Com o objetivo de buscar soluções a curto prazo para áreas agrícolas carentes, onde a produção de baixas temperaturas depende da existência de energias convencionais, quase sempre inexistentes ou onerosas nestas regiões, o Departamento de Engenharia de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp desenvolveu em 1985 um refrigerador solar autônomo por absorção sólida. Composto por três componentes básicos (condensador, evaporador e coletor solar), o refrigerador não necessita de outra energia para seu funcionamento a não ser a do sol, barateando sensivelmente o seu custo. De acordo com o prof José Antonio Dermengi Rios, engenheiro mecânico e doutor em energética, principal responsável pelo projeto, o Brasil é o segundo país do mundo que pesquisa este protótipo de geladeira, usando carvão ativado e metanol, e o único a desenvolver estudos no sentido de qualificar outros tipos de carvão ativado, necessários ao sistema frigorífico por absorção (este fenômeno consiste na mudança de estado do vapor, que passa de uma fase gasosa a uma condensada).
“O sistema por absorção utiliza os coletores solares planos, que não exigem a concentração da energia incidente, possibilitando seu uso mesmo em regiões de insolação não contínua, ou de baixa intensidade”, explica Rios. O funcionamento do sistemaexige duas etapas distintas: no período noturno ocorre a diminuição da temperatura do coletor solar e abre-se a válvula que liga coletor e evaporador, proporcionando a evaporação do fluido. Já no período diurno, a energia solar captada eleva a pressão do condensador e o vapor troca calor com o ambiente, se condensando”. Segundo o prof. Rios “A idéia do projeto surgiu na França no LIMSI (http://www.limsi.fr/), laboratório no qual eu me doutorei com tese sobre bomba de calor,e que é pioneiro mundial em refrigeração solar por adsorção física. Atualmente abandonou a realização de equipamentos depois de alguns convênios para fabricação com empresas francesas.”
Segundo Rios, os parametros que influenciam no rendimento do refrigerador são as temperaturas máximas e mínimas do coletor solar e a temperatura do evaporador. “Mesmo nos dias nublados, o regfrigerador pode ser dimensionado para ficar sem a energia do sol, e continuar acumulando gelo em seu interior. Além disso, como o sistema é modular, pode-se prever sua ampliação ilimitada, bastando para isso, o aumento da área de exposição do coletor solar”. A pesquisa sobre refrigerador solar envolveu duas etapas: a primeira etapa consistiu num estudo quantitativo onde o prof Rios elaborou o protótipo e conseguiu fazer funcioná-lo da melhor maneira. A segunda etapa foi um estudo qualitativo, para se tentar diminuir os custos do refrigerador. O protótipo de laboratório da Unicamp teve valor estimado em Cz$ 60 mil, mas para Rios, o modelo comercial poderia chegar a metade deste valor. A segunda etapa foi financiada em parte com recursos da Finep.
A patente PI 9002993 refere-se a um resfriador solar para leite que compreende um recipiente dentor do qual se encontra um material adsortivo, um fluido gasoso adaptado à adsorção e um segundo recipiente ligado ao primeiro por meio de um tubo. O modelo comercial teve um custo médio estimado de US$400 por metro quadrado. . por suas características modulares a geladeira solar pode suprir as necessidades tanto do pequeno como do grande produtor rural. Seu dimensionamento vai dependner da função, sendo idela para solução de problemas d eperda de produção pela não comercialização a tempo de produtos perceíveis, como o leite. O sistema necessita apenas de duas horas para começara refrigerar. Sua capacidade é a de dois quilos de gelo por metro quadrado de coletor.
José Antonio Dermengi Rios é pós-Graduado em Administração de Empresas, “Docteur Ingénieur en Energétique” pela “Université Pierre et Marie Curie” da França, “Diplôme D’Etudes Aprofondies” em Física Energética pelo “Institut Polytechnique” de Grenoble da França e Engenheiro Mecânico pela UNICAMP. Atuou como Gerente Industrial e de P&D, Assessor de Marketing, Atendimento de Agência de Publicidade e Engenheiro de Vendas. É Consultor de Empresas, Professor e Pesquisador Concursado da UNICAMP, Diretor do INAE e Presidente da Associação Dinâmica do Saber, Chefe do Laboratório de Desenvolvimento de Processos Industriais, Assessor “ad-hoc” da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência e Tecnologia, Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná, Professor e Palestrante convidado por diversas Instituições.
O professor Rios explica a razão da não comercialização de sua invenção: “Na veradade o projeto foi mais completo do que eu pude passar e incluiu análise econômica de fabricação, lay-out e etc por um aluno da Economia da Unicamp. Dois são são os motivos principais pelos quais “grandes inventos”, como este e pelo menos mais de 300 na Unicamp não saem digamos do papel, seja ele registrado no INPI ou não: 1. Amadorismo que resulta em ausência de um estudo empresarial, ou seja, pelo menos a definição dos custos de fabricação e dimensionamento do mercado. 2. Desconhecimento de como promover a negociação do projeto empresarial com os devidos fabricantes potenciais. Este foi o motivo pelo qual a geladeira solar do Rios não foi além de uma notícia em 1987 por aí…. Posteriormente eu exerci o cargo de gerente de P&D na antiga Climax fabricante de refrigeradores e, com os novos conhecimentos adquiridos, decobri que a universidade vive em outra órbita, outro planeta que a afasta anos luz da realidade industrial e empresarial.”
Fonte: http://www.fea.unicamp.br/deptos/dea/docentes.html
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4785492J6
acesso em março de 2005
Agradeço ao prof Rios ([email protected]) pelo envio de informações em março de 2005 para composição desta página
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