Uma pesquisa brasileira deve gerar uma patente internacional que irá pavimentar o uso consistente da própolis nacional pela indústria farmacêutica na produção de novos medicamentos. O trabalho, conduzido por Maria Cristina Marcucci Ribeiro, da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo), é resultado de uma década de trabalho com essa substância, originalmente fabricada pelas abelhas para proteger as larvas dentro da colméia. A própolis brasileira tem prestígio no mundo todo. Estudos feitos sobre sua composição já renderam diversas patentes a pesquisadores de outros países, em especial do Japão.
Para contra-atacar, Marcucci Ribeiro decidiu desenvolver um método para classificar a própolis, a partir de análises químicas, e com isso produzir patentes em favor do Brasil. “Já entramos com o pedido para a patente desse método no Inpi [Instituto Nacional da Propriedade Industrial], com extensão para Estados Unidos, Europa e Japão”, ela conta. Isso quer dizer que, para usar o método de classificação da própolis brasileira, qualquer empresa será obrigada a pagar pelos direitos de propriedade intelectual. O pedido de patente para o método foi apresentado pela Fapesp, que financiou os estudos de Marcucci Ribeiro, e pelo grupo de pesquisadores.
O método de classificação é importante para que a indústria garanta a qualidade da substância que está usando em medicamentos. “Esses padrões para as [indústrias] farmacêuticas costumam ser muito rigorosos”, afirma a pesquisadora da Uniban. Marcucci Ribeiro desenvolveu um meio de identificar os tipos de própolis obtidos no Brasil (três diferentes) a partir de marcadores químicos na substância -compostos detectados em laboratório que servem como “assinatura” de qual tipo está sendo analisado. O potencial da própolis como substância medicinal está sendo cada vez mais explorado pelos pesquisadores. Originalmente usado como um “antibiótico natural” pelas abelhas, não é de surpreender que ele ofereça resultados terapêuticos promissores.
Já foram constatadas propriedades anti-sépticas, cicatrizantes e antiinflamatórias, e alguns pesquisadores apostam no uso da substância em tratamentos de doenças ainda mais graves, como o câncer. O químico cubano José Quincoces também trabalha com própolis na Uniban, desenvolvendo um composto que apresentou até agora resultados similares aos de quimioterapia, mas com toxicidade muito menor, em experimentos com camundongos. Marcucci Ribeiro também já está desenvolvendo produtos tendo por base o trabalho sobre o método de classificação. O mais maduro deles é um produto para higiene bucal que se mostrou bastante eficaz no combate a cáries. Outra aplicação, ainda em estágio embrionário, consiste na criação de um medicamento que combina antibióticos tradicionais e própolis, obtendo maior eficácia em tratamento de infecções.
Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=10456
acesso em agosto de 2003
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