ELES VIVEM DE INVENTOS

Quem conseguiu transformar protótipos em negócios rentáveis.

Ele surgiu de assalto

Roberto Sendra, 44 anos, formado em comunicação visual

BONECO WILSON: Réplica de um homem feita em náilon e lona, com máscara de látex. Pode ser inflado por meio de um pequeno ventilador e colocado no banco de passageiro do carro para afugentar bandidos.

Em 2004, ao assistir a um programa de TV de histórias policiais, Roberto Sendra ouviu o secretário de Segurança Pública de São Paulo declarar que havia menor risco de assalto a carros em que o motorista não estivesse sozinho. Na época, Sendra já era dono da Bonecos Infláveis, que, como o nome diz, comercializa bonecos infláveis. Usou então sua experiência para fazer uma réplica de ho-mem que pode ser colocada no banco de passageiros para evitar assaltos. Em 2008, nascia o bone-co Wilson. “A minha empresa sustentou o Wilson até ele se tornar independente”, brinca Sendra. A invenção já vendeu 292 unidades — cada uma no valor de R$ 350. Poderia ser um sucesso, se não fosse um detalhe: o seu desenvolvimento consumiu mais de R$ 100 mil. “O governo realmente não ajuda, parece que não percebe que tudo que existe hoje em dia veio da cabeça de um inventor e que é preciso dinheiro para tornar cada invenção realidade.” Mesmo assim, Sendra não desiste. O pró-ximo passo é investir na divulgação em canais de vendas na televisão para que seu boneco fique tão conhecido quanto a fonte de inspiração para seu nome, a bola Wilson, companheira de Tom Hanks no filme Náufrago.

 

O homem das soluções

Jorge Aparecido Fachinelli, 37 anos, formado em eletrônica

MÁQUINA DE COSTURA COM SENSOR DE CORTE > Dois sensores óticos fazem a “leitura” do tecido e permitem ativar automaticamente o corte, evitando assim desperdícios.

Jorge Fachinelli trabalhava com vendas de máquinas industriais quando um de seus clientes, dono de uma fábrica de lingerie, comentou com ele que estava em busca de uma solução para evitar des-perdício de material. “Tenho uma formação em eletrônica e comecei a imaginar um sistema automá-tico que resolvesse o problema”, diz. Conseguiu projetar uma máquina de costura com um sensor que permite programar o tamanho exato do corte. O protótipo permaneceu em fase de teste entre 2008 e 2009 e, depois, foi necessário um investimento de R$ 10 mil para colocá-lo no mercado. A empresa de Fachinelli, Flex Comércio de Máquinas, já vendeu cerca de cem desses equipamentos, que podem custar entre R$ 3.500 e R$ 4.600. Agora, Fachinelli concentra-se na criação de outros mecanismos — por exemplo, para auxiliar as pessoas a dobrar peças de roupa. Mas esse mundo de inventores tem suas armadilhas. “Atualmente, estou entrando com processos contra empresas que copiaram e estão comercializando minha invenção.”

Era uma vez um desempregado

Leopoldo Almeida, 39 anos, ex-vendedor

CORTADOR DE SACHÊ > O Khort é um objeto em formato de “U”, acoplado à uma lâmina – que pode ser trocada – com um caminho para passar a ponta de um saquinho de ketchup ou mostarda.

Leopoldo Almeida notou algo de incomum quando o garçom de uma lanchonete no centro do Rio de Janeiro trouxe seu pedido. Não havia nada de errado com seu sanduíche, mas todos os sachês com os condimentos já estavam abertos, cortesia do seu atendente. “Eu posso criar algo que faça isso, que abra os sachês para as pessoas”, imaginou. Na época, em 2007, o vendedor de material médico estava desempregado, e teve de pedir empréstimos de R$ 30 mil a um amigo e à irmã para registrar a patente do seu invento, o Khort. Mesmo depois, a falta de dinheiro continuou a ser um problema: para começar a produzir o cortador, ele precisava de um investimento de R$ 200 mil. Como solução, Almeida tornou-se sócio do dono de uma fábrica de objetos plásticos. Ele demorou cerca de oito me-ses para vender as primeiras 20 mil unidades. Valeu a pena. Em janeiro de 2010, foram dois mil; em junho, 18 mil; e em setembro, 100 mil. Hoje, Khort também é o nome da sua empresa, que tem clien-tes no Brasil inteiro. “O próximo passo é tornar o Khort um utensílio comum na casa de qualquer consumidor”, afirma. Neste ano, Almeida entrou com pedido de patente internacional nos Estados Unidos, Canadá, México e Europa. Além disso, está desenvolvendo uma versão descartável do cor-tador para acompanhar refeições entregues em domicílio.

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios – Eles vivem de inventos.

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