Máquina de Escrever

O paraibano Francisco João de Azevedo nasceu em 4 de março de 1814. Pouco se sabe sobre a sua infância. É fato, porém, que cedo perdeu o pai, outro Francisco João de Azevedo. Desconhece-se o nome de sua mãe. Seus primeiros anos não foram nada fáceis, não só pela situação da viuvez de sua mãe, quanto pelo fato do Nordeste atravessar uma terrível seca na década de 1820. Sua história foi narrada pelo seu primeiro biógrafo, José Carlos de Ataliba Nogueira [1901 – 1983], no seu livro “Um inventor brasileiro”, de 1934. No ano de 1835 matriculou-se no histórico Seminário de Olinda. Tornou-se padre em 18 de dezembro de 1838, pelo Seminário de Recife, onde passou a residir. Na capital da Província do Pará (hoje João Pessoa), lecionou por vários anos, a partir de 1863, cursos técnicos geometria mecânica e desenho no Arsenal de Guerra de Pernambuco, notabilizando-se com um sistema de gravação em aço. Lá ele também desenvolveria uma invenção revolucionária: a máquina de escrever. 

Vários outros inventores desenvolveram protótipos, mas foi o Padre Azevedo quem conseguiu construir o primeiro modelo que funcionava. o modelo de Henry Mill, nunca saiu do projeto, ou seja, nunca foi construído; o francês Xavier Progin, de Marselha, em 1833, apresentou o seu invento, em que usou barras de tipo, sendo uma alavanca para cada letra.A partir de 1850, principalmente nos Estados Unidos e Europa, muitas foram as máquinas de escrever que surgiram, com especial destaque para: Alfred Ely Beach, de Nova York (1856); do Dr. Samuel W. Francis, também de NY, em 1857 e de John Pratt em 1866.Entretanto, foi em 1868, que surgiu a primeira máquina de escrever prática, e, o melhor, podia ser fabricada em escala industrial, resultado dos trabalhos de três inventores de Milwakee: Carlos Glidden, Christopher Lathan Sholes e Samuel W. Soule. As crônicas de Pernambuco relatam que em 1866 chegaram a Recife diversas famílias norte americanas, expatriadas após a derrota dos escravagistas dos estados do Sul, que procuravam estabelecer em Pernambuco um núcleo colonial. Naquele mesmo ano de 1866 na revista americana Scientific American apareceu um artigo intitulado “Who Will invent a writing machine ? “, provando que naquele ano não existia ainda a máquina de escrever na América do Norte, pois tal fato não poderia ser desconhecido de uma revista especializada 

Tendo herdado as aptidões mecânicas de seu pai, concebeu seu projeto nas oficinas da fábrica de armamentos do Exército onde lecionava. A mecânica atraía muito Francisco João de Azevedo. Recolhia-se às oficinas e laboratórios horas a fio, pela madrugada adentro, a planejar e resolver problemas das invenções que idealizava. Naquela época (e isso hoje causa espanto a qualquer um) existia no Brasil um organismo tecnológico excelentemente aparelhado para o fabrico de aparelhos, armamentos, equipamentos, fardamentos, máquinas, bem como tudo quanto necessário ao abastecimento do exército. Havia oficinas dotadas do melhor naqueles tempos, com pessoal qualificado (alfaiates, coronheiros, ferreiros, funileiros, serralheiros, etc.). Era, como se percebe, um templo de trabalho, com a vantagem de ter a tranqüilidade que todo inventor precisa. 

Dois inventos já o preocupavam: um veículo para o mar e outro para a terra. O primeiro acionado pela força motriz das ondas e o segundo pelas correntes aéreas, sem qualquer motor. Azevedo teve a idéia de construir uma máquina de escrever quando, em 1854, a primeira linha telegráfica construída do mundo transmitiu a mensagem entre Washington e Baltimore. O aparelho de David Edward Hugues [1831 – 1900] permitia escrever a máquina as mensagens telegráficas transmitidas a distância. 

Azevedo teve que construir primeiramente, porém, a máquina taquigráfica, por razões econômicas. Precisava construir um aparelho que prestasse à imediata aplicação, possibilitando-lhe auferir lucros e, nesse sentido, nada melhor do que a taquigráfica, já que tanto o Conselho de Estado como a Câmara Legislativa e o Tribunal de Justiça precisavam de um processo prático para colher discursos, diálogos e debates orais dos seus membros, durante as sessões. 

É importante esclarecer que Azevedo fez duas invenções distintas: a primeira, apresentada na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, foi a máquina taquigráfica; e a segunda, a máquina de escrever. Para Ataliba Nogueira, o melhor e mais profundo biógrafo do Padre Azevedo, não há dúvida quanto à realização de dois inventos. Escreveu ele na página 71 de sua obra “A máquina de escrever, invento brasileiro”: A própria gravura da máquina taquigráfica exibida na Exposição de 1861 mostra a simplicidade de transformação da máquina taquigráfica em máquina de escrever. 

A gravura deixa ver nada menos de vinte e quatro teclas, das quais tão somente dezesseis funcionavam. Que o Padre Azevedo inventou e fez funcionar as duas máquinas, uma para escrever e outra para taquigrafar,(…) não cabe discussão. Aproximava-se o ano de 1862, quando devia realizar-se em Londres uma Exposição Internacional, para o qual o Brasil fora oficialmente convidado. A Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional tomou a iniciativa das providências. Nesse sentido, propôs e o governo aceitou que, como medida preliminar, fossem primeiramente organizadas pequenas exposições regionais nas Províncias, para facilitar a seleção dos produtos que deveriam figurar na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, a partir da qual realizar-se-ia nova seleção, para a escolha definitiva dos mostruários destinados aos conclaves de Londres. O Padre João de Azevedo decidiu expor sua máquina na Exposição Industrial e Agrícola da Província de Pernambuco. A imprensa da época proclamou o valor da sua invenção. De fato, a máquina taquigráfica era o centro das atenções da Exposição. O Jornal do Recife, na edição de 16 de novembro de 1861 (data da inauguração da exposição), publicou: “Em frente, do outro lado da sala, está um pequeno e elegante móvel, a máquina taquigráfica do Sr. Padre Azevedo; é um dos objetos que, sem dúvida, o Brasil enviará à Exposição de Londres no futuro ano de 1862, e que chamará sobre si a atenção e o exame das classes industriais da Europa.” 

O Diário de Pernambuco, na edição de 25 de novembro de 1861, comentou elogiosamente a máquina: “O piano taquigráfico do Sr. Padre Azevedo, que há de figurar na Exposição de Londres e que ali dará uma cópia brilhante do Brasil, tem uma importância no domínio da arte e nas exigências da prática, tal qual a do vapor sobre a força individual.” 

Concluída a Exposição Regional de Pernambuco, os produtos ali selecionados deveriam ser remetidos ao Rio de Janeiro, a fim de figurarem, como já foi dito, na Exposição Nacional. O Padre Azevedo, porém, era um homem pobre e não podia, sozinho, arcar com as responsabilidades de uma viagem ao Rio de Janeiro, onde a sua presença era essencial, para que ele próprio explicasse o funcionamento da máquina e fornecesse esclarecimentos para um público certamente mais numeroso e exigente. Havia, porém, dificuldades econômicas. A máquina de Azevedo, como ele próprio disse, não estava completa. Necessitava de acabamentos e retoques finais, e isso custava muito dinheiro. A Comissão Pernambucana compreendeu o problema do inventor. Dispôs-se, então, a ajudá-lo, contanto que a máquina chegasse ao Rio de Janeiro em companhia do autor. A Comissão auxiliou Azevedo a concluir o invento e custeou sua viagem. Foi assim que ele, afinal, chegou ao Rio de Janeiro e expôs a máquina na “Primeira Exposição Nacional”, de 1861, no Rio de Janeiro. 

A Exposição Nacional, inaugurada não por acaso no dia 2 de dezembro (aniversário do Imperador Pedro II), realizou-se no Edifício da Escola Central, hoje Escola Politécnica do Largo de São Francisco. O próprio imperador Pedro II chegou a ver a máquina! Aparentando um piano, o invento era um móvel de jacarandá equipado com teclado de dezesseis tipos e pedal. Cada tecla da máquina de Francisco acionava uma haste comprida com uma letra na ponta. Eis como Padre Azevedo a descreveu: “Se tocarmos uma só tecla de um piano para produzir um som, é inegável que o podemos fazer, ao mesmo tempo que pronunciamos um A ou um B ou mesmo uma sílaba qualquer; se tocarmos uma, duas, três, quatro teclas & Co., não sucessiva, mas simultaneamente, levaremos o mesmo tempo que gastamos em tocar uma só. Se esse piano constasse somente de dezesseis teclas, teríamos dezesseis sons diferentes; se tomássemos duas a duas, teríamos em combinações binárias pouco mais ou menos cento e vinte acordes; em combinação trinária aumentaríamos esse número, e se continuássemos por combinações quaternárias e seguintes, o número de acordes seria mais suficiente para exceder o número de sílabas em qualquer idioma”. 

“Uma tira de papel da largura de três dedos, pouco mais ou menos, e de um comprimento indefinido, passando por movimento contínuo entre esta chapa e as hastes das letras, é por elas comprimida e recebe a impressão destas últimas, que conserva inalterável. As letras que compõem uma sílaba saem impressas no papel em uma mesma linha horizontal, ora juntas, ora apartadas umas das outras, e o decifrador não tem outro trabalho mais do que ajuntar as diferentes sílabas para formar as palavras. Trabalha-se na máquina como se toca num piano, com ambas as mãos, comprimindo levemente com os dedos as diferentes teclas de que ela se compõe, e aqueles que conhecem a ligeireza com que os mestres executam nesse instrumento as mais complicadas peças, compreenderão prontamente que nenhuma impossibilidade há de que com tempo e exercício se adquira nesta máquina uma destreza e agilidade tais, que permitam tomar as palavras, à medida que forem sendo proferidas, pois que para cada sílaba bastará apenas um pequeno toque com os dedos nas teclas convenientes, o que, sem dúvida, se poderá fazer em menos tempo do que o preciso para, na taquigrafia, escrever-se o sinal competente. Para escrever, observaremos o seguinte: A, B, C, D, E, F, G, L, I, O, P, R, r, s, T são as letras a que correspondem as teclas da máquina, tendo o mesmo valor que na escrita vulgar. Todas as mais consoantes que não são as precedentes se formam por combinações binárias G com as teclas CP, etc..” 

O pedal servia para o taquígrafo mudar de linha no papel. Note-se que a descrição refere-se à máquina taquigráfica e não à de escrever. A máquina de escrever foi feita, com toda a certeza, a partir de modificações posteriores feitas por Azevedo. O Jornal do Comércio, no dia seguinte à entrega dos prêmios (15 de março de 1862), publicou longo editorial narrando o acontecimento. Embora constituísse o invento de maior sucesso dessa exposição, ao contrário de todas as expectativas, a máquina de Azevedo não foi enviada para a Exposição de Londres. O motivo dado pela Comissão foi “falta de espaço” no pavilhão reservado ao Brasil, o qual mal dava para colocar as amostras dos produtos naturais (minerais, madeiras, frutos, etc.) e os de transformação (café, cacau, borracha, fumo, algodão, mate, etc.), que, no entender da Comissão, tinham prioridade, partindo do pressuposto de que envolviam estes maiores atrativos comerciais do que os inventos. 

Qual não deve ter sido a decepção do Padre quando, depois de ter recebido a Medalha de Ouro, lhe comunicaram que o modelo da sua máquina, por ele próprio tão caprichosamente executado, não mais seria levado à Exposição de Londres, pela inacreditável razão de falta de espaço suficiente para acomodá-la! Padre Azevedo, a despeito desse fato, não renunciou à sua capacidade inventiva. Em 14 de outubro de 1866 ganhou medalha de prata pela invenção de um elipsígrafo na Segunda Exposição Provincial. 

Dois anos depois tornou-se professor de aritmética e geometria no Colégio das Artes, anexo à Faculdade de Direito do Recife. A história da máquina de escrever do Padre Azevedo, porém, ainda não estava acabada. Ataliba Nogueira, biógrafo do padre Azevedo, disse que o padre foi convidado por um agente de negócios estrangeiro a ir aos Estados Unidos da América do Norte. Segundo depôs o Dr. João Félix da Cunha Menezes isso teria ocorrido em 1872 ou 1873. O estrangeiro comprometeu-se a custear tudo, desde a viagem até a fundição das peças da máquina, que seria, em seguida, fabricada em série, cabendo a ele, o padre, como inventor, uma parte da cota dos lucros obtidos. Opunha, apenas, uma condição: Azevedo teria, preliminarmente, de mostrar-lhe a máquina, de explicar-lhe o funcionamento, detalhes e engrenagens, e o modo de trabalhar. 

Padre Azevedo agradeceu o convite, mas recusou-se a empreender a viagem, em virtude de sua saúde e da idade avançada. Além desses dois fatores, temia o clima rigoroso da América do Norte. Diante da resposta, o forasteiro retirou-se; passados alguns dias, voltou à casa de Azevedo, desta vez para pedir-lhe que confiasse a ele a máquina, pois em troca lhe oferecia garantias e prometia grandes vantagens. O padre pediu tempo para pensar. O restante da história não está bem explicado. Não se sabe como, o estrangeiro apoderou-se da máquina. Todos os historiadores culpam esse anônimo estrangeiro de ter roubado o invento, para ir apresentá-lo em seu país, como se fosse de sua autoria. O roubo desestimulou Azevedo a continuar no desenvolvimento da invenção. Ataliba Nogueira sustentou intransigente a seguinte versão: “… o que se conclui como certo é ter ido a máquina para o estrangeiro (…) servindo-se algum estrangeiro de qualquer embuste para ilaquear a boa fé do modesto provinciano, cuja qualidade intelectual de vasta cultura não constituía couraça para defesa eficaz contra a astúcia e o enredo de cobiçosos.” Note-se que o segundo encontro de Azevedo com o estrangeiro ocorreu em 1872 ou 1873. Em 1867, seis anos após a invenção do Padre Azevedo, o norte-americano Christopher Latham Sholes, com Samuel Soule e Carlos Glidden, pediu patente para uma máquina de escrever. No entanto o modelo de máquina de 1874 apresentado à firma E. Remington & Sons, fabricantes de armas e máquinas de costura, de Ilion, Nova York, incorporaria avanços significativos. 

Na máquina de Sholes as suas teclas eram dispostas em ordem alfabética. Tentando criar o método mais “científico”, Sholes pediu ajuda ao seu amigo, James Densmore. Em 1872, Densmore surgiu com o teclado QWERTY, assim chamado por causa das seis primeiras letras da fila superior, na mão esquerda. Ele estudou as letras e as suas combinações mais frequentes na língua inglesa para as colocar distantes umas das outras, a fim de que as hastes não subissem juntas, embolando-se durante a dactilografia. O segundo modelo de Sholes, produzido um ano depois, tinha sido aperfeiçoado a tal ponto que a sua velocidade ultrapassava a da escrita à mão. Sholes continuou a aperfeiçoar as suas máquinas e, em 1873, assinou um contrato com a Remington para produzir máquinas de escrever. Eliphalet Remington e o seu filho, Philo, que eram fabricantes de armas, introduziram o seu modelo comercial em 1874, porém, não deram a ele o nome do seu inventor, mas o deles próprios. O público só aceitou a máquina de escrever depois de um italiano, Camilo Olivetti, ter lançado em 1910 um modelo muito parecido ao que é utilizado hoje. Olivetti lançou o modelo portátil em 1932. 

O encontro do Padre Azevedo com o estrangeiro ocorreu em 1872 ou 1873. Será mera coincidência? Daí a suspeita, bastante aceitável, de que o estrangeiro tivesse furtivamente revelado o modelo a Sholes, o único interessado e dedicado ao assunto, e este, o revelado a Remington. Leve-se em consideração também o fato de que a primeira máquina de escrever de Sholes, de 1867, é completamente diferente da lançada em 1874, e nota-se, entre a primeira e a última, um enorme avanço técnico. Como divulgaram os jornais, a máquina taquigráfica seria imediatamente utilizada para registrar os discursos nas sessões do Conselho de Estado, do Superior Tribunal de Justiça, da Câmara dos Deputados e Senado e das Assembléias Legislativas. No Brasil não havia mercado para a máquina de escrever. O comércio e as repartições públicas brasileiras eram de moldes acanhadíssimos, empregando os mais rudimentares métodos, de acordo com o ínfimo volume dos negócios e papéis. Como não seria incompreendida a vantagem da utilização da máquina de escrever naquela época, se dezesseis anos depois uma revista especializada em assuntos de arte e indústria, editada no Rio de Janeiro, a Imprensa Industrial, recebia com estas palavras o aparecimento, na América do Norte, das máquinas Remington, no dia 10 de maio de 1877, página 528: “Incontestavelmente é uma bela invenção, principalmente para os que escrevem mal, ou sofrem das mãos e ainda acrescentado, para os cegos, que, nos Estados Unidos, já dela se servem sem dificuldade.” 

Ataliba Nogueira, embora sem levar em conta os detalhes funcionais (como seria desejável) mas louvando-se no exame superficial de fotografias, encontrou grande semelhança entre a máquina de Azevedo e a Remington no 1, “a ponto de verificar” disse ele “diante da simples aproximação da fotografia de uma ou de outra, que esta é a reprodução em aço daquela outra, fabricada em madeira, tamanha é a semelhança dessas duas máquinas, que podemos aceitar de todo a tradição oral relativa ao furto da máquina, apropriação do objeto e não da idéia” e prossegue: “É uma coincidência deveras estranha que os americanos hajam abandonado de uma hora para outra os modelos sobre os quais vinham trabalhando há tanto tempo, justamente na época em que retornavam à América os emigrados de Recife. Têm tantos pontos de semelhança as máquinas de Gliden, Sholes e Soule com a do padre Azevedo, mesmo nos seus defeitos, que não se pode deixar de pensar que esta última tenha sido a origem daquela.”. 

Na carta que dirigiu ao Jornal de Recife, em 1876, isto é, quatro anos depois da Exposição de Londres, Azevedo deixou claramente entrever as dificuldades que enfrentou: “Esta, como todas as minhas descobertas ficou inútil, porque me falta o dote, muto necessário e muito legítimo de saber recomendar a creditar minha idéia. O acanhamento e a timidez da minha índole, a falta de meios, e o retiro em que vivo não me facilitam o acesso aos gabinetes onde se fabricam reputações e se dá o diploma de suficiência. Daí vem que as minhas pobres invenções definham, morram crestadas pela indiferença e pela minha falta de jeito”

Padre Azevedo morreu na segunda-feira de 26 de julho de 1880, sendo sepultado no dia seguinte, no cemitério da Boa Sentença. Seu nome jazia esquecido quando, em 1906, pelas colunas de um modesto periódico (o jornal do Comércio de Manaus) o paraibano Quintela Júnior publicou um artigo narrando que o inventor da máquina de escrever havia sido aquele provinciano. Foi uma revelação, apesar de conter poucos dados e esses mesmos repletos de erros quanto a fatos, nomes e datas. O artigo era desacompanhado de qualquer documentação. A notícia, porém, foi jubilosamente recebida por todo o Brasil. O artigo foi transcrito por vários jornais de todo o país. Do brado inicial por diante, várias vezes a imprensa passou a ocupar-se do inventor brasileiro e da sua máquina. 

Em 20 de agosto de 1912, Sílvio Romero escreveu nova carta, desta vez dirigida ao redator da Gazeta de Notícias: “Na Gazeta de hoje vejo que volta a tratar da invenção do Padre Azevedo, e noto que alguém contesta tal invenção. Venho dar-lhe o meu testemunho. Conheci o Padre Azevedo, durante os anos em que residi em Pernambuco, de 1868 a 1876. Falei com ele inúmeras vezes; vi a cansar a máquina de escrever, admiravelmente feita de madeira, capaz de reproduzir qualquer trecho falado ou escrito. Não sei se fez alguma outra para traçar elipses. Vi a máquina de escrever em casa do padre e vi-a exposta em público. O chamá-la taquigráfica não lhe tira o cunho de máquina de escrever. Vi-a funcionar, dando trechos de jornal para serem transcritos e ditando estrofes de poesias, ou trechos orais quaisquer. Isso afirmo eu, sob palavra de honra. Se o Padre deu o invento a algum estrangeiro para leva-lo aos Estados Unidos, ignoro.”

Fonte: http://www.geocities.com/acadletras/cap7joao.htm 
acesso em fevereiro de 2002
http://www.calendario.cnt.br/MAQUINAESCREVER.htm
 
acesso em janeiro de 2003
http://www.portaldascuriosidades.com/conteudo.php?cat=9&subcat=172&threadid=1893
 
acesso em julho de 2003
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