Com o registo intelectual de mais de 20 inovações, Adélio Mendes é um dos investigadores nacionais de maior sucesso. Foi o responsável pela primeira cerveja sem álcool da Super Bock e o criador da patente mais cara vendida em Portugal, por cinco milhões de euros.
Adélio Mendes é engenheiro químico e professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Alia a inventividade de um cientista ao pragmatismo de um homem de negócios, dois mundos bifurcados na sua carreira de investigador. Os prémios chegam em cascata, como é disso exemplo a atribuição do Troféu Inovação Tecnológica, no passado mês, por parte da UP.
Acumula patentes – mais de 20 – de tecnologias pioneiras, maioritariamente ligadas ao desenvolvimento de energias limpas, entre as quais a propriedade intelectual mais cara transacionada em Portugal, vendida à empresa australiana Dyesol por cinco milhões de euros. Não bebe cerveja, mas foi o responsável por dar origem à revolucionária “loira” sem álcool produzida pela Super Bock. Aos 53 anos, Adélio ainda sonha muito. Acredita mais. E concretiza.
“Eu tenho um sonho, o mesmo de D. João II: acredito que Portugal pode ser líder. Mais ninguém acreditava, mas ele não tinha dúvidas. E eu também não tenho”, assegura o investigador, em entrevista ao Expresso. Não trabalha para o reconhecimento. “Só quero que me deem condições para andar e que não me cortem as pernas”, acrescenta Adélio Mendes, um inventor nato.
Aprendeu isso desde criança, a brincar com os legos, os didáticos brinquedos da marca dinamarquesa que lhe permitiam construir gruas e tanques de guerra. Com 12 ou 13 anos, deu asas à primeira criação, um aeromodelo apetrechado com um motor elétrico, algo que lhe permitiu perceber de forma empírica um pouco mais de química. “Chateei o meu pai para poder colocar um motor de explosão, mas ele disse: ‘nem pensar nisso, é muito perigoso’. Então, fiz a produção de hidrogénio e oxigénio para fazer a combustão num reator aberto. Foi aí que descobri que a reação entre o oxigénio e o hidrogénio era, de facto, muito violenta, porque aquilo ainda causou alguns estragos”, recorda o docente da FEUP, instituição onde leciona desde 1994 e para a qual assegura já ter conseguido levar aproximadamente 15 milhões de euros, através dos vários projetos e das parcerias com o tecido empresarial.
Sobre a ANI – A Associação Nacional dos Inventores foi criada com o intuito de divulgar as invenções brasileiras, a fim de encontrar parceiros para colocá-las no mercado. Os inventores recebem todo o apoio comercial e jurídico na hora de registrar suas invenções e, também, na hora de negociá-las com possíveis empresas e investidores.
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