O químico Lúcio Pereira inventou em 1990 um produto para lavagem de carros sem um único pingo de água. Com um emprego modesto no setor de tintas da Autolatina, Lúcio teve a inspiração em 1987 quando o síndico de se prédio o multou por lavar seu Karmann Ghia na garagem. Pereira ficou proibido de molhar o chão da garagem. Lúcio encontrou o vendedor de carros importados Airton Batista, de São Paulo, o primeiro a demonstrar interesse num projeto que o incluísse no esquema. A partir desse encontro, eles foram à procura de uma empresa que bancasse o processo de fabricação e comercialização do invento. Duas pessoas aceitaram o desafio: Paulo Calarezo e Terushiro Saito, proprietários do grupo Demac-Casamac Comercial Ltda. especializado em fabricação e locação de equipamentos para a construção civil. Paulo, Saito, Airton e Lúcio criaram, então, a DryCar Comércio e Indústria de Produtos Químicos Ltda., que vai cuidar exclusivamente da lavagem a seco, num esquema de franquias que já está começando a ser montado.
“Fui fundo na pesquisa e consegui um produto químico não tóxico e não corrosivo que, com um pano, pode ser passado sem força nenhuma sobre a chapa suja de um carro. Ele transforma a sujeira em fragmentos, desencadeando um processo de cristalização. Ao passar o pano seco, o carro já está limpo. Em vinte minutos ele está lavado, encerado e polido, com uma garantia de trinta dias”, afirma Lúcio. A composição impermeabilizante é composta de hexazana, fluido de silicone puro, cera de carnaúba, solvente alifático de glicol e água. A hezana e o solvente se combinam para funcionar como elementos que facilitam a remoção de sujeiras diversas, o que também acontece com o silicone, porém este proporciona também um efeito impermeável desejado, atuando em conjunto com a cera de carnaúba que por sua vez, forma uma finíssima película sobre a superfície tratada que, após polimento, recupera o seu brilho original.
O empresário Airton Batista destaca a importância da patente no desenvolvimento do produto: “Nossa proposta ao Lúcio foi baseada na ética. Ele encontrou pessoas não muito corretas pelo caminho. Nossas primeiras providências foram: trazê-lo para o grupo Demac-Casamac, montar uma empresa, tendo o inventor como sócio, e patentear o produto, pois, assim, trabalharíamos com tranquilidade. E, com muita calma, desenvolvemos o processo comercial”. Lúcio Edno afirma ter sido procurado por uma multinacional que teria oferecido uma oferta de 800 mil dólares pela fórmula, mas preferiu junto com mais três sócios em 1993 montar sua própria empresa, a Dry car, uma rede de franquia de lava-rápido com 27 unidades instaladas em todo o país. Em 1996 restavam na sociedade apenas Pereira e Airton, ex-gerente de uma revenda Subaru que comprou a parte dos outros dois parceiros. Os dois planejem dividir a empresa ficando pereira com a fábrica, junto com um novo sócio, enquanto Baptista com as franquias. A solução química para lavagem a seco está patenteada em nome de pereira e Baptista. Na época da invenção, em 1990, Pereira tinha um emprego modesto no setor de tintas para carros da Autolatina, decorridos seis anos ele continua morando numa casa alugada, mas não se mostra arrependido, continuando a desenvolver outras fórmulas de produtos de limpeza, que pretende comercializar.
Fonte:
http://www.empresario.com.br/memoria/entrevista.php3?pic_me=276
acesso em março de 2002
revista Exame: Quanto vale uma boa ideia? vol.23, n.21, outubro de 1995, página 92-93