Desenvolvido por uma pequena empresa de contagem (MG), o primeiro anti-ácaro de uso doméstico fabricado no mundo chegou ao mercado em 2000, em frascos de 500 ml com gatilho pulverizador, “o nome não é bonito, mas fará uma revolução, pois há 16 milhões de pessoas alérgicas ao ácaro, somente no Brasil”, garante o químico Carlos Alberto Dias, dono da empresa NewTequi, que comercializa o produto e responsável pelo desenvolvimento do produto. Dias explica que chegou ao anti-ácaro doméstico a partir das matérias primas que sua empresa consome para fabricar o anti-ácaro LXCN10, que fornece para indústrias têxteis e de colchões. Nesse mercado, ele concorre com duas gigantes, a Clareant (ex-Sandoz) e a 3M. Segundo Dias, as grandes empresas internacionais que atuam no setor somente se aplicaram em desenvolver produtos para emprego industrial, a partir de fungicidas.
O pulo do gato, segundo Dias foi desenvolver uma fórmula que permitisse o emprego de um acaricida não tóxico, por meio da substituição de polímeros que reagem a altas temperaturas (empregados nas espumas dos colchões, por exemplo) por polímeros que reagem à temperatura ambiente. “Só isso permitiria o uso em spray doméstico”, afirmou. A empresa levou três anos e investiu R$ 1,2 milhão para desenvolver o produto, testá-lo e desenvolver a marca e embalagem. Mas a maior dificuldade foi conseguir alguém que testasse o produto. “Não havia cultura de ácaros em nenhum instituto ou universidade no Brasil”, conta. Foi a Fundação Centro tecnológico de Minas Gerais (Cetec) que afinal aceitou desenvolver culturas para testar o produto.
Fábio Castro Patrício, biólogo do Cetec explica que o ácaro é um artrópode (pernas articuladas, classificado como aracnídeo, que se alimenta de fungos e resíduos da escamação de pele humana). “Nosso clima é favorável à sua proliferação, pois precisa de calor e umidade. E o fato de a escamação da pele humana ser um processo contínuo, sua alimentação está sempre disponível nas residências”, disse. Ainda segundo o biólogo, o combate ao ácaro pelo sistema de purificação do ar é ineficiente, pois “o aracnídeo não é uma bactéria que se espalha pelo ar”, explicou. O Ministério da Saúde exigiu, para registrar o produto, testes de eficiência, hipersensibilidade e toxicologia, que foram realizados pelo Adolfo Lutz e Bioagri, de São Paulo, pela UFMG e Cetec, de Minas Gerais e pelo Tecpar, do Paraná.
Fonte:
Jornal Gazeta Mercantil, 17.09.00 página C-4 (Empresas&Carreiras)
acesso em março de 2002
Agradeço ao inventor Carlos Alberto Dias ([email protected]) pela revisão desta página em outubro de 2004