A fabricação da frutose (açúcar derivado das frutas) pode ter seus custos reduzidos em 60 por cento graças a um processo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da divisão de química do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Para obter o produto, o novo método, estudado ao longo deste ano a partir de uma pesquisa-motivada, consiste em submeter o açúcar invertido (mel) a baixas temperaturas para cristalizar a glicose e concentrar a frutose. Surge como um meio de produção alternativo à convencional separação cromatográfica. Este mecanismo é mais trabalhoso e exige a utilização de um equipamento industrial que custa cerca de US$ 3 milhões.
A técnica consiste em transformar a sacarose (açúcar comum) em mel (estado em que a separação da frutose e glicose é bastante difícil), e congela- lo a uma temperatura de cinco graus negativos. Depois, a substância vai sendo resfriada progressivamente até que uma grande quantidade de moléculas de glicose (menos solúvel que a frutose) seja cristalizada com a água. Obtêm-se, então, o isolamento da frutose, que fica cada vez mais concentrada. O IPT chegou a uma temperatura máxima de 35 graus negativos por meio de um freezer especial (o freezer doméstico chega a 20 graus abaixo de zero).
Ao invés de utilizar a separação cromatográfica convencional, os pesquisadores submeteram o açúcar invertido em solução a um rápido resfriamento, próximo do ponto de congelamento. A glicose é menos solúvel do que a frutose e cristaliza-se separadamente. A frutose permanece em solução e os cristais podem, então, ser separados a frio, por centrifugação. Esta separação é fundamental na produção de adoçantes e dietéticos, que utilizam a frutose. A glicose separada pode ser utilizada na fabricação de balas e doces. O processo pode ser repetido diversas vezes com uma mesma solução, para se alcançar um grau de pureza maior da frutose. “É uma opção bastante interessante para as usinas de açúcar”, sugeriu o diretor técnico do IPT, Marco Giulietti. Ele disse ainda que, além de oferecer vantagens econômicas – a frutose tem uma capacidade adoçante 30 por cento maior que a sacarose e portanto é preciso uma menor quantidade do produto para se obter o mesmo resultado – a substância, que pode ser adquirida em farmácias e supermercados, é mais saudável. Atualmente, grande parte da frutose encontrada no mercado é produzida a partir da importação de uma espécie de batata (a chamada alcachofra de Jerusalém), que assim como a beterraba, é rica nestes componentes.
Apesar da simplicidade do trabalho, Giulietti afirmou que só a produção em larga escala é viável. Ele esclareceu que a frutose produzida não vem competir com o aspartame e substâncias do gênero e sim com a frutose exclusivamente fabricada por meio do processo cromatográfico. O IPT já fez pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e recebeu menção honrosa no XXII Congresso Nacional “Prêmio Governador do Estado” – Invento Brasileiro 1995.
A redução de custos, com relação ao processo convencional, é da ordem de 60% e a tecnologia já está disponível para transferência, devendo interessar aos fabricantes de adoçantes e dietéticos. Não basta que o novo processo seja mais barato do que o convencional. É preciso que o produto nacional chegue ao mercado mais barato do que o importado”. E isso só é possível com produção em escala: “pelo menos 10 mil toneladas/ano”, estima Giulietti.
Fonte: http://www.radiobras.gov.br/abrn/c&t/1997/c&t_0509.htm#3
acesso em dezembro de 2001
http://www.sempreemforma.com.br/vida_saudavel/nutri/nt-inforutil/adoc_diet_barat.htm
acesso em agosto de 2002
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4780237Z8
acesso em setembro de 2009