tele/destaque/tec_dutos/tec_dutos.htm

acesso em março de 2005

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