Tendo em conta que a geladeira é responsável por um dos maiores gastos na conta de energia elétrica, pesquisadores de uma empresa incubada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) resolveram desenvolver um aparelho movido a luz solar. A idéia, que surgiu durante a crise energética de 2001, é suprir as necessidades de qualquer comunidade que não tenha eletricidade. O aparelho funciona por meio de um compressor movido a energia solar, que transforma calor em frio. “O coletor de raios solares, que pode ser instalado no telhado da casa, concentra o calor em um tubo que esquenta um óleo vegetal biodegradável. O óleo quente é utilizado para regenerar o sistema de absorção de calor, responsável pela refrigeração dentro do aparelho”, explica o engenheiro Fabiano Chaves, um dos idealizadores do protótipo. O matemático Fernando Cyríaco também participou do projeto. Ambos são sócios da Paz Engenharia.
Chaves lembra que o aparelho usa outras fontes de energia, em caso de variações climáticas em regiões desprovidas de eletricidade. Gás, álcool, biomassa e carvão são elementos que podem substituir o sol e manter o reservatório de óleo vegetal aquecido para manter os alimentos refrigerados. “Se for instalado em uma casa com eletricidade, o aparelho pode ser responsável pela economia de até 30% na conta de energia”, disse. O pesquisador cita ainda duas outras vantagens: a geladeira não emite nenhum tipo de ruído e tem uma vida útil de 40 anos. Chaves e Cyríaco planejam a construção de uma fábrica, em Belo Horizonte, para a produção em larga escala. Eles estimam que o produto final chegará ao consumidor em meados do ano que vem, a um custo de R$ 2 mil. De acordo com um estudo de viabilidade econômica feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em diferentes cidades de Minas Gerais, 97 mil famílias podem ser potenciais compradoras da invenção.
A ideia da geladeira solar surgiu na crise energética de 2001, onde em uma viagem para Macaé-RJ estudou-se a possibilidade da criação de uma geladeira solar, sendo que na viagem de volta já havia se decidido a construção da Paz Engenharia para produção da Geladeira. A ideia não é simplesmente desenvolver, mas produzir. Foi criada a empresa em 17 de março de 2003 e sua instalação começou na Incubadora de Empresas da UFMG – Inova, em agosto de 2004.
Os raios solares se concentram em um coletor que pode ser instalado no telhado da casa. O formato côncavo provoca a convergência dos raios e faz com que eles aqueçam um fluido térmico até a temperatura de 250º C. Esse fluido é armazenado em um reservatório, circulando entre o reservatório e o coletor, e também é utilizado para aquecer e evaporar um líquido com ponto de ebulição menor que o da água (amônia, por exemplo), que se encontra misturado à água dentro do tubo. O vapor gerado sobe carregando a água junto, essa por sua vez é direcionada, pelo vapor, para a parte de fora do tubo e depois, pela gravidade, para a parte baixa da geladeira. O vapor após passar por uma tubulação e descer, perde calor nas aletas e volta ao estado líquido, sendo direcionado para a câmara fria. Como a substância utilizada possui grande afinidade química com a água (que está na parte mais baixa do protótipo), esta faz com que ela se evapore e siga a seu encontro. Para vaporizar-se e manter-se em estado gasoso, o produto retira calor do ambiente, que se resfria por causa disso. Quando se encontra com a água, o produto se transforma em líquido, é novamente aquecido pelo fluido térmico e, assim, o ciclo recomeça.
Fonte: 1/4/2005 – Água gelada no sertão Autor: Agência FAPESP de Notícias, Thiago Romero
acesso em abril 2005
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