Interferon

Uma nova versão do interferon, proteína usada no tratamento de alguns tipos de tumores e infecções virais e parasitárias, foi descoberta por cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A versão inédita da substância, produzida no Laboratório de Vírus do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), foi patenteada pela UFMG em novembro de 2000 nos Estados Unidos. 

O interferon é uma classe de glicoproteínas produzidas por todas as células do organismo. Até hoje, três tipos de interferons humanos já foram isolados em laboratório e denominados alfa, beta e gama. A diferença entre eles reside na composição de seus aminoácidos. Os interferons alfa e gama são produzidos sobretudo pelos linfócitos e atuam na circulação, enquanto o beta, produzido principalmente nos fibroblastos (células do tecido conjuntivo), age sobre os tecidos. 

Os interferons beta e alfa já foram sintetizados em laboratório e estão à venda no mercado para fins terapêuticos. O interferon beta é usado no tratamento das hepatites B e C e da esclerose múltipla. “Portadores de esclerose tratados com essa proteína tiveram uma estagnação na evolução da doença”, conta Paulo César Peregrino, professor do Departamento de Microbiologia e um dos coordenadores do projeto. “Em alguns casos de hepatite, o tratamento com interferon beta levou à eliminação completa do vírus.” 

O interferon descoberto pela equipe de Peregrino possui as mesmas características biológicas do interferon beta mais comum e provavelmente agirá sobre as mesmas doenças que ele. A vantagem é que a proteína recém-descoberta é muito mais estável que a outra. “A droga vai poder ficar mais tempo na prateleira das farmácias ou dentro da geladeira sem estragar”, afirma Peregrino. Por ser considerado inédito na literatura, esse tipo específico de interferon beta foi patenteado nos Estados Unidos. “Agora, os países que quiserem utilizar a proteína descoberta na UFMG precisarão pagar royalties ao Brasil”, avisa o cientista. 

A nova substância, que também é produzida nos fibroblastos, já foi sintetizada em larga escala em laboratórios da universidade. O primeiro passo foi isolar o gene da proteína, encontrado na membrana amniótica da placenta humana. Em seguida, esse gene foi inoculado na bactéria Escherichia coli que, ao se reproduzir, fez com que ele se multiplicasse. Os estudos ainda estão sendo feitos em nível molecular, e os cientistas não sabem quando os testes sobre a ação da substância no metabolismo humano serão realizados. “Provavelmente, os testes clínicos serão feitos por instituições especializadas fora do ICB,” afirma Peregrino. 

Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n274.htm
http://www.ufmg.br/boletim/bol1308/quinta.shtml 

acesso em fevereiro de 2002
Cronologia do Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasileiro, 1950-200, MDIC, Brasília, 2002, páginas 305 

 

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